terça-feira, 19 de maio de 2009

Crónicas de Eduardo Alexandre Miranda Pinto

Os Nabos

Na Rua das Pereiras, um caminho de asfalto de brita, moram os Pereirinhas numa casa nossa que eles querem comprar, mas que nunca pagaram a renda que era de 2 dias de trabalho por mês nos Tapados ou 5 contos. Também moram pessoas novas que fizeram casas que nos roubaram tempo de sol ao nascer e ao fim do dia, tapando os rostos nas conversas da mesa de granito. Também lá passa a carreira da viúva de Meda, que serve as terras do demo, desde São João da Pesqueira até Sernancelhe.Eu tinha um cabeço, onde ia meditar, onde se via Escurquela bem, era meu, ficava horas lá em cima a contemplar em paz. Este cabeço era de um baldio, tinha outro que era mesmo nosso, onde também ia, ora para ver quem passa (escondido sob os enormes eucaliptos) ora para começar a caminhada até ao topo da Serra de Escurquela.Acontece que proposemos ao Presidente da Junta (Jacinto Ribeiro), que nos desse o meu cabeço em troca de X metros qudrados nos Campos, para as lavadeiras. Mas este cabeçudo ocupou o X, rebentou com o meu cabeço e pôs lá uma santa. Também o cabeço da mãe do Miguel (Murinho de apelido-professor de educação visual em Viseu-morava na casa da Bárbara), onde ela ia ler, outro cabeçudo, o Abílio nascido em Baldos e nosso caseiro há 20 anos rebentou com o dela. Esta gente não pode ver ninguém feliz.Mas eu ia falar de nabos: o primeiro nabo é a frase do meu pai: ‘ não tenho paciência para nabos!’ (quando conduz, diz sempre isso e ultrapassa logo os que puder); o segundo nabo é: sempre que alguém vai aos Tapados nos chatear é porque querem tirar nabos da púcara, sobretudo o Mariano que também mora na Rua das Pereiras e um dia estava eu a pintar o portão com uma prima da Bárbara e ele começou a ‘tirá-los’; o terceiro nabo é uma expressão idiomática inventada pelo meu pai: ‘estão a olhar para os nabais de Castainço’, quer dizer que estão pessoas estáticas a olhar para alguma coisa.



Rua dos Urrradores

Acordar com o astro-rei ao meio-dia é pecado, dizia o César Sanchez-Brunete. Este madrileno que me pagava o devido imposto poético revolucionário para despesas etéreas, que lia o ABC e bebia whisky com Coca-Cola, adepto do Atlético de Bilbau vivia aqui na rua general taborda. Completará creio que 42 anos próximo dia 8, ele que agora está no Brasil a trabalhar. Costumava-me dizer entre silêncios, ‘pues que en Cuenca se esta muy bien’ e continuava ‘ademas Benfica es una porcaria’. Eu dizia:’ te digo en sério César, Benfica es el mejor del mundo!’ e ele ‘ja ja’. Dei-lhe livros de poesia de Miguel Torga, ele deu-me de Camões. ‘Mira que guapa esta chica, las portuguesas são un espectáculo, más eu não cunsigo nada con elas, porqué Alex? ‘Hombre ademas son de Benfica, ja ja’. Viajava por Portugal inteiro, ganhava 800 contos por mês, trabalhava 18 horas por dia. Apresentava-se calvo, de bigode curto e óculos de onde saíam uns olhos pequeninos. Eu ia bater à sua janela e dizia-lhe ‘César anda ya vamos a tomar algo, ele, ja un minutito Aléss. Há aqui um sósia dele e como vejo mal ao longe agora, só a 5 metros de distância distingo os traços de um corpo, e sempre que vejo o sósia quando ele ainda cá estava ia direito a ele.Via melhor, mas era decerto por gostar de falar com ele, falávamos de tudo e acabava no típico humor madrileno.Contou-me que esteve preso em Marrocos, por desobediência ao serviço militar, algo assim. Sempre que vem me procura para tomarmos algo. Tenho saudades do César,de andar no seu coche, de uma vez contar moedas de um, dois e quinhentos, dez, vinte, cinquenta e cem escudos para trocar no banco, aquando da transição para o Euro, passei uma hora e meia a contar 3 ou 4 contos, com que depois me deu por inteiro. Agora tenho um amigo novo que é o Paulino, não me paga imposto, mas como dizia António Aleixo, a propósito da vida:’ Não tenho vistas largas/nem grande sabedoria/mas dão-me as horas amargas/lições de filosofia’, com Paulino tudo é mais Cabo-Verde, as mornas a sua ilha de São Nicolau onde nasceu, a sua harmónica com que anda na mão, o seu fabuloso disco de guitarra acústica. Um dia vi-o a comprar um espanador para limpar o pó, outro andava com uma bengala fazer malabarismos. Anda sempre com um chapéu que comprou na Holanda, onde há uma grande comunidade cabo-verdiana, tocou com com o Caetano Veloso na Ex(pó)-98, na Exposição Mundial de Sevilha recusou-se a tocar pois trataram mal o seu ’staff’, como se recusou a tocar no Canal Plus por razões idênticas, para desepero do seu manager. Aos 8 anos corrigia os seus professores de música. São os meus amigos na minha rua. As amigas levos-as à paragem do autocarro, ouço-lhes os desabafos da inconstância da vida e bebemos um cafézito de quando em quando, onde a Raquel é a raínha das mesas e de umas pastilhas super sónicas que me deu, que lhe disse,Raquel, já não aguento mais, ela, tira esse papel Dodot (não te rias Alex) e embrulha lá. Saudades da Filipa corpo de carta que diz que o meu pensamento é poesia em ponto de rebuçado. A Alexandra sempre bela e elegante de quando em quando vamos estacionar o carro que demora meia-hora mais ou menos. A Ana Luísa é comprometida e foi a San Francisco onde disse-me que os hippies dos 60’s são rabujentos.A Ana Bacelar costumava ir às Berlengas, ela que é bióloga, mas o último trabalho que soube dela era numa pensão.A Patrícia chega ou está já hoje em Lisboa, entre a faculdade e as rodagens de um filme.Esta tarde vou ler o Malhadinhas e entram os A-Ah em Take On Me….



Glória Celeste

O João Guerra, disse-me para explicar tudo, como As crianças, vou tentar…Conheci a Gloria, no Jardim de Sao Pedro de Alcantara. Sentei-me a seu lado, depois de lhe perguntar se o podia fazer. Ela tinha saias compridas coloridas e cabelos longos e claros. Rosto e pele limpos.Falamos duas horas, depois ela convidou-em a ir a casa dela, na Rua da Alegria (a uns metros do Hot Club).Morava num imenso e doloroso 5º andar.Por debaixo de si, habitava na altura o Ramos Horta. As traseiras davam para o Jardim Botanico. Fiz amor com ela, depois de estarmos a empatar os dois muito tempo, cada um com a sua timidez. Era a primeira vez que o fazia, depois do meu grande amor.Bem, de dia fomos procurar lugares com acustica, para ela cantar. No Rossio, ela pega no meu braço e enlaça o dela ao meu.Soube bem. Levei-a A estaçao, pois ela ia ter com a mae ao Cacem.Eu nao tinha dinheiro, mas fui. Entra o pica e eu digo-lhe que vim acompanhar a minha estrela, que saia ja a seguir. Ela ajudou, nos seus modos angelicos e sai em Campolide, sem multa. A coisa continuou, agora com longas conversas, ora no jardim, a casa dela ou nos telefonemas As 2 da manha pela noite dentro, sobre espiritualidade. O pai, tinha uma barbearia, mesmo em frente A casa dela.Um dia entro e Gloria chorava. Que foi? O meu pai, Alex, ele acha que sou uma puta!Consolei-a e ela recompos-se. Ela tinha escrito na parede do quarto, algumas frases do genero:vou fazer isto, vou fazer aquilo, vou ser assim,vou ser assado. As conversas faziam-nos bem. Mas um dia achei, que ela era demasiado limpa.Por exemplo, na manha, em que chorou, vestia uma camisa de noite muito branca e era uma jovem muito doce e acessivel. Nao sei ainda hoje, o que me passou pela cabeça, mas dei a entender, que nao queria continuar o envolvimento.Ela, julgou que eu era homossexual e apresentou-me um gajo de barbas, ex colega da faculdade. Depois E claro, arrependi-me e descobri que ja era tarde demais. Anos depois, partiu para Londres, para trabalhar numa empresa petrolifera. A casa, alugou A praga dos estudantes do Erasmus. Disse que como a casa nao era dela e o pai dizia aquelas coisas, decidiu ganhar dinheiro, para uma casa mesmo dela. Cada vez que ligo para a Rua da Alegria, vem uma espanhola ou italiana, a dizer que nao fala portugues e que nao sabe nada dela.Vou ao barbeiro?Espero que esteja perceptivel, a historia da Gloria, Celeste de apelido.





Os Tapados

Dos vários alfobres que tínhamos nos Tapados, eu gostava de um junto ao portão, que estava ladeado de pedras e caía-me bem. Há muitos tanques de todos os tamanhos, água é que não há muita. O meu pai ensinou-me a podar oliveiras e costumávamos regá-las a baldes, porque elas mereciam. Eu cada vez que ia ao tanque maior, onde há uma laje enorme onde se desfolha o milho, tinha medo das abelhas e das libelinhas. Ia lá para encher o cântaro de água, com uma calha que o meu pai guardava em casa, que é dourada na cor. O meu quarto tinha uma cama de madeira, uma mesinha de cabeceira e um móvel de madeira. Antes de me deitar matava as aranhas com cabeça de alfinete e pernas longas, pois tinha medo que me entrassem na boca ao dormir. No tempo da Lurdes moleira e do filho Manel moleiro, gostava de ouvi-los falar, dava gosto, mesmo que eles fossem ruins. Tinham os Tapados a terças, um terreno pequeno deles e o cagadouro do Zeca, o cabeça torta, que fica no meio dos Tapados e chamamos cagadouro, porque ele nunca nos quis vender e empata-nos a privacidade. Cabeça torta, pela maneira como colocava a cabeça quando conduzia o tractor e nós dizíamos para ele ir abanar o capacete para a endireitar.Depois veio o Abílio o actual caseiro, com 3 filhas mais a mulher. Eu a príncipio gostava de uma, a Paula.Era loura e foi Miss Sátão, ela era simpática e usava vestes simples, mas sedutoras. Uma vez a Sónia, a irmã fez uma cena de ciúmes, no tanque quando fui certa manhã buscar água, que me assustei.O mais bonito era o céu estrelado,nunca tinha visto tantas estrelas! Passava horas com o meu pai a olhá-las, no sereno como ele dizia. Eu desaparecia muitas vezes, pois não dava conta do tempo e andava a vasculhar sózinho um pouco de tudo nos Tapados, até que o ouvia chamar e dizia estou aqui!. Estava em cima de uma cerejeira a pensar, devo ter lá ficado umas duas horas. Como eu gostava das férias grandes, dos meus Tapados e do Opel Kadett do meu pai, o carro mais corajoso de todos. O meu pai conduzia muito bem, eu sentia-me seguro e quando iamos a Moimenta pedia-lhe para parar na Barragem do Vilar, que eu adorava pela imponência das águas do Rio Távora. E o cabeço de San Tiago ali perto, era a atracção local. Que saudades de ser criança, de ser menino.Lembro de estar a jogar à parede com uma bola, sozinho horas a fio, na parede do lagar. Quando na volta de Escurquela via os primeiros prédios ao chegar a Lisboa,começava a cantar de alegria. Hoje sei, que não tenho um lugar estável, nem a minha mãe e nem o meu pai



Ontem, como diria a saudade

Enquanto lia algumas fanzines empoleirado na amendoeira junto à estrada, a Paula pergunta onde está o Alex. Olha está ali em cima!
Lembro de estar sentado a olhar o portão e ouvi umas vozes de pessoas, eu estava na sala de trabalho com a porta aberta, levantei-me e vi uma bela moça loura em volta de espigas de milho na laje junto ao tanque. Estava com vestes simples e mais tarde, numa das vésperas de regressar a Lisboa, beijámo-nos no rosto e senti seu perfume e fui a correr a chorar para o meu quarto. Uma outra ocasião, num parque de campismo no Algarve, tinha-me enamorado da figura de uma moça. A família tinha televisão e muita gente à noite ia até lá para ver a novela, incluindo eu, para depois numa outra véspera me ter sucedido o mesmo, indo a correr para a minha tenda chorar.
Um dos enigmas da minha vida, o de querer desde muito cedo amar foi marcado pela figura brilhante da Bárbara. Tudo o que eu queria estava ali, no fim do mundo, ela queria-me e eu num dos mistérios que em mim desconheço, vou para o quarto e sem saber que fazer com o deslumbre, faço um plano e no dia seguinte venho para Lisboa à boleia com a minha viola, uma camisola e um livro. Escusei-me de amar um a jovem mulher e a mais bela que vi até hoje.
Há uma planta chamada Bolsa-de-Pastor e se no Liceu a musa Laura a qual dediquei o meu primeiro poema enrolado num papel e com uma flor que fui buscar ao Parque e depois lhe diria que queria ser pastor. Nesse espírito de idílio rústico, tinha tudo preparado em mente para amar, mas no fim do mundo, nunca esperaria encontrar aquele elixir de nobre beleza. Foi assim que iniciei a recusar o que seria melhor para mim, lutando contra miríades de intensas dores, para me superar. Creio ser essa a explicação.

Assuntos da Terra e do Céu, ditos por religiosos

Em 1997, depois de regressar de Aveiro, fiquei em Coimbra sem um tusto. Encostei-me a uma porta, para me proteger da chuva e eis que passados uns minutos, me abrem a porta e me convidam a entrar e dão-me um quarto com cama e roupa lavada. Quando acordei, os rapazes ainda dormiam e fui em direcção à igreja mais próxima, pedir dinheiro ao padre, para regressar à minha cidade natal. Lá assisti à missa e no fim dirijo-me ao padre e digo-lhe que precisava de dinheiro para comprar um bilhete de comboio, ao que ele diz: ‘Meu filho assuntos da terra, não é comigo, eu só trato de assuntos do céu… Fiquei mais que esclarecido e sigo em direcção à polícia local, onde sou bem recebido e me resolvem o problema em 10 minutos. Uma mulher e um homem polícia, escoltam-me até Coimbra A, onde me compram o bilhete de comboio inter-regional.Hoje fui fazer dois recados SOS, um à Rua 10, onde a senhora me deu 2 euros e o outro a um lar de freiras, onde depois de entregar o medicamento, pergunto se me davam alguma coisinha. A freira disse, com os olhos fechados, que ‘aqui não damos dinheiro, só recebemos…



O meu pessegueiro

Tinha um pessegueiro, que dum caroço e com o meu sachinho, o fiz nascer. Sachei pouco fundo e assim as raízes eram frágeis. Todos os Agostos seguintes, ia ver o meu pessegueiro, como era bonito a meus olhos vê-lo crescer. Estava não muito longe de uma oliveira grande e ao lado das escadas que davam para a laje grande, onde se desfolhava o milho e depois havia o tanque. O tanque das libelinhas ou helicópteros, abelhas e dos que seriam girinos e têm um nome que recorda minha cabeça agora. Também havia cobras no tanque, que tinha uma parte inclinada por cima do pequeno muro em altura para lavar a roupa. Nesses anos da Lurdes e do filho Manel moleiros (o meu pai diz que um dia a barragem do Vilar rebentou e levou tudo à frente, incluindo o moinho deles) havia então no tanque um copo de iogurte para se beber água fresca. O Manel moleiro tinha outro na adega, onde a minha bisavó guardava as suas famosas cavacas. Nunca chamei a parte de baixo da casa de adega, é só porque tinha duas pipas grandes e ainda uma balança para se fazerem as contas do que a terra dava e muitas enxadas, pás, engaços, foices, um pulverizador, um atomizador, essas coisas. Os Tapados ainda viviam bem. Os moleiros tinham a quinta a terças e houve um dia que compraram uma burra para arar. E ruins como eram, passaram por cima do meu pessegueiro, que já dava frutos pequeninos. O meu pessegueiro deixou de existir e nos Tapados nunca mais plantei nada ( a minha cabeça não se recorda, mas acha que não). O sachinho está na casa amarela e já não o vejo há 6 Agostos. Tenho estado em Lisboa, a lembrar de coisas que a cabeça lembra. Verões felizes nos Tapados, naquele silêncio de paz e como dizer, era feliz em silêncio. Hoje as raízes cá dentro pesam. E o meu pai deve estar a chegar, eu que nunca passei muito tempo com ele ao longo da vida. Mas foi pelo silêncio, que eu aprendi muitas coisas com ele, é o silêncio meu modo de perceber a outra pessoa de um outro mundo



Memória da passagem de Marie Soula por Lisboa

Chovia quando esperava Marie num espaço contíguo ao Museu de Arte Antiga, ela veio de bata branca e uma espátula acastanhada. Entretanto a luz vai abaixo e nós abalamos a pé até à Calçada da Pampulha, ela bebe uma cerveja, eu um galão morno.
Também estivemos no Alto do Parque, ela de mini-saia estendida na relva, bela restauradora de santas.
Comprou um livro com o cartão de crédito do padrasto, que era do director do Canal Plus, onde o Paulino recusou tocar. Depois vieram duas amigas parisienses, a Nadège e a Vérô. Comi lá em casa da Marie e depois fomos ao bairro, eu cantei com a Vérô o ‘Guns of Brixton’ dos Clash, coisa que nunca o fizera jamais em Lisboa com quem quer que fosse.
Eu e Marie atravessámos o Tejo de cacilheiro, foi belo olhar-lhe, nuns olhos melancólicos castanhos, tão bela parisiense. Depois sentámo-nos numa esplanada e foi a nossa melhor conversa aí, ela à cerveja, eu estava no café a ver o público. Foi uma passagem melancólica, a de Marie Soula, por Lisboa. A ela e escrito na Rua da Barroca:

Pour les pluies rêvées
chaque trésor se lave
et sur le fleuve aimé
j’écoute ceux qui savent
c’est le désir ici même
et sur leurs plages
tu changes la haine
comme en nous les nuages

Longe do berço

Um passeio pelo estio do dia e a meu lado, sorria a bela jovem, que do banco de jardim, ultimava a saia, para receber meu rosto, acolhendo-o em seu regaço. Longe do berço, onde sonhava com isto, estou perto de um lugar chamado ‘Lá Diante’, que junto com os do Lugar da Coutada, fazíamos jogos de futebol, pelas aldeias vizinhas a Lordelo e sempre vencedores. O meu melhor jogo de futebol, a guarda-redes foi o único em que fui realmente bom e desinibido no liceu Maria Amália, fui o herói do jogo ao defender tudo que havia de remates de bons e experientes jogadores e mais velhos que eu. Aclamado no final, dado a minha singularidade enquanto seduzia o mundo à civil, digamos. Agora, igualmente longe da minha cidade natal, tenho um jogo, chamado textura mental, que se bem despoletado, consigo ser e estar muito presente em lições de filosofia do pensamento, meu espaço de eleição favorito à mente. E recordo quando o Paulo ‘chinês’, nos trouxe ao Pedregal, conduzindo muito cauteloso e no dia seguinte acordando na cama ao lado do meu primo Gabriel, lhe dei uma aula espontânea sobre paciência, antes de haver lugar para ir tomar banho, pois éramos muitos na casa da La Fiera, my dear aunt e do Tio Carlos, a pouca distância de duas moças, a da frente de cabelo selvagem e mais à direita a da Xandra.
Lembro que ao Domingo, toda a gente vestia a melhor roupa, ia à missa e depois comia-se bem, à tarde brincava-se aos artistas, que era o actor principal de um filme, como ao ferro, às cartas, ao tau, às caricas, aos matrecos (eu ia ao porta-moedas da minha mãe buscar moedas de 2 e quinhentos e dava para 5 jogos de 10 bolas), os meus amigos ‘funs’ (que era o ranho a escorrer do nariz), ficavam contentes e para mais recordar, lembro de encontrar um deles, o Quim, na ponte sobre o Corgo, já estabelecido como barbeiro no Porto e de uma ocasião comigo, completamente sozinho no Jardim da Carreira, à beira Corgo, a ler o jornal, em bancos de madeira vermelhos… Antes punha no prato do gira-discos, os Love and Rockets, bem alto, em que diziam: ‘It’s all in my mind, so don’t be unkind…’



Querida prima Bárbara Ferreira

Amor, oxalá venhas como dantes, quando abriste o portão e eu tocava viola, foste o meu primeiro amor, querida prima Bárbara. Olha para ti, és bela, nunca te vou esquecer, mesmo de zimbório em zimbório, a glória da tua memória meu amor, será sempre a minha pele de lua, quando decidi entrar nas palavras e Lisboa distava…. Como está o Miguel Murinho? Gostava dele, era um rapaz castiço e afável. Sabes que escrevi sobre ti, prima? Sobre ele, nós, lá em Escurquela, naquele verão de 1988. Sei da minha verdade, sou inconstante desde que nos olhámos e nos amámos assim, minha flor ártica de Aveiro, onde te procurei em 1997. Soube da tua doença, dos teus amores póstumos. Eu também os tive, é claro. Mas é a memória de tanto pensar que talvez faça reviver teus olhos negros, a tua saia, o teu belo cabelo… Como te amo querida prima Bárbara!
Os teus Linhares, os Tapados, vai ver o que escrevi! Beijos do primo Alex!



Solveig Dommartin

Ao ir na deixa que o cabelo apresenta à montra e ela dá conta do recado, numa forma de retrato que se afigura muito bem desenhado em suster o que a procriação da sombra produz num transeunte alheio por escolha pessoal. Quem o escolta é elemento da decisão, organizado com observações e pressas de se enlaçar em estados montanhosos, onde se respira melhor, o que uma mulher como Solveig Dommartin, me proporcionou durante muitos anos. Vi-te e revi-te ao som do tema ‘The Carny’…e tu dizias la peur, la peur… E estavas tão bem no trapézio e na tua roulotte, preparavas o último dia do circo Alekan, depois encontraste o Lu Tenent Colombo e sorridente disseste, ‘ I know nothing…’. Durante anos estiveste colada em fotografia na parede aqui onde estou agora. Deixa estar, Solveig, eu hoje estarei por ti, com tudo o que me deste em sonho para uma vida. Obrigado Solveig por me dares a conhecer tua beleza nos céus de Berlim. Tenho aqui o filme, nas tuas asas do desejo e muito mais que todo o culto do amor e poesia. Há de chegar a minha hora e depois, bem depois é dormir tudo, colado ao silêncio das imensas noites de aqui estar….



O trunfo é copas

Em cada desaparecimento nocturno, o regalo sincopado que nutria pelo sono era uma procura em poder sair um pouco e alegrar-me no convívio. Mas já cedo, ainda coberto de imagens e de um cansaço nas pernas, levantava-me dorido no músculo que faz caminhadas e preparava um duche, para voltar ao trabalho de pensar.
Depois de temperar a consciência com um café, dirijo-me de novo a casa e aumentam os níveis de lucidez, que ora de si se esquece, como se recorda e dando à manivela repetidas vezes durante o dia, encontrando trilhos diversos, que são eles o meu pão.
Tudo se acossava de nenhures, vivia-se sem margens nem leito, esvaziara-se a verve e tudo que ronda a evolução da espécie. Isto acontecera dado à acumulação, não de ingenuidade, mas de um colossal surto de gigantismo do capital financeiro do ego de carteira e o outro, o do ego autónomo racional e sentimental da alma, andava sem abrigo.
O apelo demagógico, que não são cabelos dourados, antes vozes decepadas, sem chegarem à realidade do mistério de um amor feliz. É por isso que foco o elementar, a necessidade conselheira de afastar a fúria atroz da futilidade e conceber o brilho em mãos que se entrecruzam. Posso lembrar várias almas, que embalei pela alegria como pela seriedade e que agora pouco mais fazem que malhar nas circunstâncias sem prodígio da normalidade. Antes e depois, eu sempre procurei mais, um pouco por todo o lado, quer num local de pessoas, num disco, numa montra esquecida, numa estrada, num comboio, no meu pensamento ou numa guitarra.
Mais conseguidas no coagular das questões, que se chegam em bicos de pés, desde as memoráveis às trágicas. As feições do rosto em exame de consciência, exalam por si só, um sabor espiritual que o paladar do beijo sabe identificar. E daí a saber o que se pode tragar de forma húmida, assim que caímos sem vertigem e pensamos como a adrenalina perpetua a acção mesmo que calgue a contratempo, como um conta-gotas sem medida. Por termos acumulado esguios e esquivos crescimentos do centro que detona a vivência e a torna mascável.
Posta a paz, uma aposta que jaz. Quem a antecedeu? O que pode servir o dia seguinte em despojos do céu, no retalho que se estende após a breve fala de um ouvinte.
A mão emitindo gestos que sinalizam o resguardo mãos próximo deste escutar. Depois e de forma cândida, as línguas conversam amenamente, quando se estabelecem os subliminares do sono, se o quisermos agora. Podemos guardar sono para outra hora e temperar os ritmos que a energia prontifica, logo que haja uma decisão ciente disso e tornando calor onde havia frio. Tepidamente sereno.
Num episódio recente, onde depois de uma explicação complexa, o homem a quem a enunciava, teve um forte ataque de dores de cabeça, começando a correr, fugindo.
Menos actual mas presente, uma rapariga na Feira da Ladra, a que achei bonita, ofereci uma dúzia de castanhas, era a Vox e ela disse que eu era muito simpático, coisa que nunca mais me disseram. Não há mais raparigas bonitas… Amores houveram, mas a peleja estava sempre no meu pensamento e ruminando nisto, tenho de recuperar os dias em que eu era querido. Os contornos pouco cívicos da mentalidade portuguesa, evitando sempre a consciência activa como a responsabilidade de cumprir a liberdade, levaram-me a querer estar longe desta verdade. E voltando à João XXI, saindo do Areeiro e entrando pela direita, logo ali num canto, havia um senhor com pilhas de livros do Walt Disney e de Cowboys. Uma vez esse senhor disse no meio do mutismo da multidão da paragem do autocarro e da sua multidão: ‘ Se tivesse uma mulher que me amasse!’, eu achei extraordinário o desabafo público. Onde anda senhor dos livros? Não é certamente a rapariga que pegou noutra para lhe mostrar os meus dentes perfeitos, quem procuro.

Rebolando o meu apreço por paciente precisão das horas abstractas em que rejo um território definido pela imaterialidade nada dengosa, do vácuo.
E por posse deste cargo, acerco-me mais tarde, depois destas demoras, em surtos concretos, que na realidade me parecem inconsequentes, para dizer que o meu país é o céu…

As feições dos meus tesouros

Desenvolto no acto sonhado que em crescendo anota paisagens um tudo nada paradisíacas, nos tesouros que guardo dia a dia e ao longo de cada milésimo de pensamento entregue ao espaço, que ocupo sem posse dele. E por si só, uma achega a quem recebe e sorri, passando a mão ao de leve pelo meu corpo. Corpo dador.
As ruas de feições tortuosas tornam-se estranhas e eu pela calada e pelos calafrios, esfrego as mãos de contente (após ajeitar o olhar) e o açucaradamente deixo que se preencham as vidas livres do colectivo humano, sabendo das posses de cada um ao espaço…
Por outras paragens, o livro que respira por si, tem um pacto de sangue com a realidade, para que se concretizem os ideais do pensamento lá em cima, pensando cá em baixo.
Os lábios correm na leitura e no caminho da alegria, há um trabalho de rua, daí eu usar um foco de graduação pacífica, apenas notada pelos semelhantes na ânsia de querer quebrar com o predestinado. Não pare agora, vou embalado…



Bárbara

Purificar a textura do elmo, quando o guerreiro no seu promontório contemplativo, executa a posição mas elevada ao grau de beleza da sua amada. Deve estar dentro do desenho e de si, um olhar estratega como sereno. O que mais lhe agrada, é a preparação para o combate, quando em funções. A fortaleza de repouso do seu mundo, permite-lhe auscultar outros desenhos, num mesmo. Folheando o desejo, a amada nunca o reconhceu, pois são muitas as histórias e em qual delas, está o nosso guerreiro?
Voltemos intactos da subida e trace-se um segmento rectilíneo na acústica do corpo. Uma saia, a saia da amada é negra, o posto avançado entra por entre o bosque, para que entrem os cantos das aves, saia um aroma de verdura, ali numa pequena clareira.
Estão os dois sobrepostos da incansável solidão do nervo e olham-se para sempre, numa única vez…
Foi assim que conheci a Bárbara…



Fogo hostil no Ultramar

A voz que repele a realidade social e se apresenta como condimento solitário, mas fértil de uma voz interior, que no apelo à riqueza da vida, leva sua energia mundo fora, para uma melodia eclodir do coração à mente e se direccionar para um sangue novo, na razão activa de ser e estar apto para entender o ortónimo de quem deixa a sabedoria latente a todos, mesmo que os dias estejam separados das pessoas que amo. E assim todos os tributos, todos os afectos, agem com a segurança de uma vida dedicada aos outros. As minhas inquietações advém de um autismo de cidade, onde não falo com ninguém e antes no meu olhar fixo e profundo, entendia que era este o caminho, tal como agora. E a caminho da intensidade, acompanho satisfeito a ignorância internacional, por ser um céu de excepção, onde o meu território seduz ou se torna enigmático, No entanto, os meus direitos na hegemonia trágica à multidão, são também humildes, assim que deixo entrar toda a gente na memória e no louvor do tempo e estamos todos presentes para actos de crivo humano.



A mímica reverenciada

A humidade dormitava no sereno cativeiro de mulher sob suspeita de se insurgir. O realismo da praça a esta hora convém à luz, que sugere caminhos às passadas. Lá na cama de mulher, uma surdez ao mundo, pensada como verídica. Engano de tempo.A têmpora jazia calma. Queria eu engajar os ossos na toalha até que o espaço fosse pedaço de corpo fotografado por ela. Os olhos eram feitos deste modo, feitos de corpo húmido. Só a lágrima se podia demarcar, fazendo amizades com o suór. Isto era lido, num carro entre cidade, entre a rádio fm e o poleiro que o carro a ostentava então, como figura que engendra cenários de luz e brilho.
Rabo macio na penumbra do quarto, estava ao léu de si, mostrando-se cada vez mais branco, curvando como queria e eu soletrava mimos à boca em mímica, para ela ao rosto. Chegando-se, corrigindo vagarosamente o querer pelo lençol, ia revolvendo este nadar sustido, sobrando pólen para o beijo pacífico. Estar contente cererbralmente, se lhe dissesse que me deu ao pensar, este aroma assim pendurado no foco da visão. A condução do contraste, mantinha-se visível entre ambos, em espelho quente, em algo bom. Às vezes o sorriso era seguido mansinho, o toque fiel dos dedos, a dicção como contemplação entreaberta do fim de tarde. E eu quero as cabeças juntas como que perdidas no palpitar dos reflexos da fala interior. Dava-te um corte de cabelo, uma alcôva de cerejas bem vermelhas e alisávamos o horizonte. Fomos largos no que dissémos, o céu não mente ao crucifixo no centro da testa, a juventude tão inquieta como o alvoroço de um fogo de floresta. Estamos a ouvir o que diz o espantalho, agora membro solicitado de alerta do tempo: ‘da próxima vez, haverá outra vez, para onde ir segurar a cabeça no colo dela, junto ao rio?’ Mas a terra sendo negra, abre o medo à luz. É este o desígnio que fez pender a melancolia que revejo numa noite de Abril. Céus de Abril, pois.
Não movas a tua vida por passeios respeitáveis, sê bélica comigo hoje. Escuta a tarola, vem, estás segura para duvidar. O guarda-chuva abriga-nos como irmãos que espreitam a alma reverenciada.



Dedicado ao Zig

Ela teve 16 valores direitos, eu tive 16 valores traduzidos.
Ontem pela noite choveu de novo na minha lágrima de chorar. Foi pelo Zig, um cão corajoso que guardava os Tapados. De 1971 a 1975 não me lembro de nada, só por fotos. Em 1976 falece minha bisavó, Maria do Nascimento Ferreira. Eu ia no carro branco do meu pai, atrás de uma ambulância mercedes baixa e lembro de ter estado na igreja de Escurquela, mas do funeral não me recordo. De 1977 a 1988, passei lá todos os Agostos. Tenho um portfólio dos Tapados, que alguém me sorripiou. Fi-lo eu, às fotos, incluindo a casa, a serra, um panhal, o cabanal, a mata, etc etc etc. Uma vez, um homem ia a abrir o portão vermelho e o Zig quase o matava, enquanto que a nós, só nos vendo uma vez por ano, abríamos o portão, meu pai seguia com o carro até junto de uma parra sobranceira à casa (pela sombra) e eu ficava a fechar o portão. E o Zig recebíamo-nos sempre lealmente. Fazia perseguições diabólicas a gatos, por cima da quintã dos porcos. Na quintã havia um casco, semelhante a um capacete, que eu pegava para ir buscar água fresca ao tanque, para o Zig se refrescar do calor. Do meu dinheiro, levava-lhe carcaças e ele comia-as com gosto e meu pai dizia Bosch. Ele Zig muito sério, olhava-nos e depois ia à sua vida. Morreu atropelado, soube com tristeza num desses Agostos.



Dedicado ao Senhor Lee

Ali à Calçada da Pampulha, na Rua das Janelas Verdes, corria o ano de 1996, encontrei um amigo, de nome Lee. Tinha um restaurante, que ao primeiro olhar, parecia uma tasca. Era um restaurante chinês, entre muitos outros estabelecimentos que vasculhava, na altura em que trabalhei numa loja de conveniência. O Senhor Lee tomava conta das mesas e a esposa cozinhava. Ficava perto de um posto da GNR, muitos soldados iam lá, assim como alguns casalitos enamorados. Eu tornei-me cliente habitual, como amigo pessoal do Senhor Lee. Gostava de falar com ele, do seu passado, do seu filho, de ler o Correio da Manhã, com uma coca-cola, enquanto esperava o meu prato, nos meus 45 minutos de refeição. Mais tarde levei lá a minha mãe e um amigo dela e o meu amigo, fazia um preço muito baixo, para três pessoas e ainda me guardava a maior fatia de bolo de bolacha. Um dia estava no largo do Cais do Sodré e pontapeava uma lata, o Senhor Lee, ia dentro de um autocarro e acenou-me com simpatia. Na refeição seguinte, disse-me: ‘Alexandre, que alegria estava naquele dia!’ Muito depois a esposa adoeceu e ele teve de fechar o restaurante. Era um homem bom. Voltei lá a perguntar por ele, mas ninguém sabia do casalito. Obrigado Senhor Lee.



O Senhor Delfim e a Dona Rosalina

O Senhor Delfim, foi pasteleiro na Baixa. A Dona Rosalina, trabalhava para a senhoria deste prédio. Eram os porteiros. O senhor Delfim quando eu era criança levava-me à estação de Campolide ou ao Parque, apanhar pinhões em frente ao Pavilhão dos Desportos. Sempre que eu fazia anos, ele tinha sempre uma iguaria feita por ele, para mim, era um homem digno e simples. Recebia 30 contos de reforma, dava-me 100 escudos de cada vez que o Benfica ganhasse, era dos lados de Viseu. Morreu com 94 anos, há 2 anos. A dona Rosalina, era igualmente muito simples e humilde, sempre carinhosa comigo durante 33 anos e ele e ela, quando eu e meus pais vínhamos de Escurquela com o carro cheio de fruta, batatas, azeite entre outras coisas, ajudavam-nos a levar os pesos para cima. O ano passado a dona Rosalina, não abria a porta fazia já algum tempo e enquanto a minha mãe foi à Costa buscar a chave, eu tive a ideia de ir pelas traseiras e quando cheguei ao quintal espreitei pela janela, ouvi-a a voz da viuva, mas não a via, saltei então e estava no chão a falar sozinha. Chamei o 112 e fui a correr para o Curry Cabral, visto que me não me deixaram ir com ela na ambulância. Depois de muitas morosidades, as últimas palavras dela, numa cama desse hospital com um diagnóstico de hemorragia cerebral, foram: ‘Dona Rosalina sou eu, o Alex!’ ‘O Aleque, ah esse é um malandro!’. Está entregue a aos filhos e netos que lhe levaram tudo de casa, e mal nos falaram a mim e à minha mãe e ainda a minha amiga espanhola Cristina que abriu algumas portas nos hospitais. Vive, mas já não mora aqui, nem um nem outro. Não tenho mais o carinho deles, estão na memória do sentimento.



O fervor avulso

Um estar sem deserção, mensurável às pequenas coisas que há para brincar, quando isso é soma de tempo a afectos. Agora e desde que a chuva folheia os telhados, ainda imerso e inexacto a enfileirar-me no dia, o meu corpo exibe sinais que apagam explicações escritas em quadro de ardósia. Os movimentos do meu busto, subtraem em sorriso generoso, a fala do dia de hoje para um lado onde a cabeça dói e apetece roer cerejas empoleirado numa árvore e deixar os longos sonhos da noite passada.
Metro e meio de horizontes dado o sono, metro e meio na ponta da língua, que gosta de abrir o chapéu de chuva a Isabel, que anda melhor, mesmo que lhe paire sempre um desgaste de tanto auto-consumo por tanto querer sorrir onde há água fresca, para os lados onde as braçadas são a delícia do veto ao alimento e eu ainda na árvore, assobio-lhe e vem ela a correr, mesmo que não seja seu fervor, ela vem sempre. Talvez por a cereja ser avulsa, como a memória.



A Bailarina do Vesúvio

Um certo paladar sonoro, tique-taqueando para uma expressão guarnecida a relações exclusivas, era o guarda-fatos de um posto de gasolina. O remetente nada calvo, oriundo de seu passo, tinha uma voz telegráfica e seguia os sons com os braços a métrica nocturna. Parado e colocando uma bailarina em ponto pequeno junto de si, ela altiva, dançava, assim adiante ao broar distante e lhe centrava a memória mais perto da vitrine para o mundo. Os ricochetes espadaúdos, que reflectiam o mastim do néon, deviam à hora do leito automóvel, o roncar desperto de um corpo pesado. Afigurava-se a pompa de Vesúvio, na circunstância outra miniatura que dispunha.
Fluindo ao cabimento de se ter sem finjimento, tomava-se para fora da vitrine e girando, volvendo a metros do seu sagrado coração, via melhor os pedaços de céu e pensava em salinas, ao mascar tabaco, logo que um veículo aparecia e de igual modo iluminando também a distracção desse seu mundo de aço, essência e vontade de estar, para existir em semelhança e em contraste ao branco e ao negro.



Quando o gerúndio se escapa

Qual das ideias se cruza no antebraço, consagrando um linear vinque tão sólido quando a descoberto, se este poro segura a incerteza dos elementos, que viajam muitas vezes e com esta conta a assumir o comando da partida como o de chegada.
Sem o temor que me dispõe em cruzada, mas ausente da variedade de protagonismo, que dispunha, tenho a esta hora de Domingo, um sol simpático por sobre a janela deste quarto.
A dificuldade em acertar a coerência, por entre seu tempo, reside na condição de liberdade em relax de impulso contributivo ao passo a dar, caso contrário, abandona-se a actividade de decisão e adia-se a inspiração.
Quando o gerúndio se escapa, qualquer contacto córneo, tende a ultimatar o traço na sílaba, sem que haja mais amor por isso. Assim me amparo com o retalho que desemboca, na boca depois do trilho assinalado.
Encontrar de novo o fluído de intensidade máxima, como antes, na altura da inocência em que não queria crescer e ainda hoje, a minha idade é uma estranha, esse corpo tenro que lembro pela sensação.
Que nesta era portuguesa, que não desobedece da sua fraca fibra moral e o que se passa no cortelho, onde fuçam os porcos, é um cheiro de náusea, que o vagabundo da verdade, o pensa do outro lado do sentir, onde também há folhas e carvalhos e o melhor livro, é o que deixa respirar, assim que a veia se solta, para falar primitivamente sobre a orientação do amor. A farsa portuguesa é abrangente e menor a quem sabe que a maioridade se atinge, quando corre sangue e o espelho continua a gracejar com o culto da alienção, não fosse parente da cara e da coroa.



O Alfredo de Escurquela

O Alfredo da cabra, com quem passeava em Escurquela, era um rapaz pequeno e de cara redonda. Sabia cavar muito bem, dormia com o Abilio, nosso caseiro, quando este ia para a serra com o gado. Gostava de andar na minha bicicleta e andar pelos campos, com um fino caule de centeio entre dentes.
Um dia passou um camiao grande, parou e o homem falou connosco. Nos demos-lhe pessegos, de uma arvore ali no Soito, junto A estrada. Ele cavaqueou comigo e com Alfredo e foi embora mais tarde, muito surpreso, por ter sido bem recebido.Mas o melhor que se podia fazer em Escurquela, era descer os enormes penedos, com um cartao e deixar-se ir a toda a velocidade. Nem todos tinham coragem.
Ele cresceu, agora lava carros, casou e da ultima vez que o vi, ia com um sacho As costas, pela estrada fora…



Um anjo em cio que sabe quem é quem

Abotoando o alfabeto mistério que se empenha na polida hesitação do amor e sabendo ter quem pelo sonho sonhar, num oxalá de prazer em sequela de tacto para que seu séquito se organize em prol das confluências lavadas de limpo. A frescura urbana no meu activismo entre a parca inteligência portuguesa, denota para aqui, um olhar irritado por ter como língua entre os que a falam, a falta de mérito no meu anjo em cio, que sou eu.
Da aprendizagem da ignorância, usualmente estimada pelos portugueses, em rolos de papel, onde é desenhado um rigor onde impera o estupor por ser uma verdade pestilenta.
Do néon habitado em alturas ocas, sem força nem prazer de chegar a uma glória humana, vivo num permanente combate que me indica ou acelera os meus tempos de evolução, que são muito rápidos. Daí, querer estar em todo o lugar onde o espírito se irmane ao meu, mesmo que ele se deixe estar sossegado, como a paciência, tal a grandiloquência necessária à esperança e por aí, estou com o periscópio e os binóculos a postos, do mar e da serra, do novo e do velho, onde sou um périplo que sonda sempre para lá do que existe, em voz e fala de pensador isolado pela excelência de uma vida dedicada ao pensamento que sustém a dádiva, o amor, a amizade… para que se saiba em português, quem é quem…



O meu feedback tem o retorno do vento

Póstumo a um arcar que mentaliza o fio que cose o corpo com junções em ritmo largo como o abismo que engole a língua num jogo traduzido pelo rascunho que o zilião em terra de nenhures executa com mestria, visto serem inanimados os espaços humanos de hoje e pelo ritmo, temos haveres que se perdem aos tesouros de vida e em qualquer lado onde os possamos acossar para nós em virilidade, sobeja muito no fim para uma quietude animalesca que é a literatura oriunda de Portugal.
Nas regiões da frente, onde estou em contacto directo e correndo risco de vida igualmente em várias frentes, tenho comigo uma preparação para o risco eminente um fulgor devidamente assinalado pela memória da população europeia, que se cruzou comigo e decerto sei que nem sempre posso denunciar certos casos mais bélicos e é melhor apresentar o meu discurso durante anos, com certo cuidado em me manter junto das surpresas que me fazem sorrir, daí o meu café das 5:05 de hoje e o ingresso na partida de mais um livrete que licencia a minha permanência nas operações sem plástico a cobrir o pacto do amor.
Agora embarcado, vou em símbolo e irrigo a assistência em contra-ataque, experimentando as minhas vitórias, no que diz respeito ao respeito, visto ser agora correspondente da europa do sul de corpos generosos e ter que analisar os casos de abuso às crianças em Portugal, para que se inicie um novo discurso português, sobre
as relações doentias que as famílias, as instituições, os católicos, os pedagogos oficiais, que nada incutem à pureza de um futuro livre feliz da criança. Porque morrem os benfeitores da vida? A Food and Drugs Administration soube-o muito bem em 1957 e eu doando o que posso, estimulo todo o trabalho humano e científico para a mesma evolução que sinto em mim e a desejo às crianças, dado que por experiência sei que os adultos morrem cedo com o seu medo de se libertarem de uma escravidão, que nenhuma simpatia pode ombrear com fôlego e sapiência e morrem devagar porque abandonam a magia de sentir e experimentam consumir, enquanto as guerras e a fome continuam sem que os escritores de canções portugueses façam alguma coisa. Tenho de ser sempre eu a fazer tudo, mesmo fazer o solo numa Fender para que a minha rua oiça quem se propaga por um feedback que tem o retorno do vento…



O pacífico realce da voz

No realce corrosivo do credo póstumo a uma ascensão íntegra, inclinando o prazer de tocar o dispositivo que gera mais tempo que uma vida em questão…
Temos como alegoria principal a luz sedutora da neblina falante, quando assinamos por comunhão de tanto querer, o olhar máximo no que de pardo tem, aos corações que se motivam pela linguagem do rosto e todos os gestos são entendidos como um assobiar histórico da ideia romântica de nos deixarmos à aventura do conhecimento. Aqui, o convite fixa o sorriso do que é genuíno e sem pendor sombrio, antes lúcido, arremesso o peso à entrada e parqueio este voo com um sorriso festivo, que se pode encontrar no retrato que se fixa no mesmo tempo de vida de uma herança em acto contínuo e sagrado dessa memória. Porque no semblante que se esmera por corrigir a cor portuguesa, o erro somado à fraca execução do amor e também no alfabeto que é erguido de forma primitiva, há então uma vontade em mim de deixar o legado de uma álgebra eficiente, se esta fosse capaz de imaginar comigo em longas incursões de calma contemplação e onde o importante são as pessoas e não os lugares ou seja a estação onde contamos como a imprecisão da atmosfera, dado que mesmo assim somos pequenos vagabundos e da verdade, podemos chegar genialmente longe, se quisermos criar uniões secretas no rastreio pela intimidade e chegar à foz por esta e outra voz

O regozijo do amor da criança

Sacudo a névoa e o gelo na curva seguinte, ombreio este ritmo com o sorriso de uma criança que reconhece o calor humano e se regozija, podendo ser eu, quando muito depois nas articulações de adulto, espero a continuação do amor largo, num banco de jardim, onde os traços das nossas mãos, são como eu sendo folha caindo na janela a teu lado e tu vês, seguras-me e apertamo-nos nesta fragilidade para que toda a anterioridade regresse e a brincadeira continue sem horas.



Um retrato pictórico e de hábito romântico

Não te pergunto onde moras, coabitas nesta traquitana que pensa como sebenta sensata, prescrição sensorial de um circungirar nada obsceno, muito e quando muito de romântico, é manhã e prontifico a saudar-te pelo nome que me faz sorrir em carácter; sim escrevi estas linhas para ti. Vá, deixemos a discórdia, vamos ver berços e rasgar a pele com arranhões de lutas de amigos, porque esta embarcação tem uma sinaléctica pacífica e tenta saber de si, em cada luta que cabe neste pouso de cidade. Sim voemos, eu não vou esquecer teu nome, mesmo quando o eco se mantém para além do seu limite e o retrato pictórico do mármore limpo por cavalheirismo, abre o tejadilho deste curvar sem onomatopeias, pois diluído o silêncio, há divertimento e sim podemos dançar, depois de tirares o que é o teu casaco verde, como as águas glaucas que engolem lendas e as pranchas coladas a esta hiperventilação, dão um ar de que passeei numa caravana e o amor assim vale pela manhã de sete raposas, sete raposinhas bonitas e daqui aos tempos súbitos, vou habituando-me a todas as sombras que recordo sem respirar…



A melancolia dá de si

Camus, disse que da sua época como guarda-redes, foi uma notória escola de vida. Cada vez que oiço o ruído dos meus vizinhos, recordo personagens do livro ‘O Primeiro Homem’, que me foi oferecido por uma madrilena na data de um dos meus aniversários.
E para ampliar este dia de sol, que me assusta, recordo os dias de praia com os tios, primos e mãe, que todos os Setembros de cada ano, nós os 9, tínhamos um parque de campismo e praia. O meu tio Carlos conduzia seguro, fumando, de óculos verde-escuros, a seu lado a minha tia Leonor com a mão segura no alto à direita e falando autoritariamente sobre problemas disto e daquilo. Eu ia sempre no banco atrás, junto à janela, para melhor sonhar. Não me lembro quem ia a meu lado e ainda havia mais bancos atrás, mas de onde vinha a boa disposição da minha mãe. Havia um guarda-sol alaranjado, que dava sombra para a comida, disposta numa lancheira, toalhas de praia, livros, bola, jornais, gelados e depois os vizinhos dos parques de campismo, com quem fazíamos amizade. Meu tio, gostava de pescar, passava horas e eu achava muito aborrecido. Minha tia lia, as miúdas brincavam, o André seguia o pai e o Gabriel era protegido, enquanto a minha mãe, fazia de segunda mãe, quando havia ainda a única Mãe. Havia o Pai ou Bua, que no final, já depois do regresso, onde passávamos por Matança e Matancinha, onde a Gisela temeu, numa ultrapassagem arriscada do tio.
Mas na praia, não havia tempo, estávamos expostos numa imensidão de areia e mar, organizados para nos dar inspiração, sem que soubéssemos como seria daí para a frente e nós mesmos organizados, por educação e comedimento tímido, nós as crianças. Os adultos não sei que pensavam, simplesmente acompanhavam o nosso crescimento com cuidado e a minha mãe esquecia a vida dela em Lisboa, longe do Pai e da Mãe, a sós comigo e consigo. Chegando a Lordelo, Leonor, olhava a casa mãe, que ainda existe.
A Norsinha era a mais adulta da miudagem. Depois, já faltavam poucos dias, para eu e minha mãe, apanharmos a carreira do Cabanelas. O meu avô, estava sempre deitado e das malas pesadas que a minha mãe segurava com determinação, à inquietação da minha avó, o Bua, pegava da carteira e dava-me um nota grande de mil escudos. O tio Carlos, sempre abnegado, levava-nos à Bila e a Mãe, dizia adeus até desaparecermos na curva e aos poucos saíamos de Lordelo, das férias, dos entes queridos. Gostava que o Bua, pudesse ler isto e sentisse um pequeno orgulho do neto e da filha, que estão jovens e continuam longe da casa mãe em Lordelo, fazendo vida em Lisboa, onde a melancolia dá de si, assim que tem a memória dos anos dourados, defende a vida imprecisa, mas não a abate.





A excelência da vontade

Rebolar por onde nos deixa escorregar o corpo e pensando no longo divertimento, fantasiado e permissivamente agora nos píncaros de uma corola escondida no rés do chão, num apetite sem razão, colhemos o aroma e a pele distingue-se da avaliação do ter que partir de uma coisa boa. Sonhar pelas tardes e esperar sem demora, pelos campos de trigo, oscilando mais as mãos, levemente estudando o sono da natureza, cujos olhar é visto pela ceifa do homem, que necessita de se alimentar e amar a sua terra, cultivando as raízes de um sentir limpo e puro, às condições de ter tanto que fazer e pensar, para depois, não poder evitar o seu próprio sono.
Seguindo as luas e tocando o presente, a excelência da moral não se extingue com siglas, nem somando mortes ou acrescentando certas genealogias, pois que nada está escrito, já sabemos, então o acossar da liberdade, ali num lugarejo perto de um ribeiro farto com uma casinha e a nossa mulher por companheira, na especialidade de um conceito simples como objectiva é a voz que me impele a isso e outra que adia. A noite também tem fim, mas o dia tem nomes vários e quem toma o turno de um solitário? Os sinais assinalam que a história adivinha-se numa procura de que há a fazer ao mesmo tempo que a produção social incompreendida por ignorância do vulto que pára para pensar, mas fóbicamente detido não pode mais que esperar essas luas, pedindo a si mesmo, a regularidade orgânica e um sonho no feminino, que por labuta teimosa, é a sua meta de sempre. Poderá ser a questão a definir ou temos forças contrárias, que se encontram e fazem de mim, um pensamento com conjuntivite. O conselho apropriado, está na lucidez e na sua simpatia pela vida…



Atenção à ligação

Como poderia a sorte ser destemida, aqui no eixo onde se cruzam linhas de nitidez para consolo do vagar do tempo. E estar sob um nervosismo muito cabisbaixo, eis o truque da verve a servir o doce do sono, um ente trabalhador. A família dos outros usa bandeja para estirar o assolo de se estar perto. Eu disto disto como como. Tomando em mim numa ligação atenta, acciono o nevoeiro a meus olhos, na manhã valente por se dedicar à vida como princípio. Antecipando-me ao tédio que ainda não boceja seu desconforto, inalo o ar que me chega pela janela das traseiras, depois e deitado de olhos para o céu, sei por inspiração, que este me dedica seu olhar suspenso e eu movimento o pensar, quando os olhos dele se distraem. É servir de encaixe ao que vale e é velado, que motiva o reatar de consciência, quando diminui ao entrar e o sol chega para aconchegar a mão que embala tacteado na cabeça.
Erguido diante de seu ventre mais acima, faço pela vida e o escadote sustenta este passo de dança, quando pela desfolha andamos entretidos em mais uma estação e onde é desígnio do formidável, que o telefone não toque.



A posteridade do ócio

O feito da feição deste silêncio tão próximo de mim, iguala lugares sonoros de ventos contrários. Entoando sinais que soam sinceros de si à sua visibilidade, estou em emissão que rodopia em volta de si, um desenho feminino situado diante da minha contemplação gerada pela sensibilidade à natureza. Eis o realce da confissão de outrora em largo claro de severidade ou disciplina, para com a mesma. E deixar-se correr em lugares onde não há semáforos, aspirando o importante, que os elementos nos concedem. Para estar concluída a verdade, seriam necessários, alguns inventos planeados de forma calorosa. Depois de uma contenção cavernosa, os rumores desdizem-se e a comporta barrada, desliza como compota. A música preenche-nos, no que os filhos da pauta escrevem sob inspiração instrumental de seus trilhos loquazes e colocados na posteridade do ócio, que é o parapeito de terras e aventura. Fértil o desejo pois.



Filho de alma que se acerta

Supôr que a língua germinando sensações admnistradas por cerejas e que sou eu que te debico, grasnando em simultãneo à aterrizagem. Faces rosas, um deixar-se ir contínuo, indelével, quando o vinque maravilhoso, radiante rosa da face que sorri por dentro e da cereja, o caroço do meu pomo.

Batido pela chuva
erguido a mãos de luva
serei palma lida
tal pele despida
sou calma incerta
filho de alma que se acerta

Pedra pomus, te te te, o convite clássico do bem amar, num bólide, madrugada adentro, poderia bem ser a meio caminho o alibi, que seria o suór de uma fuga ao imposto por lei, o excesso sensorial das descolagens.

Um labor na estrada

Em volta da estrada e das mimosas ao som de Sisters of Mercy depois de Coimbra B e do olhar de Gorky aos céus de aurora. O carro deitou óleo e tratou-se de proteger a terra com um plástico. Mais tarde desenvolvi acções por Portugal, França e Alemanha em façanhas antifascistas, pela estrada fora em auto-stop. Claro que cedi a soluções liquidas, no que diz respeito a labor do amor e o plástico cobria cada vez mais as coisas, que hoje irrita-me tanto trabalho que tive, para continuar aqui em Portugal num atraso de 20 anos a cada país da europa central e meu exílio, tem o ensejo de se sombrear em páginas cómico-trágicas, com a poção da reserva de auto-estima acumulada no meu coração, Escrever sob efeito do chá empacotado e dar de caras com as fuças do alheio que se torna letal ao primeiro semáforo buzinado, eis que encontro com regularidade os meus amigos que já não existem e somo ideias a eles e elas, num canto dos meus olhos, como a melodia do mel, agora que chega a Primavera…



A minha veterania precoce

Estudei no Externato Paula Vicente, na Praça do Areeiro. Sempre fui o melhor aluno entre colegas, de pais mais abonados que os meus. O que era um complexo, tornou-me respeitado e ainda mais quando se tratava de jogar à bola. Era não só o melhor como jogava a qualquer posição e era o capitão de equipa. Quando jogava a guarda-redes, posição em que mais tarde me destaquei, ficava a treinar sozinho no pátio, mandando a bola para trás e correndo em sua busca, numas luvas de cabedal pretas. A bola era de um gelado. Jogava-se com tudo, com molas de roupa, as meias da Dona Celeste (que nos fazia uma bola com elas), pedras, canetas… Depois nas férias, jogava no Jardim de Roma, onde tinha muitos amigos de bola, em Lordelo jogava com os meus amigos da Coutada, indo jogar no campo da escola primária, no espaço que hoje é o Centro Cultural de Lordelo ou indo a aldeias vizinhas (o que era uma odisseia). Em Escurquela,
jogava sozinho à parede horas a fio e em Lisboa, ia ao Parque Eduardo VII, pedir para jogar à bola, com quem lá aos fins de semana andava. Também havia lá um campo, onde marquei um golo de longe com o pé esquerdo, que hoje é um antro de burgueses.
No liceu não me consegui desinibir e só quando morei na Costa de Caparica, em que fui uma estrela, ali na Quinta de Santo António, como o guarda-redes de serviço da Irmanadora, que fazia defesas impossíveis e me chamavam o Preud’Homme.



A glacialidade complementar da realidade

Da glacialidade complementar de realidade, o degelo seguinte cá pelo ocidente, é um ressonar buzinado, que preenche as preces convulsivas da estampa número um e da colecção de coacção e ordem social ausente de si, num bordado movido de menoridades psicossomáticas. Com o tumescente engodo do dogma português, que se revela tementemente capitalizável, quando se mede a pureza de alma. Tendo a disparar em refracção os sonhos, os algaritmos, que assinalam a hipótese de abertura do tejadilho sem Emc=2. E penso na blindada nudez do meu pensamento, a ela agem vantagens, que ele pensando, dobrou através de uma intuição que segue do ouvido à mente, este sossego lúdico. Então vivendo cicatrizados, prevenimos à lealdade, um tom cortante de humor. O alfabeto que enumera os dias, tem expressões por adivinhar, é a pose do meu insecto favorito, o Louva-a-Deus.



A rédea da saliva

À rédea de uma caligrafia sem pupilos, como quem se imaterializa de uma alma, assim o pleno da sedução querendo bracejar entre a saliva dos deuses.
A tua pele é sabida como tricórnio de quem se soletra de frente para um expoente denso e ébrio, sendo então apenas um. Um conhecer do dorso biológico, tal ponteiro que fura a terra, eis a enunciação eruptiva de uma linda falua, falando de quotas e letras sem edificar a pose, pois o fosso entreabre-se de resíduos pesados a contas milezimais, eis a boina do poeta, contando rostos em filamentos telúricos, tais como a beleza de um seio jamais visto. Entram os Felt com o fabuloso ‘Primitive Painters, chegam-me a casa lacraus e sachos, balanços bélicos e mulheres louras. A casa está com sede, um triunfo do meu pensamento sobre toda a eternidade, um daqueles problemas de pensador, que vivificando com seu génio, a gente comum, se reproduz segundos após o abraço melancólico, a perfeição de um destino, o meu.



A audição precoce ao conhecimento

Se insisto na voz ao serpentear-me de acenares, talvez exista neste presente, uma audição precoce ao conhecimento, à amizade, ao amor pelas gentes, a causas perdidas e sendo um pensador por excelência, poderia colocar muitos deles a escrito, mas as memórias são imensamente extensas e até que findem, não posso escrever mais um romance. Estas crónicas vão recauchutando o ardor da minha infância e juventude, mas preciso depois escrever os meus pensamentos e ideias, para aproximar o meu génio em vida e da vida e depois já estou onde quero. É difícil sozinho experimentar em Lisboa, a minha filosofia e muito menos em Campolide. Mas aqui neste nicho de habitantes e comerciantes, há muitos mundos e basta estar sentado na minha porta a ver as pessoas, para perceber o mundo. Além disso, tenho um sentido territorial apurado. Aprendo com os outros nos seus truques, descobrindo-os e ultrapasso-os, tornando-me mais alto e sabedor, que agora já não sofro de amor nem de esquizofrenia, que prezo muito a minha liberdade, que tenho tudo o que quero, como também sempre consegui tudo o que queria. Se mendigo por um maço de cigarros, lembrem-se dos monges que vão com malgas ao encontro dos aldeões pedir arroz, em troca de uma ajuda espiritual.



Lábios de Vime

A curva do lábio que uma desconhecida encaixava no meu terminal falante, fazia dessa eloquência sem baptismo, uma descida ao alfabeto das vias físicas. À atmosfera do quarto, nas evidências do corpo, dos método eléctricos que emanavam calor humano, um temporizador de confiança profunda sempre presente, era a caixa de recursos de um perscrutar do tudo, que se abria para fazer entrar um elemento e ruborizar o silêncio, com reverberações constantes e de ponto de cruz. Depois, ela e eu, na vantagem do prazer, sorríamos abraçados, numa colocação de sentir que seguia dentro, adiante ao dia seguinte e chegava por carta a renovação redentora das horas em palavras de dois jovens, entre si para toda uma saudade, que se impunha no ritmo vibrante do Deus dela e da minha poesia.



Os Abraços

Depois de regressar ao meu escritório poeirento (como eu chamo à minha sala), da tarde com a Patrícia, que consegue ser a única pessoa que me consegue arrancar de casa e para fora de Campolide, fui revisitar a tarde e adormeci vestido como uma criança que brincou muito.
Também dois homens me deram um abraço, vou falar do abraço do Schlange, que viu em mim um jovem de palavra, depois de regressar de Lisboa à Indianner Kommune rural, em que tratei de assuntos para eles. Foi assim: sei que cheguei pelo poente ao conselho de Pampilhosa da Serra e me pus a caminho pelo mato sem ver viv’alma em direcção à casa de madeira e xisto, deparo-me com uma velha capela escondida pelas àrvores e decido dormir ali ao lado sob a pedra no meu saco-cama. Adormeci, sentindo o quão era bom estar ali sózinho no meio da montanha, com os meus pensamentos. Acordo cedo, vou de feliz passada, avisto a casa e dou o sinal a eles cá de cima, que era um grito guerreiro de índio. Desço um carreiro, feito pelos nossos passos e estavam todos reunido e o Schlange assim que me aproximei veio directo a mim e deu-se por completo num abraço de reconhecimento, eu fiquei muito feliz por isso, por me reconhecerem na minha juventude uma postura brava e leal. Soube assim por este abraço que eles gostavam de mim. O Schangle era dos mais velhos e isso significava algo. Era um homem pequeno e magro, com uma energia tremenda. Foi e veio da Alemanha de bicicleta, por exemplo.
O outro abraço foi do Schnnecke, em Nuremberga e anterior a este. Assim que cheguei à casa na Kanal Strasse sou bem recebido e pouco depois chega este homem que diz ‘Fantastich’, assim que me vê. Apresentou-me as pessoas e depois do plenário disse:’look Alex we go out for a while, keep the house safe,ok? e no seu porte do homem mais corajoso que até hoje conheci, deu-me um abraço tão forte e robusto, que penso significava esperança em mim e acolhimento humano.




O tampão bélico da minha garrafa de fumo

Passei pela José Malhoa, depois de sair em agonia de um autocarro, para depois seguir em direcção a Sete-Rios e tudo em mim, em quem se passeava, era novidade e olhava muito para tudo e todos. Até que fiquei meia-hora sentado junto ao zoológico vendo quem passa, sentindo o ambiente e meditando. Passou um homem de bigode e óculos, carregando uma enorme televisão encaixotada e pediu-me um cigarro, eu dei-lhe com delicadeza ao que ele disse que o guardaria para fumar depois do jantar. Encontrei-me com a Ana, namorada entre 2001 e 2002 e recordei esse lugar com uma brevidade emotiva (dado o tempo contado), pois muitas das minhas passagens foram aí, sobretudo para Benfica e de volta para casa ou para o centro da cidade. E recordo o deixar partir a minha namorada punk a Fernanda, quando eu tinha 16 e ela 19, num pequeno jardim, eu que lhe escrevia poemas, um que recordo, tinha o título de ‘Noites Brancas’ e na altura desconhecia a pungente história de Dostoievski, como o título, mas ela gostou e sua mãe, simpatizava comigo. Fénix como gostava que lhe chamassem, era magra, destemida e tivemo-nos durante algumas semanas. No seu casaco militar, tinha dizeres atrás do verde, ‘vivre libre ou mourir’ e também andámos em incursões pelo cemitério de Benfica, saltando o muro e percorrer o interior, até pequenos momentos junto à paragem do 58, como o nosso grande momento, que já escrevi noutra crónica.
Hoje chove, acordei por volta das 3 da manhã, fiz comida (massa, ovos e pão), bebi café e antes disso, nos meus músculos das pernas que doíam, deixei-me pensar cerca de 30 minutos e senti-me forte, depois tomei um duche revigorador e às 5 da manhã fui à rua beber café e comprar cigarros. Agora singram, os Cocteau Twins, em ‘Laugh Lines’, como fundo e do gostinho do café, que é acompanhado pelos tragos de tabaco.
Voltando ao pensar, e lembrando Virgílio Ferreira num dos seus livros (outra vez o título), recordo também de numa despedidas ao meu pai, de namorar uma montra com livros dele e também do humor de meu querido pai, que dizia que para dominar a língua portuguesa, teria que saber muito de latim e eu estafado de carregar duas enormes malas. Os minutos passavam e decidimos a hora de escolher o táxi (numa dessas ocasiões, o Marajá madrileno, César Brunete, passara de carro) e o sempiterno acenar que me deixa fragilizado em lágrimas, pois foi sempre assim desde a minha infância, desde a despedida pelo acenar, das escadas, depois da janela e deixamos de acenar, até que algo entre como tampão bélico.


A percepção de um auto-encore pacífico

Algo do odor que se encaixa na manta dobrada da noite sobre os corpos em viagem, tem a beleza que o viajante sente, quando se dispõe à aventura e daqui uma equidistância ao sonho de há dois dias, onde via planeta atrás de planeta, por olhos meus que em êxtase os contemplavam. Antes disso, estava com 120 filhos nos Tapados de baixo, lembrando a fecundação protagonizada por Valérian (o agente espacio-temporal) numa das suas aventuras siderais, que nada têm a ver com as características e métodos da PIDE, utilizados em Portugal hoje em dia, e também em Campolide, nomeadamente pelos pestilentos elementos da Junta de Freguesia de Campolide.
O vento de Nordeste perpassa e entra nos ossos, que refreiam a gentileza para revitalizar o estado desta pequena missiva de um dia aceso com um pó azul (que a minha bisavó usava, para atear o lume), sendo o pó também, uma recordação imensa e tal como o pó da Rodovia Kubitschek de Oliveira, desde o eterno portão dos Tapados até à casa amarela, até à poeira de estrelas que a minha professora de filosofia me indicou como origem do ser e em ambas a partir de agora, um senso emotivo que se desencarcera com todas as recordações, que a melancolia dos meus dias de isolamento forçado, me louvam, num auto-encore pacífico (se me deixarem expandir à minha natureza profunda) e se houver dia em que o possa fazer de facto, de forma giratória como uma porta que percepciona entradas felizes ao futuro.

A parte nada ilustre do exílio dos recos

Pela impossibilidade que denoto na frieza da natureza humana em questão, que resolve com a impaciente crueldade, a beleza de um trabalho distinto que sai da pele e do rasgo entrincheirado que articula todos os dias a bondade e diante dos conflitos sociais, após clamar a verdade e despindo uma pessoa, essa torna-se irascível e chora de fome à sua sombra que não existe pois esse vulto apresenta-se desintegrado e despojado de bravura, cabendo aos dóceis vigilantes do ócio fascista, subir até um talegro e com algumas giestas, varrer a poeira que contamina o livre respirar do enxerto de um ser que quer crescer com a possibilidade de ser mais frondoso que um noivado do sepulcro, tal o ermo apetite em reconhecer quem sabe de si e há muito tempo, portanto esta tarefa de humanizar os que fuçam na quintã, a eles é lhes infligido um surto de hirsutismo, para depois que se desfaçam o melhor possível do que é visto nas saunas mistas, quando o vapor é enumerado na libertação do movimento das células. Este o exercício que o quotidiano não inventaria, mas compele a ser parte nada ilustre do exílio dos recos.



Punk Inside

Ela teve sua inocência ultrajada,um dia recorreu a mim que era punk e ia para onde os becos deixam muros e no cemitério de Benfica, era o lugar predilecto para incursões nocturnas com o Eddie e a Fénix, até sermos baleados com uma pressão de ar que era sal; pois mais tarde já a minha roupa não era negra e hoje em disfarce de quem cantou e tocou viola baixo pendurado no meu 3º andar, para estupefacção dos utentes do meu primeiro lar, que hoje questionado por uma venezuelana, qual o local de Lisboa que mais gosto (estávamos no Largo da Bolacha em Campolide) a que respondi de imediato que era o meu quarto e eu soube que o antigo local das águas do Vimeiro, junto às Amoreiras, questionando um homem desconfiado, será mais uma vez para construção de um prédio, quando em criança via as camionetas cheias de garrafas de água, ia eu no elétrico 24 para o Carmo, junto à janela, que várias vezes saltei e também no 28 a que andei à pendura com as crianças e onde me abastecia de lâmpadas.
A inocência de Margarida, foi refeita com amor e devoção total durante dois anos e meio e se falo do meu quarto,foi ela quem melhor o ocupou, num colchão comido mais tarde em 2001 por um Husky a quem salvei da morte, ferido e de cabeça aberta, mas Margarida tinha um corpo tão belo que lhe massajava até ela não querer mais, tinha uns seios pequenos e sensuais como gosto e para mim era ela a rapariga mais bonita de Lisboa, quando ainda punk inside, lhe ofereci cerca de 250 cartas manuscritas e ela a mim, 177 cartas de amor, à rapariga mais inteligente que até hoje conheci e as memórias doem e se na minha condição de poeta anarquista, ainda a evoco, é como disse anteriormente, por amor à beleza, que uma vez vista jamais é esquecida.
I didn’t like jazz
I didn’t like funk
I turned out a Punk



Um Arco-Íris duplo com GBH

Quando não há louras, nem acontece nada e também de não me lembrar durante um dia, sou órfão que continua um pouco mais a corrigir a cor dos dias em que era criança e para um sempre azul, agora que necessito de folhear um arco-íris duplo ao som dos GBH.





Ser central para me memorizar

O retrato secreto de pessoas que gingaram as folhas do teu diário, agora que os símbolos fálicos continuam a serem as ogivas nucleares e o poema refeito destas potências, capítulos de uma missão em tempo e lugar, ao falar e fazer pensar, na vivacidade adormecida nessa fotografia em que eras atraente do fundo da tua passada oceânica e eu que te acompanhava na missa, só para estar a teu lado aos domingos.
Sinto-me central ao dissecar um modo de ascese, que me concede o rodeo que faço domar a montada, pois muito que o Lu Tenent Blueberry me ensinou, nas suas incursões pela noite, como eu no coração da Galiza, caminhando sozinho 40km das 2 da manhã às 6da manhã e a camisa que me tiravas ainda existe, guardada para um outra era, se for vivo como o músculo que se solta ao pensar que são possíveis os pequenos milagres.





O pranto mel na sua afinidade ao amor

Em pranto mel, da névoa que metaliza o caminhar das coisas insólitas que por palpite do olhar e cabendo à mente, saber decidir sobre o erro que começou na falta de nascimentos criativos em freio de mãos disformes e diametralmente opostas à coragem na decisão de acertar em mão hábil um dia claro em forma e de calendário natural, ao que o rio, deixando as embarcações e a lua seguirem este tempo muito ligado à desorganização da fertilidade de espírito, podendo caber à saudade de outras mentes, uma sonoridade dourada no eclodir de múltiplas forças contrárias, quando em duas e mais terras distantes, sendo almas, levando no seu peito genuino, a palavra que anuncia esperança, espaço de confiança e solidariedade, sempre que o engenho interior se move para uma ampla luz e espaço de abertura numa nova oxigenação das vezes em que este constante questionar, trabalhando com a ânsia, é como a difícil existência de água no cosmos e sob futuras fontes de prazer, o sol é estima por afinidade ao amor… Nunca estando sós, sob o signo humano…

DIÁLOGO COM AMERICANO NA CALLE CERVANTES EM MADRID

Após pousar numa pensão na Calle Magdalena em Madrid, no dia 6 de Junho deste ano, fui fazer um reconhecimento à Calle Cervantes, onde mora a minha amiga Cristina.

Sentei-me num banco de pedra e puxei de um cigarro, passa um homem e pede-me um outro, dei-lhe; ele era americano. Perguntei-lhe que fazia em Madrid e ele disse que era um milionário com 500 milhões de dólares. Então onde é a sua filial aqui em Madrid? Bem… eu vou a um web coffee e faço lá o trabalho. Ah… Ele era de Baltimore ou de New Jersey ou de nenhuma destas. Olhe lá na minha terra em Lisboa temos um milionário também! Ah sim? Sim, é um pensador milionário com a sua filial numa mesa de café. Ah… Olhe chama-se Fernando Pessoa! E eu o que faço? Bem… vim fazer uma batida, sou poeta e vim em busca da verve, daquela que passa e deixa um rasto, que me deixa com um grande fôlego, mas sou um pobretanas, o senhor não me arranja um emprego na sua filial? Ah… bem.. eu agora tenho de ir buscar a minha roupa à lavandaria, já deve estar pronta! Como queira, tenho 3 cigarros, quer mais um? Ok.

Bom, então muito gosto em conhecê-lo senhor milionário. Ora essa senhor poeta, olhe quando for a Lisboa, quero que me apresente ao meu colega milionário, gostava de saber coisas acerca dele, onde lava a roupa e sobretudo onde trabalha, pois nós os Yankies, gostamos também reconhecemos territórios, como sabe… Olhe senhor milionário, aqui o poeta, vai continuar o trabalho de rua e foi bom trabalhar consigo!

Bye said he, Hasta la vista aldrabão!

O Vulto de Inês

Era já um pouco mais que um beijo, seria a palavra arada no encontro fortuito do vulto de Inês, 10 anos depois de a ter conhecido. Sim ainda trabalho no Supermercado, disse.
Trazia consigo o invólucro do IRS e enquanto a olhava, perguntei pelo irmão, um rapaz tresloucado e perigoso e ela estava mais alta, elegante, mas com o mesmo sorriso com que me recebeu numa noite e onde viemos a pé para Campolide, visto morarmos perto.
Sei que não a vou ver tão cedo e recordo alguns momentos em casa dela, a ouvir rock e a brincar com o irmão mais novo, como algumas conversas ora no autocarro da madrugada, como num poente visto pelos dois na zona do Aqueduto.
Eu andava a tratar de assuntos do irmão do falecido meu amigo, por essa hora e livrando-me do banquete nada metafísico do sobrevivente, que é muito mais fútil no desejo, dirigi-me ao supermercado mais próximo (não é o Tem Tudo (que não tem nada)), era o Tudo Fresco e em memória de Inês, bebi um iogurte, dando contornos de passeio à sua imagem que se colara dias antes na minha revisão nocturna de gentes e lugares.
E ombrear o vulto de Inês, foi a recordação dos meus passos outrora livres e destemidos.
E sem que me chore ou mascare o sabor do café com uma chicla, deixo-me ir com ela, para onde vão as odes, tão delicadas na classe subversiva do romantismo pleno de instinto poético, humano…

A Soma à minha vocação interdita

É crucial o desenvolvimento educacional alternativo; não aceitar o que existe, sendo-o numa forma livre, onde há espaço, liberdade, confiança elevada, auto-ajuda e cooperação humana. Os desenhos poéticos, as imagens do poente elevadas em amizades profundas, os fenómenos de entes que são mais velozes no pensamento e que de algum modo, lançam as sementes para que se creia poder haver territórios onde a mente se expanda naturalmente e o corpo se sinta solto. Estive envolvido nisto em tenra idade e agora soterrado com as congregações jactantes ou balofas dos habitantes de Lisboa.
Desbravado o caminho, desenvolvendo-me de forma gradual, a um estado de consciência e conhecimento, em que as minhas características, colhem o saber universal e ecleticamente unindo reflexões, como ao conhecimento dos humanos, mesmo os que me ajudaram a desbravar este meu viver, fazem de si o todo, que desperta em mim, o início de querer mais, por dever intrínseco à minha natureza.
É também necessário desenvolver a teoria da autonomia do ego, elaborada num discurso libertário em 1989 e a partir daí, tornar os humanos, menos dependentes da visão economicista de liberdade e serem elas mesmo, sem um cêntimo no bolso, mas com um sorriso a meio do rosto. Estas tarefas são, como outras mais e de igual grau de importância, (como o esclarecimento da manipulação do capitalismo nos mass media, o ódio emocional praticamente um atavismo encarcerado nas mentes das gentes de muitos países da Europa, e aqui por Portugal, iniciam-se ciclos de feroz e mortal violência, precisamente e não só, mas num aspecto importante: eu não penso como tu e o pensar, não é o conjunto de evidências do aculturamento, mas a coragem desafiando quem se fecha, para além da alienação multicultural, que perpassa em muitas actividades sociais, como a música por exemplo, mas sobretudo nos pequenos momentos do dia a dia, em cada acto acorrentado e quando eu me dirijo a quem encontro, noto sempre, o The fool on the hill, para além das minhas costas e eu em silêncio atravesso a rua e faço qualquer coisa, que me deixe perto de estados seguros que vêm do trabalho de pensar e muito mais além que o culto da poesia.
Chamemos de vocação interdita, o meu estado de graça e procurem-me aceso, um pouco depois do segundo round.



O sonho Anarquista

Faz-se longe o meu pensar e o passeio pela passar de ninguém em brilho, nas ruas onde as pessoas de si desintegradas em corpo e espírito e eu que concebo muitas demandas, tento fazer da minha noite, um levar de trago ligeiro e que na volta da pestana, que sem ser beijada, corporiza a minha potência humana em desafios titânicos que ninguém ousa sequer tocar no último zero do zilião.
Ninguém me vê, sei onde ir dentro do meu segregar e nunca sossego, com a sensação de viver completamente isolado das cadências da inteligência, porque antes não conhecia ninguém, vivia de sensações e após entrar na Margarida, começaram os abalos. Gostava de nunca ter conhecido ninguém e viver feliz no meu silêncio de aventura em aventura.
Agora e como diz Carlos Celso, sou o Atlas (também já fui Gregory Peck ou Saul e comi castanhas piladas em 1957 na Rua da Barroca), a mesma rua onde toquei os cabelos da Margarida, horas antes, (a 14 de Janeiro de 1995), de trocarmos o primeiro beijo. Chegam as guitarras e o eterno langor de Campolide regressa com a chegada de um aldrabão que vende peixe… Listen to the girl as she takes on half the world…
Sim o rio sabe, tanto como as figuras pictóricas que desejo, mas não me chegam por enquanto, sei esperar, hoje que o Klaus vai ser julgado em Nuremberga.



Plaquear os portugueses

Ela na noite parda, lançando a saia a meus olhos, estando bem e alegres por desdém aos trengos que amassavam o paletó com sacudidelas mal urdidas e o sonho ao balcão era o sorriso tão cheio, que fora de nós, havia pouco a plaquear e o neón eram as luzes de palco, nas ruas de Lisboa, pela noite dentro, naquela magia em nós iguaria celestes, como quem se descontrai com a seriedade de um democrata a quem é lançado um ovo de camelo, porque o refrão africano é quente e África é tão e só deles, mas ela era minha e o recheio era levantado (nas saias) para que mexesse no pito e esse hábito vem desde 1977. É a lógica da sucessão dos presentes e de repente ela num piscar de olhos estava tão perto que a minha mente cem vezes superior ao budismo, disse:’ Penso no teu peito/feito maior e doce/e sorrio suspeito/se meu fosse… O budismo ocidental é uma farsa e posso prová-lo desde Madrid, numa conferência em que a minha futura biógrafa chamou de cabaret surreal, tal o desrespeito pelo espírito, lembrando os anarquistas que gostam de brincar às comunidades e aqui sou eu que isto tenho como dado em vida. De qualquer maneira podemos, eu e ela na ala natural, sair de um penar e correr como corre o vento nas árvores e daí ao aprumo de vida, renascer em cada questão que nos faz cantar e quando cantamos pelo amanhecer, agradecemos à natureza.



O sol de Janeiro é uma utopia generosa

Pela cadência que se torna tão homogénea como os assuntos encavalitados à mesa, numa sombra sempre resgatada, onde o silêncio enumera um galope desentorpecido e que se aproxima de uma ensaboadela muito sequaz da eloquência, o falatório é tão amiúde debaixo deste sol de Janeiro, que comer e girar a boca, comendo à boa maneira de Trinitá é algo que alegra a quem me vê mascar comida no meu bolo alimentar. De maneira que passear o corpo numa banheira em cima de uma bicicleta estática, faz bem ao cronómetro da consciência que assim não agoniza e esta procria estes lábios de vime, desenhados pelo hábito pontual da lógica


Qual o animal que menos escuta senão o ser humano?….

Num apuro auditivo que estimula o meu estudo do som, recolho dele a graça de um apara-lápis que afina o que escreve e desenha noutros estudos, numa integração de linguagem que segue um pouco antes do carro-vassoura, como que vigiando quem poderá vir e sabendo-me esculco assim, tomo esta veste e compreendo alguns fenómenos que se disputam tanto na selva como na cidade, em jeito de festividade ou de dor, caso haja uma hipersensibilidade ao som e portanto, há que saber escutar também e qual o animal que menos escuta senão o ser humano?….



A Configuração da solidão

Estar pl’ametade da rua, pl’ametade da dobragem de uma afabilidade preenchida nesta armada negra. A configuração da solidão tem uma estima visível à ausência e há maravilhas por aí. E quando estás só, tens-te estranho sem um espelho humano para contemplar, ou te abstrais em ti e de ti, ou sucumbes ao desespero. É possível desejares no desespero, que amanheça, que não ouças sorrisos alheios. A autonomia, quando saudável prevalece de sua causa a toda a intempérie de existir. Fazer rodar a existência, em exercícios dinâmicos como espontâneos, vindos da vontade de representar a mais bela sensação conhecida até hoje: sentir-se vivo. Os olhos tornam-se mudos e insonoros à noite. Nas minhas noites, a energia bloqueada no peito, um enjoo e cansaço sórdidos como milhares são os pensamentos a resolver. Quem pode suster este peso sem uma voz ao lado? É difícil, ganhar a estrutura de autonomia, mas um simples chá dá alento, sossegando os músculos e a mente. Em seguida, usas a memória, percorres o corpo da maneira mais suave possível. Toda a dor que tu tiveres é imune às sensações de morte. Depois destas energias contrárias estabilizarem, há sempre um palpitar de vida e isso é extremamente belo. Podem voltar e com agressividade o mau estar no plural interior, mas o principal absurdo são as horas em que o êxtase dá conta dos recados da tormenta civilizacional. Absurdo porque por algum tempo, desistimos e em seguida crescemos espiritualmente por um sentir, que ora ingénuo, ora diligente, tem forma de alma. Isso vale por o tempo total de êxtase, afinal as recompensas que experimentei. Como não há teorias de vida, antes uma justificação que se ocupa da vitalidade. Hoje por exemplo estou enjoado de fumar e comer mal, sinto-me todavia além disso
e procuro pela contagem inconsciente das horas, o segundo preciso em que toco a calma. Esta remete-me para o leito e o corpo reveza a mente.
O amor? Hm… A generosidade íntegra e apaixonada a mim, parece distar, mesmo que sinta um carácter a pender sobre tudo, na dádiva, nos valores. Por isso a soma das noites em branco, são um aviso ao dia seguinte, em que o céu ele também pende sobre nosso estar. E ser e estar, compreendem-se, avistam-se nos olhos, no seu silêncio e dúvida.
Tempo prático à poesia de rua, arrastado pela draga nocturna em que a máxima bélica está em voga, no erro sentido. As provações não cessam, tão diárias, no arquivo secularmente esquecido e nada é prova de força, senão no plural do parapeito da aventura. Da janela da Rua dos Douradores por exemplo. O conhecimento é o ente mais eficaz, quando o pólen colide nestas cidades com mais muros que toda uma Berlim dividida. Cresce a Avoadinha, planta desses lugares, deixa de vida em verde erecto

Lembro um tempo memorável, um trago de liberdade e coragem, tenho ainda isso. Sabes, ocupei-me de sobreviver aqui em Lisboa, em me continuar e algo lá de fora de minha casa, estava tingido para sempre na alma, do que falas afinal.

A concepção da cidade é uma acto contínuo, desde a origem no projecto ao desenvolvimento da ideia, à vivência do habitante. A cidade é sempre um constante identificar de luz, cor, movimento, som em que os sentidos tomam posse da chave de aí viver. E para tal é necessário apreender os códigos, para que o habitante se torne familiar a ela e haja uma relação saudável. Sendo o ritmo de cada indivíduo, declarado pelo inventário sempre em transformação de vias pedonais/rodoviárias/ferroviárias, locais de repouso e acção. O modelo de cidade serve o ideal democrático. Há um ponto de intersecção na confluência do movimento, uma aprendizagem da forma comunicativa com a cidade e uma vontade de edificar um núcleo de vida. Reconhecendo toda a sinalética deste protocolo urbano, o homem cresce com a cidade, evoluindo com ela. Os problemas de uma cidade são pensados antes, durante e depois da ideia da génese da urbe. As decisões nem sempre são abrangentes, na optimização do espaço, necessidades primárias, mas a complexidade por a ser é também uma identidade que origina o gosto desta estrutura, no momento mental em que somos já da cidade. O homem tem em si o instinto, a cidade torna-se o novo mundo, para quase um planeta. Tudo é entregue na cidade, tudo parte dela. As formas tão numerosas de cidades, ora histórico-modernas, ora feitas de raiz ou sempre em renovação, são um mote integral do maior significado de coexistência entre humanos. O espaço é tomado por uma medida de liberdade e avanço na história da civilização, com regras e normas e o significado é preenchido diariamente, numa rua, num passeio, onde aí nos conhecemos como focos participativos. Tendem os habitantes a hábitos, a ritmos, impulsos, necessidades, factores tão naturais, geometricamente distribuídos diante de todos. A habitação é o local de estrutura mais importante para o ser humano, aí se pensa a si, assim como à sua cidade. As formas criadas para que se tenha uma qualidade de vida, encontram-se fundidas na vastidão das formas de comunicar e perceber, tanto a cidade como os demais habitantes. Esta relação é sempre complexa, mas há uma geometria codificada, que o indivíduo aos poucos integra em si. Da cidade activa, há aquela que repousa ou se reveza. Tudo planeado, na forma, estrutura, significado do produto citadino. A imagem é um retrato activo do engenho articulado, por onde alguém se movimente. Encontramos sensações e emoções, no plano de fundo de cidade, em casa ou na rua. A aposta é ganha quando se dão eventos e a população interage como um todo, revendo-se na multidão. Ou em cada núcleo, onde se vive um futuro. O objectivo a traçar será sempre o do bem estar da mente da cidade, que equivale à do homem que aí vive. Se se conseguir esse propósito, terá o urbanismo cumprido a sua tarefa de servir a arte da cidade.
Foste encontrada depois, porque a verdade é jocosa na desculpa de te sentir em demasia. Estou adoentado, vim para aqui, saber de ti e um fio-de-prumo torna-se mensageiro dos momentos em que te ergo, nos erguemos, e eu penso que a sedução da viagem em curso é explícita no embarque a dois e depois a todos/as. Feito por adeus, acho que coloco as mãos no cais, que é o parapeito da aventura (disse um poeta) e tomo uma correria pregada ao nível do silêncio. Estás viva, dizem as notícias que me chegam por intuição, não há celeuma à tua volta, dás de ti em soluções contra os muros armados.

Ela em abnegação, ele em solidão, ali estavam sem serem vistos, num verde esconderijo de juventude que ainda existia. Em causa estava uma forte resposta da amizade de ambos, entre eles, eles sabiam disso e encontravam-se à volta de pinturas de guerra, sem que se fartassem de estarem de uma só vez, um pouco mais à frente na abertura da batuta mental. Assim que desciam ao povoado urbano, estavam de mãos dadas, era seu fundo de boa sorte, com fundos de iguarias a que a sede alheia, pedia. Entregaram-se a sacudir a pressão dos loucos e dar-lhes voz social. Faziam o que gostavam, enquanto o rio corria tão viscoso como vibrante, as janelas ouviam os seus sorrisos e pé ante pé, esclareciam-se. Pararam, para que se bebesse água, molhar a cabeça e distribuir água pelos braços e brincaram com os turistas (espécie alheia a tudo).

Sabes que a configuração auditiva da ternura subterrânea em falanges de corso, às quais, todo um teor químico ante o entendimento das semelhanças, é o fôlego de todos os amanhãs. Abraçar as fissuras do corpo em si, num amor de consciência constante, evitando investidas missionárias a nativos em que o clima lhes prefere um sustento intenso em centro absoluto da silhueta anónima. Estamos descobertos e oxigenados, crepitando prazeres e entregues à elementar dadora de energia, a palavra da natureza, que nos é independente e nunca alheia. A todo o gás, o vapor pende secretamente ao segregar um franco convívio com a matéria, a temperatura que constrói o humor fino ou áspero dos traços do corpo. Sempre em progresso alimentado, a mente reveza-se ao combate de escolha em análise. Se o lustro onde a coerência deve imperar, deixar eternamente guardada, o saber, qualquer indivíduo, pode, deve e age em função da sua marca pessoal, para brotar daí, a ordem que se dispersa da liberdade de toda a auto-estima bem embalada. Levámos a encher o peito, pela boca, quando às coisas do mundo, voam daqui até ao umbigo, do sono melódico, à limpeza que temos com os espaços e em relação sempre a definir pela presença, que é a medida preferida para a satisfação do ego. Oscilar o berço a todas as horas, o hábito do amor.

Toda uma ressonância nocturna, tão nítida em mim dos céus que não caem senão em acústica. Este costume pernoita em afazeres vários, há um sotaque depois do pensamento e dito tão alto cá dentro, que me faz levantar do leito. São no modo, dizeres que vão a caminho.
Parte-se em partes que tornam o corpo fértil, o bocado de queijo e o ar de enlace do piquenique, à volta do chão tenro. Pouco a pouco nada dista, aproximo-me de ti e a junção é um sortilégio fora de horas. Como sabe bem sentir a fluir, dentro. Lucra o truque que se esconde e descobre o segredo do rosto.
Os cirros avançam seguros a olhos que fendem a esta hora de sustentabilidade do branco, de novo no meu leito. As mãos soltas, os latidos, a brisa e um conjunto de vontade madrugadora ao que quer que seja. É hora de almoço e no jardim sossegado, cai sombra suave e apetece permanecer na visão que lhe pensa e trazer para casa o repouso do almoço.
Vou indo sem lamento, no encalce de um proveito, tomado em mim diariamente e tomando forma quando mergulho mais fundo para o sono e daí em seguida, os sonhos.
Escrevo sucintamente, que me distraio a pensar. Sem dar conta, vivo para mim nesses momentos que me parecem muitos. O caso que me ocorre, é a minha nitidez quando lúcida, se apraz a trepar amplos enigmas. A voz é constante, ponderadamente traquinas ou cordialmente amena. Continua a noite e eu espero o meu prolongado silêncio no banho remoto do meu primeiro lar. Não corro, nem salto, o corpo vai para perto de onde possa pensar. Trago sempre, ainda assim, qualquer coisa para casa.
Há um livro pródigo em cada ser, tendo cada página a marca, que folheada com o cuidado que se consagra o sagrado de cada partícula nossa. A função da memória, activa o lugar onde se deixou a saudade. E presente ao destino, o decalque dos sonhos, apresenta-se como vontade e diante do espaço de sensibilidade espiritual, temos pronta a roupa para cada segundo de vida.
Por amor se concebe o futuro, um trabalho a tempo inteiro, tão real se o imaginarmos como extensão absoluta da saúde.
Há um jogo, onde todos se vestem de fantasma em verdes colinas, o ar é puro e brincam entre si, para espantar uma presença maligna, mas já ausente no espaço deste grupo. Em volta de ausências benignas, há o sentimento imaculado que enche o peito, lavando-o com a imagem que nos é querida, em qualquer foco que sustenha o seu pensamento

Tributo ás gentes da Costa de Caparica

Entre 1991 e 1994 vivi na Quinta de Santo António, na Urbanização da Cooperativa Irmanadora na Costa de Caparica e foram anos felizes.
Nos primeiros dias não saía de casa, até me aventurar a ir de toalha ao ombro e calções com bolsinho para as chaves numa caminhada até à praia do Marcelino ou a do CDS (Clube de Surfistas), que fazia em 7 minutos.
Os rapazolas, já notavam a minha presença, mas eu aventurava-me no telhado onde me banhava de sol ou encafuado em casa a ver o Gordon Jackson enquanto ouvia as crianças brincarem na praceta ajardinada ou a água irrigando a relva e era tudo sereno, apesar de algumas alucinações, até que o Marco Preto, meteu conversa, um rapaz negro, forte nos seus 14 anos e daí conheci o resto da rapaziada, o Dudu, o Paprika, o Francisco, o Canina, o Cobra, o Nuno, o Paulo, o Marco Gazela, o Ricardo, e não me lembro mais, mas era a equipa base dos jogos de futebol no pelado junto a outra praceta e não tardou a ser notado como um grande guarda-redes e a minha alcunha era Preud’Homme na altura. Mais tarde nos jogos ao domingo antes do almoço, conheci os pais destes rapazes e outros, como o Velez, o Costa, o Álvaro, o Aníbal, entre outros. Tinha também os vizinhos, a sensual Luísa e o filho Francisco do 3ºB, os do 3ºD, a Dona Juce e o Senhor Edmundo, o filho Rui e a filha Mónica, os do 3ºA, o casal amigo já de idade mais a mãe da senhora, ele um poeta popular que trabalhou na Solvay e eu e a minha mãe no 3ºC.
Da criançada, gostava da Márcia que se tornou muito sedutora (eu sabia), da Filipa que se tornou extremamente bela (eu sabia) e havia muitos rapazes que eram tantos que posso adiantar um o Zé Miguel que não sabia jogar à bola.
Das raparigas adolescentes, gostava das irmãs Sónia e Cláudia (muito bela esta), das primas delas, da Susana e da prima que morava nas Terras da Costa e de quem me apaixonei e me tornei amigo dos pais e irmão, vendo-a a vestir-se/despir-se da janela do meu quarto, da namorada do Dudu, que encontrei no 58 há uns anos, entre outras. Da minha idade não havia ninguém, contava eu, 20 anos, nem rapazes nem raparigas e oscilava entre as gerações e em pouco tempo era o rapaz mais popular da zona. Mandei arranjar uma pasteleira que custou 7 contos e 500 e ficou boa, era do avô da minha primeira namorada sexual, a Ana Cristina e tinha a minha viola e todos acediam a ambas, até estourarem com elas e fui até à Cova da Piedade, ao Stand Jasma e comprei uma bicicleta pequena para mim, mas prática e vim de lá até casa pela estrada fora, sem recear.
No 1º,2º e 3º andar todos se davam bem, até lavámos as escadas em colectivo,escadas, paredes, corrimões, chão e ao fim de semana as portas estavam sempre abertas do sol e da comida que se preparava, para um mergulho nas praias ou no passatempo de cada um, o meu foi explorar a Costa de Caparica por inteiro e o mais nobre, foi conhecer os pescadores das Terras da Costa, onde morava a mãe da Susana e a avó e onde passei algumas tardes e pelos caminhos que descobri. Ainda na zona as vivendas, cafés, restaurantes e num deles parava a Hermínia Silva e conheci um ‘Vencido da Vida’ que me mostrou fotos e falou-me dos seus projectos.
Cheguei a trabalhar na Vila Côr, na Vila Nova de Caparica, ganhando 35 contos, numa tipografia uns meses, mais tarde nas Patameiras e depois na Codivel (ganhava 50 contos + o passe L123, até me despedir e ingressar num curso de tradutor técnico, ganhando 45 contos e tive uma média de 16 valores, apesar de ser o melhor aluno, mas uma professora brasileira negou-se à promessa de fazer o teste final do módulo dela, quando voltasse do funeral da minha avó, e não tive 18.
Tive 2 visitas dos tempos do liceu, o Pedro e a Filipa e uma Carla, filha de uma colega da minha mãe.
Gelados na Gelataria Pop, que pertencia a uma professora minha, o pão com chouriço e o caldo verde quente, a praia, o ambiente de paz, ‘A Meta’, (o salão de jogos), a mata de São João, a harmonia das gentes com quem vivi e de quem tenho saudades, isto é um tributo a todas as pessoas que conheci e me deram carinho.
Muitas não mencionei, mas lembro-me de todas.
No final de 1994 conheci a Margarida, pois a Filipa incentivou-me a ir até à FDL e em 1995 por volta de Fevereiro, já namorando com a Margarida, voltei a Campolide e para o ano completam 14 anos a viver sozinho.
Aqui em Campolide sou muito mal tratado, odeio este lugar, apenas estou aqui, pois não tenho recursos nem saúde (Perturbação de Pânico com Agorafobia), desde 1999 e durante 8 anos conheci toda a gente daqui, ganhei amigas, mas conheci a crueldade humana na pele até o dia de hoje e continuará, apesar de ter dado a minha energia a esta gente, portanto não sou de Campolide, sou do meu quarto na Rua General Taborda e não gosto de ninguém daqui.

Mente Apta

Queria agradecer o comentário de Ana Margarida, tendo em conta que conheci 3; sendo a primeira, a rapariga mais bonita do liceu Maria Amália no final da década de 80 e tendo a reencontrado em 1997 no Café com Livros ao Bairro Alto e também num Natal, me ter dirigido a sua casa, para ver se estava tudo bem e a ela um agradecimento por ter tido o privilégio de partilhar um táxi e o concerto dos Jesus and Mary Chain em 1988; a segunda foi um grande amor entre 1995/97; a terceira foi a namorada com mais capacidade sexual que já tive até hoje. Um agradecimento às 3, visto não saber de qual delas se trata, por terem feito parte da minha vida.
Segue-se um pequeno texto escrito antes de me deitar.

Por vezes sinto-me o homem que lê o jornal e é o senhor do mundo, (há uma referência-observação numa cena do filme Der Himmel Über Berlin de Wim Wenders a isso). Mas eu não quero que me chamem senhor, mas de menino Alex ou Eduardinho, como a minha avó Alice me trata.
Certo dia num café nas traseiras do antigo cinema Tivoli, chamaram-me de senhor, eu olhei para trás e era comigo mesmo. Bom, paguei a bica com delicadeza e pus-me na alheta, que aquilo tinha um fedor tremendo, pois estava cheio de homens com gravata. Depois subi a Avenida com a sua bela calçada, apanhei o 2 no Marquês, onde antes havia por ali belas e frondosas árvores e um bebedouro e estes desapareceram por completo de Lisboa. Conversava com Paulino Vieira acerca desse facto, onde também entrou o tema da grande seca em Cabo-Verde nos anos 40, e ele disse que os políticos acabaram com os bebedouros, para sermos obrigados a comprar água num café, quando antes se bebia de borla esse bem precioso, pelas ruas, ou pelos jardins.
Aconteceu-me certa ocasião ter engolido um comprimido a seco e ficar aflito e de ter perguntado a toda a gente dentro do autocarro número 12, se tinham água (incluindo o motorista), mas ninguém tinha e desesperei até sair da viatura e correr até ao lavatório da Pastorinha e beber até acalmar a agonia e depois sair para respirar a brisa de Campolide.
Muito haveria para dizer sobre a água, mas como diz o meu pai, a cada verão que vem: - há muito assunto para falar, mas não há tempo e eu andava com um livro que se chamava Justification du Temps, que levava comigo para vários sítios obscuros como a Faculdade de Direito e justifico então todo o tempo que dou a um imenso manancial de gente, como agora recordar o Alfredo da Cabra na recta de Escurquela, onde ele e eu demos pêssegos selvagens do Soito a um camionista solitário, que nos agradeceu muito


O vento tenso em contra-mão no acesso à verdade

Do vento tenso a par da chuva ocidental que na paisagem humana adormecida, receosa de viver no seu apogeu, defendendo-se em cada lugar onde há lógica do capital que é o altar do silêncio, verifico no meu entretenimento muito capaz de ebulir com uma argúcia milesimal que responde a cada chegada de novos imperialismos e por conseguinte, a palmatória é a eles, a contra-mão no acesso a esta exímia verdade que segura o tempo com uma inspiração que dela advém…



Planeta Planta

O que marcava o rumor de um fluxo rosa, eram notícias inteligíveis da frente humana e dela, a melopeia incansável do planeta que pela trupe ou tribo, trepava ao escalar os conhecimentos, tornando-os activos, na acção alternativa de todo o amor que se deseja como ilustre convidado. A ele e à hora do cansaço, há um tempo de regresso aos lábios, demorando-nos aí em honras livres no músculo e para a frente humana, o mel, está na fronte, que direcciona o quanto queremos da vida. Sobre as paredes mudas e sobre todo o planeta falante, um de todos os momentos que se cumprem como desentorpecer das vidas onde a rotina morde com a raiva e ódio da ira de um muito não querer saber, que há pistas onde se aninham crianças e o segredo é o bailar do coração que te olha agora.



Decalque do eufemismo

No decalque de um peso oposto ao verso onde há brancura, por onde se podem coligir pensamentos que se olham, também habita um tudo nada do requinte do que se vai preencher com a tinta colada no secular pouso da espontaneidade. E dos vincos, um saque ladeado ao limite caseiro, passando pelo mergulho da realidade, chamando os anos a nós, logo que haja histórias pendentes na partida a um caminho escrito, quando há vida nos segundos de escuta e vida nos sentimentos que a memória clama. Daí, a sobrevivência de uma timidez aclarada com a luz onírica de muito velejar com os sentidos em potência máxima, como eufemismo de si



Uma Fender na estrada duplicada

Rodopia a estrada duplicada e a Fender esteriliza muitas das histórias rasas que no manuseio e na sedução, sabe olhar para sempre com a coragem que lhe pediram e a iniciativa que o alheio a mim, lhe falta em altura de alma, e na precisão do invólucro que deixo patente, há velocidade incontida na oferenda diária às gentes



Articulações de adulto

Sacudo a névoa e o gelo na curva seguinte, ombreio este ritmo com o sorriso de uma criança que reconhece o calor humano e se regozija, podendo ser eu, quando muito depois nas articulações de adulto, espero a continuação do amor largo, num banco de jardim, onde os traços das nossas mãos, são como eu sendo folha caindo na janela a teu lado e tu vês, seguras-me e apertamo-nos nesta fragilidade para que toda a anterioridade regresse e a brincadeira continue sem horas.



A prescrição do esqueleto português

Tu sabendo do nomadismo sem esqueleto armado de colheitas que do ferro retiram qualquer osso político, cantando-o mais uma vez e nós os dois por cada riff, sabemos que o lado benigno de subir ao lugar ágil do sorriso que é a surpresa das jam sessions em Lisboa, do bom e velho rock e depois dançar contigo, deitar-me para que digam mais uma vez que tomei do gosto activo da minha cinza, um tudo nada de alegria, que ascende de novo à rua e pulverizam as estratégias onde sou mestre, numa batida sentida sem camuflagem de memória e onde tu és o meu par por esta noite, dado que sou autista e tu no Klimt sabias que a tua cabeça se perdeu algures e que os meus poemas, vinham de uma dor alucinante que agora é o auge de me sentir como fórmula de vida e prescrita por uma determinação que só este discurso sabe.



Um penso sobre A Rua

Uma vantagem sobreposta, eis o bom senso matreiro. Se a colisão servir, avancemos com a sonoridade entreaberta e pesquisemos a maturidade.
A tarefa do livre-pensador, é conhecida pela palavra. A aparência de rua, não serve para este efeito, serve pois as diligências da física. O retrato social tem sempre um sofisma em que me demoro, mas evitando a própria aparência, evidencio algo que exige do transeunte, o virar da ampulheta e a partir do segundo round, já se pode construir uma amizade, se a intensa profundidade for aceite de parte a parte.
Passeando por histórias, a do homem que ia sempre buscar a namorada à Faculdade de Direito de Lisboa e no único dia em que ele não foi, ela foi atropelada mortalmente. O homem durante anos ia todos os dias para o bar da faculdade, pensar.
Há semanas andei pelas ruas de Campolide com uma espada em punho, era uma imitação de Toledo. Soube que valia pouco, mas vendi por 20€ ao dono da tasca do Rogério, cujo genro é polícia e certa manhã enquanto escrevia à Patrícia por volta das 6:30, ele esquece-se do chapéu numa das cadeiras. Apetecia-me roubar esse artefacto, mas o homem voltou. Gostava de roubar chocolates sempre que ia ter com a Patrícia (a do cinema) e um dia depois de tantos encontros, onde os dois ficávamos exaustos, dada a intensidade das nossas conversas, disse-lhe que um dia que tivesse dinheiro, voltaria a encontrar-me com ela, pois não tenho suficiente para comer e ficar bem e ela fica igualmente exausta, mas não come por opção.
O homem mais pacífico de Campolide, é um mendigo coxo, que não tem vergonha de dormir a sesta em pleno dia diante de quem passa e hoje vi-o a baixar-se diante de um automóvel e eu sabendo que ele tinha sido bate-chapas, pensei que fosse alguma curiosidade dele e fui ter com o homem, ao que ele me diz que estava a tentar encontrar uma moeda de 200 que tinha sido atirada da janela em frente, mas que não dava com ela. Eu agachei-me e dei com a moeda de 2€ e dei-lha.
São histórias da vida real, as que lançam para a rua e o penso sobre ela é colocado no eixo de um sonho que pensa.



Sexta-feira, 14 de Maio de 2004

Uma tarde perfeita

Uma tarde perfeita. O passeio com Patrícia, o recordar da nossa história, dos nossos amores. Fomos a pé das Amoreiras ao Príncipe Real e voltámos da mesma forma.
Eu disse-lhe que estava nas imediações do Hotel Dom Pedro e ela veio pelo corredor central do hotel e eu fui a ela e foi como na Faculdade dela há uns bons anos, quando a vejo ao longe e ela se aproxima, fico em extâse. Estava de cabelo à rapaz que lhe ficava muito bem e que insolente estava hoje, quis bater num homem que me ia atropelando. Como diria o meu pai na sua velha frase anti-capitalista, (eu pensei: ‘deixa-o é um pobre’) e puxei-a para mim. Geralmente sou quase sempre atropelado quando caminho com belas e inteligentes mulheres.E quando nos sentámos na renovada esplanada, com o interior pintado a laranja, falámos da primeira parisiense que eu vira a Marie. Pedimos um chá de Tília para dois. Ela tem um encontro de 3º grau e pega no livro que acabara de comprar, um romance sobre Roma (para onde ela vai estagiar) de um Alexis qualquer e escrito em francês, para depois me pedir um cigarro, que acendi a dois tempos com um prazer intenso de ver de tão perto aqueles seus olhos tão brilhantes. Lemos passagens de uns portugueses do romance, falámos, sorrimos, brincámos. Demos nomes falsos aos nossos amores e mentores, por assim dizer. Ela cantou-me:’Uh quelqu’un ma dit que tu m’aimes encore e eu cantei-lhe: Do you love me? The way that i love you? Ela fez de minha namorada no café laranja do 3º grau brilhante e eu dela na paragem do 48, quando ela encontrou um amigo e fiz cara de poucos amigos.
A caminho das Amoreiras pelo lado da Antena 2 antes de voltarmos ao Hotel, ela parou e olhou-me e abraçou-me, sentimo-nos. Dei-lhe um beijo na testa e passei a mão no cabelo dela e depois um longo silêncio cá dentro. Fiquei sem palavras quando me agradeceu por ser amigo dela. Eu quis dizer que a amava (como nos filmes).



Quinta-feira, 13 de Maio de 2004

Carlos Celso


Carlos Celso tem 65 anos, sofre de amnésia e de esquizofrenia. Tem uma trombofobite, anda sempre com uma pasta negra com livros debaixo do braço e um pequeno lápis amarelo e preto muito bem afiado, tão afiado que já me picou. Nas vezes com que me saúda com um aperto de mão, eu finjo desfalecer diante da sua força. A verdade é que não fora o problema da perna, ele iria mais além do que ir às Amoreiras e à casa da irmã na Madredeus. Encontra-se Carlos Celso as altas horas da noite sentado junto ao antigo Largo da Bolacha, onde hoje é o parque de estacionamento de Campolide, com seus pensamentos, que só eu os sei escutar.Não sei que medicação toma, mas notam-se estados muito diferentes de estar. Será da sua ausência a eles? Ora galanteia mulheres, ou tenta convencer homens a ‘irem com ele’. Fala sózinho e alto. Ela pensa que eu sou o Alex Raymond (autor das histórias do Príncipe Valente) e que a minha mãe é a Sophia Loren. ‘ Então veio de Nova Iorque?’ Você é de uma classe superior, leve-me a Hollywood, vá lá’, ‘Então como vai a sua mãe? Lembro-me de a ver na revista Plateia’
Bom houve um dia que em que ele foi às putas aqui perto, não no mito da Artilharia I, mas sim no actualizado da Rua Rodrigo da Fonseca. Então segundo reza a ladaínha, trouxe-a para sua casa, copulou e depois não tinha dinheiro para pagar. O que aconteceu a seguir, foi o seguinte: veio o chulo dela e deu-lhe uma valente marretada na cabeça que a abriu por completo. O sangue vinha da padaria no príncipio da Rua General Taborda,até sua casa na Rua Conde das Antas (cerca de 50 metros). Dizia o povo de Campolide: ‘agora é que ele vai ficar bom de vez’ e riam-se os filhos da puta. Foi assim que em raiva me fiz amigo de Carlos Celso, porque sei o que é uma esquizofrenia: não tens defesas, vives noutro mundo e aproveitam-se do que tenhas de fragilidade ou de louco.

Quarta-feira, 18 de Agosto de 2004

Lábios de Vime

A curva do lábio que uma desconhecida encaixava no meu terminal falante, fazia dessa eloquência sem baptismo, uma descida ao alfabeto das vias físicas. À atmosfera do quarto, nas evidências do corpo, dos método eléctricos que emanavam calor humano, um temporizador de confiança profunda sempre presente, era a caixa de recursos de um perscrutar do tudo, que se abria para fazer entrar um elemento e ruborizar o silêncio, com reverberações constantes e de ponto de cruz. Depois, ela e eu, na vantagem do prazer, sorríamos abraçados, numa colocação de sentir que seguia dentro, adiante ao dia seguinte e chegava por carta a renovação redentora das horas em palavras de dois jovens, entre si para toda uma saudade, que se impunha no ritmo vibrante do Deus dela e da minha poesia.


Vega

Conheci os filhos do embaixador de Portugal na Arábia Saudita na Rua Soares dos Reis: onde estudas? Perguntei. Na Arábia Saudita, disse e levou uma papelada da prenda da Patrícia fotógrafa (um livro), na cabeça e a Luísa da loja de informática onde eles estavam a jogar, confirmou o pai como diplomata. Falámos um pouco de francês: ‘Alors les bleus? Bah, Portugal mais oui! Et Benfica? Non, Portugal! O livro é ‘As Noites Brancas’, de Fiodor Dostoievsky. Eu disse beijando-a no seu corpo, montra de veias, que tinha feito um poema com esse nome para uma namorada punk aos 16 anos, sem saber dessa obra do escritor. Ainda na mesma rua encontro a namorada do Manuel de Freitas, recém chegados da Bélgica e da Holanda. Soube que tinham estado em Vila Real e que gostaram. A Luísa é muito simpática, tem uma suavidade que entra bem é da zona serra da Estrela e em frente à sua loja a serração Vega, que é uma estrela.




Segunda-feira, 9 de Agosto de 2004

A minha história com o director da PJ

Voltemos ao ano de 2001, em que uma aventura e aposta espiritual atingia o auge, fundindo na carne uma apologia de alma,que foi segregada assíduamente durante 6 anos.Por altura deste ano, conheci uma moçinha amiga da aposta. Vestia saias compridas, gostava de filosofar e ir beber imperiais ao CC Vasco da Gama/Parque das Nações/Lisboa.Um dia vi-a aqui neste bairro de Campolide, e começou uma história pequena e singela. Feira da Ladra, minha casa, as ruas deste bairro, a paragem de auttocaro e uma história. Ela disse-me um dia que seu pai era juíz,que tinha uma pistola e que tinha ganas de se matar um dia. Quis eu um dia ir saber onde era a casa da moçinha e fui ao café da Urbanização Nova Campolide, onde vivia o senhor e ela. Entro e procuro alguém com cara de se querer matar. Vejo alguns rostos, analiso, hesito e aproximo-me de um calvo gordinho, de rosto pesado:-Desculpe o senhor não é o pai da Isa? Sim, sou e você?
Bem esta 5ª feira dia 7 , compro o Diário de Notícias e vejo uma cara na capa que conhecia e digo para mim:conheço esta cara. Mais tarde, na farmácia, que é um local de veículo de informação, alguém confirmou a identidade.
Não lhe vou dizer nada ao senhor da Polícia Judiciária, vou continuar a fumar o meu cigarro de Domingo e perguntar-lhe pela filha,enquanto observo o amanhecer sentado na rua e as pessoas entregues a si.



Terça-feira, 21 de Setembro de 2004

O TRÁZ-TRÁS

Era algo que a manhã ondulava baixinho e serpenteava em crescendo.Vem do Rossio, passa (muito) por baixo da Valenciana (no Alto de Campolide) e esta viagem a terras da lide do campo é esboço a negro-acastanhado, visto das janelas, sob o néon do tecto das carruagens. Se forem díspares nas horas deste trajecto, a lógica de populações distintas é vos servida. E indo mesmo até ao fim da linha, em Sintra, a viagem é agradável ou não, depende da flutuação, a díspare.
Daqui de casa, oiço na minha escuta aos sons da cidade, o apito de partida, lá de baixo de Campolide. Quase na mesma distãncia, o sino da nova igreja do Bairro da Serafina.
Houve uns tempos em que ouvia um bater de ‘tráz-tráz’ repetido vezes sem conta dia após dia, vindos de Monsanto. Às vezes estando eu deitado e de pernas estendidas, imitava esse som, batendo com os pés um no outro:’tráz-tráz’de lá, ‘tráz-tráz’ nos meus pés. Um dia apanhei o 2 e fui ver se descobria o ‘tráz-tráz’. Andei pelo mato de ponta a ponta de certa zona até ligeiramente ao princípio do caminho para a mata de Benfica. Sei que quando descobri, era uma coisa normalíssima, uma pequena fábrica, algo assim.Antes julgava ser algo de místico, pois as batidas acertavam de seguida (sempre), em qualquer ruído que houvesse nos céus ou em Campolide. Este mistério foi resolvido, se bem que não me lembre agora, exactamente o que era o ‘tráz-tráz’.

Terça-feira, 26 de Outubro de 2004

Coito Interrompido

Vinha a subir a Rua Ferreira Chaves, digo a 3 moças dos acabamentos de uma gráfica local, que estavam bastante concentradas em leituras cor de rosa,: ‘então não se faz nada?’, responderam com grunhidos ‘Hun!’, depois entro na Rua Vieira Lusitano, certifico-me que um carro mal estacionado não era de uma amiga minha e de frente estava a garagem Auto-Ceuta, onde trabalha um homem natural de Fontarcada (aldeia do concelho de Sernancelhe de famílias nobres, há dois séculos atrás),que tem a tarefa de estacionar carros, como o da Funerária da Rua de Campolide. E estive na Farmácia Oliveira ao lado dessa Funerária e o funcionário que é um espertalhão comandado pela Doutora Ana Coito, foi avisado pelo agente fúnebre que estavam a multar o seu carro. Ele tirou a bata, foi a correr e interrompeu o trabalho.
O caça multas local, que é escoltado devido a antigas insurreições de campolidenses, é o agente Policarpo, polícia de meia idade que vive com a mãe. Eu acho que ele é amante do solo, deixando aos que aí passeiam a sua sobrevivência, como as trabalhadoras formigas a caminho do pi da fábrica e é Policarpo, um ambientalista, pois retirados os carros, não há óleo que suje as formigas.
Para mim também é bom porque estar sobre um solo que diz:’ quero as pernas tuas com que a lindas coisas me habituas’ e ter que ser rebocado para fora do Via Láctea, era um
estrondoso coito interrompido



O Místico de Lordelo e o Mário Tomé

Se me refrear do pisa-papéis, verifico em memória, algumas coisas interessantes, como a relação do Místico de Lordelo com o Mário Tomé. O Místico, foi alcunha minha, numa tarde onde o encontrei, vinha eu da estrada da mata do Araújo e parei no cruzeiro, onde ele estava. Ex-seminarista, muito respeitado, pois as pessoas paravam para acenar a ele e debatemos assuntos universais. Ele tinha um chapéu moscovita e a alcunha ficou na história oral de algum do povo de Lordelo. Agora não tenho ninguém assim, para falar de temas universais e ser respeitado por ele, em Lordelo onde era soberano.
O Mário Tomé, ‘o alemão’, alcunha de Moçambique, por ser louro, era creio que capitão e o meu pai alferes e recebeu ordens militares dele. Encontro o senhor da UDP, no ano de 1989, em Mirandela, numa manifestação pelas ruas da cidade, onde ele fazia trabalho de campo, como observador de um país. Depois no ano de 2000, eu e uns aldrabões urbanos, organizámos uma manifestação contra o Haider e voltei a encontrar o Mário Tomé e falei-lhe de Mirandela, de Moçambique, do país, do meu pai e durante a conversa, uns tipos de um canal de Lisboa, via cabo, quiseram aceder a ele, a que foram devolvidos ao seu lugar, ‘não me interrompam, não vêm que estou ocupado?’, era o Mário Tomé a impor respeito, em mais temas legítimos. Pois então pouca gente há que me deixa falar e a que gosto e cativo também, e somos (eu e ele) respeitados



Segunda-feira, 27 de Dezembro de 2004

Pampi: 31/12/89

No longo ano de 1989, nos meus 18 anos, estive perto do meu sonho. Os belos olhos da revolução anarquista. Andei pela europa fora de carro em carro em auto-stop involuntário, consoante a força da expressão dos condutores, que assim que paravam, assinalavam novas histórias. E é nas histórias, onde mais amei. O canto de Nuremberga, Den Hagg, Vale de La Loire… Em Pampi(lhosa) da Serra, o quartel general do projecto de uma ponte ecológica entre Portugal e a França, as viagens pelo país fora até ao último dia do ano. Cheguei de Lisboa, da Casal Ribeiro, dias antes e depois de mim uma moça e esperavam-nos a Anya e o Kula. A moça era a Beta, que indo todos por uma vereda tão íngreme como nocturna, se abraçou ao meu corpo, eu amparei-a até à casa do Seladinho, longe de tudo e todos. À noite falou-se, comeu-se e na hora de dormir, Beta deita-se a meu lado, na sala onde todos dormiam, escolhendo ao acaso o lugar de descanso. Fiz-lhe festas nos cabelos, ela adormeceu. No dia seguinte(31), fomos em grupo pelos vizinhos e campo adentro, com mais 2 franceses, a Lurdes e o Paulo de Coimbra e o Schnecke. De volta a casa, fomos directos a uma pequena casa de madeira, e fizemos sauna colectiva a nu. Era a primeira vez que me despia completamente em público. Um fogão alto e esguio deitando fumo, revezado por água fria (esqueci-me do Raúl, também conhecido por Skalgés). A Lurdes tinha um belo corpo, o Schnecke era possante (vi-o a puxar um cavalo forte), a Beta muito tímida e em cavaqueira amena e menos amena, seguiu-se discussão e a festa acabou. Lembro de passar o alto muro por cima da fonte e procurar um canto na casa para estar comigo. Dois dias depois fui a Coimbra com a Anya, comprar coisas, ficámos num largo à espera do autocarro, fazendo tempo, eu entrei numa igreja e ela ficou a ver ciganos. Nessa noite Schnecke, escreveu até de manha, eu via a luz da casa de madeira com uma candeia na noite serrana da Pampi.



Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2004

Suzanne drives me home

Confesso em rumor, que entreaberto de tesouros, cumes e clássicos obreiros, o veloz paladar que me deste, Susana.
Era Setembro em Lisboa de 1997 e sorriamos afecto, tu nos meus braços, eu no teu pescoço. Nunca nos vimos nus e gostei tanto de ti, no teu carro, na minha casa, na cerveja, nos teus cabelos.
Poderia hoje dizer como foi sem foice que te colhi e que ainda me movimentas?
Depois partiste para Inglaterra e a Rua Quinta da Adoela, onde moravas, lembra-me o autocarro 42, onde nos separámos e consigo te ver agora, pelos pubs, mais segura e estável de coração. A constância tarda em ambos os sexos. Eu cá ando, na Lisboa sem poetas autênticos, à Rua Augusta nunca mais lá fui, nem ao Jardim do Torel, muito menos às Catacumbas. Ando por Campolide, enunciando fórmulas de viver, como quando escuto pelo degelo, o belo canto de um pássaro madrugador, que oiço do meu leito, assim como às pessoas simples que se encontram na Rua dos Urradores, mais conhecida, por Rua General Taborda.



Quinta-feira, 9 de Dezembro de 2004

O ícone rosa

A dócil árvore era o púbis de Ana Catarina, fazendo correr de si arbustos leves, para o voo rosa onde meus olhos seguravam cada ramo. Uma certeza, que o uniforme branco tomava do degelo e após eu esperar, que assim filtrado o maior poro, pudesse beijar, o lugar cuidado que se queria preciso.
Ao manejar o labor do estímulo sexual, pensava como acometer-me a essa tonalidade e a simpática timidez desculpava-se do denso floco do teu coração, mas algo foi dito… É engraçado ouvir-te sorrir, quando te cuidas mais acima do ícone simples da tua saia. Agora vamos sair, anda! Toma calor de lençol, nós saberemos estender a roupa, em qualquer apeadeiro em que estivermos a fundo, entre os afazeres de perímetro e seu trilho florido, característico da ascenção. Estamos por nosso conta de encanto, a noite não jaz facilmente, mantém-te leve, mesmo na firmeza.
Vale o lapidar demorado de ritmo de lancha, que (à minha volta) te circula e o mundo pode esperar um tráfego tão etéreo, como se o ódio já não tivesse músculo, o beber influente de autonomia, elaborando searas, mesmo no deserto demarcado da lua, i.e. somos um bom petisco, quando nadamos pelo lado onde assobiam os inúmeros loucos românticos. E somos numerosos e tão poucos, Ana Catarina.



Quarta-feira, 19 de Janeiro de 2005

A Canção da Morte de Carlos Nascimento

Veio um homem, o senhor Carlos Nascimento, estava eu sentado na soleira da porta 74 da Rua de Campolide e mostra-me um pequeno saco de plástico. Eu peguei, olhei, cheirei e perguntei o que era.
-’É o meu bigode!, perdi-o numa aposta.
O senhor que é dienético, senta-se a meu lado, enrolando um cigarro com a perícia de 6 décadas anteriores à escola. Perguntei-lhe a quem deixava a sua modesta vivenda, quando morresse, a que ele cantarola isto:” Quando eu morrer, quero que no meu caixão, tenha a mão de fora, para tocar na minha viola, na minha viola…’

Sexta-feira, 14 de Janeiro de 2005
O Hábito do Amor

A configuração auditiva da ternura subterrânea em falanges de corso, às quais, todo um teor químico ante o entendimento das semelhanças, o fôlego de todos os amanhãs. Abraçar as fissuras do corpo em si, num amor de consciência constante, evitando investidas missionárias a nativos em que o clima lhes prefere um sustento intenso em centro absoluto da silhueta anónima. Estamos descobertos e oxigenados, crepitando prazeres e entregues à elementar dadora de energia, a palavra da natureza, que nos é independente e nunca alheia. A todo o gás, o vapor pende secretamente ao segregar um franco convívio com a matéria, a temperatura que constrói o humor fino ou áspero dos traços do corpo. Sempre em progresso alimentado, a mente reveza-se ao combate de escolha em análise. Se o lustro onde a coerência deve imperar, deixar eternamente guardada, o saber, qualquer indivíduo, pode, deve e age em função da sua marca pessoal, para brotar daí, a ordem que se dispersa da liberdade de toda a auto-estima bem embalada. Levámos a encher o peito, pela boca, quando às coisas do mundo, voam daqui até ao umbigo, do sono melódico, à limpeza que temos com os espaços e em relação sempre a definir pela presença, que é a medida preferida para a satisfação do ego. Oscilar o berço a todas as horas, o hábito do amor.



Égua

‘Égua’, quer dizer em Belém, ‘é pá!’, o meu pai saiu-se com uma égua e perguntei-lhe que égua era, era aquela. Ainda me lembro de montar uma égua na Galiza e de a levar a pastar, os cavalos são bonitos, e há uma tipa de direito que monta muitas ‘éguas’ no 10º Bairro Fiscal.
A mulher no aeroporto pensava que Belém era no Restelo e a Tap tinha aviões para lá. O meu pai passou por terrorista até Belém, porque ia muitas vezes ao wc com um saco e com o seu casaco de cabedal do exército. Égua!
Como diz a Raquelinha, não é fácil. Um pouco de humor, depois de um dia inteiro a pensar e o de hoje a passar eu por assaltante, numa filial do BPI. Égua!



Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2005
Teenage Lust


A vasta infâmia cíclica da desolaçâo, que me remete a uma elementaridade propícia a sentido de nenhures. Este o meu estado de hoje, porque ninguém conhece as minhas músicas e quem conhece, embarcou, cá e lá, mesmo que num dos meus sonhos tenha me visto num cargueiro a dormitar num beliche e vendo o Bojador como o único desafio à vista à forma mais ingénua que poderia soltar em mim. O que ainda desconheço,dá-me ânsia de voltar às ruas e não tão cedo, creio que é ler, escrever, meditar, em atalhos que ainda os sei, os dos campos, onde devia estar, de onde sou. Lisboa é uma coisa chata.



Yes Sir I Will

Quando dizes que colidir com o hipnótico teor das minhas palavras, em atmosfera de quem é quem, entreabertos à contagem mágica da esperança, queres dizer que o sabor do café, pode sugerir um recorte no decote no flanco mais esperado, o eixo que alunissa melhor, se abreviado por um dar de consumação, que é satélite da nossa terra e do nosso fuso. Podemos espreitar as oliveiras, que na copa, são trunfo a receber água da emergência de verão, logo que a voz mais abaixo, se afirma entranhada por uma dádiva intacta de belos alfobres, que pensam em conjunto pelo bem estar mais invisível, como o mundo pode ser tranquilo, na apanhada…



Terça-feira, 29 de Novembro de 2005

The man they couldn’t hang
O feito da feição deste silêncio tão próximo de mim, iguala lugares sonoros de ventos contrários. Entoando sinais que soam sinceros de si à sua visibilidade, estou em emissão que rodopia em volta de si, um desenho feminino situado diante da minha contemplação gerada pela sensibilidade à natureza. Eis o realce da confissão de outrora em largo claro de severidade ou disciplina, para com a mesma. E deixar-se correr em lugares onde não há semáforos, aspirando o importante, que os elementos nos concedem. Para estar concluída a verdade, seriam necessários, alguns inventos planeados de forma calorosa. Depois de uma contenção cavernosa, os rumores desdizem-se e a comporta barrada, desliza como compota. A música preenche-nos, no que os filhos da pauta escrevem sob inspiração instrumental de seus trilhos loquazes e colocados na posteridade do ócio, que é o parapeito de terras e aventura. Fértil o desejo pois



O colosso de jardim

Sem número e vistas as coisas, eram muito o que havia para enunciar durante o tique- taque da fortuna pessoal e transmissível pelo dia, a quem tem tempo para a sustentar. Por um atalho florido, foi-se pé ante pé, muito sucinto assim, até olhar primeiramente o que dizia a sua cabeça, o estar rodeado de flores carinhosas, verdes na cerimónia de brilho. Eu sem oscilar, fiz-me estátua, numa camuflagem que só ela podia tocar. Ela chegou, passeou os dedos pelas folhas, depois por mim e eu dei a entender que estava dentro do seu olhar. Foi assim, que em resguardo de primeiro olhar, nos tivemos. De mansinho, ela procurou o meu nome e estava a meus pés, quando lhe coroei com alfazema e estando em sintonia com o momento, ajoelhando-se alegoricamente deu-me vida, tomando-me pela mão até ao enlace da minha versão a branco de jardim. Seguimos lado a lado, para um banco de pedra, onde conversámos serenamente. Sorrindo à vez, iam assegurando o conforto do recanto, que prosseguiu intemporal na memória de ambos. A alfazema, o branco, o sorriso, o brilho…



Freedom and Rain

Como poderia a sorte ser destemida, aqui no eixo onde se cruzam linhas de nitidez para consolo do vagar do tempo. E estar sob um nervosismo muito cabisbaixo, eis o truque da verve a servir o doce do sono, um ente trabalhador. A família dos outros usa bandeja para estirar o assolo de se estar perto. Eu disto disto como como. Tomando em mim numa ligação atenta, acciono o nevoeiro a meus olhos, na manhã valente por se dedicar à vida como princípio. Antecipando-me ao tédio que ainda não boceja seu desconforto, inalo o ar que me chega pela janela das traseiras, depois e deitado de olhos para o céu, sei por inspiração, que este me dedica seu olhar suspenso e eu movimento o pensar, quando os olhos dele se distraem. É servir de encaixe ao que vale e é velado, que motiva o reatar de consciência, quando diminui ao entrar e o sol chega para aconchegar a mão que embala tacteado na cabeça.
Erguido diante de seu ventre mais acima, faço pela vida e o escadote sustenta este passo de dança, quando pela desfolha andamos entretidos em mais uma estação e onde é desígnio do formidável, que o telefone não toque.



O trunfo é copas

Em cada desaparecimento nocturno, o regalo sincopado que nutria pelo sono era uma procura em poder sair um pouco e alegrar-me no convívio. Mas já cedo, ainda coberto de imagens e de um cansaço nas pernas, levantava-me dorido no músculo que faz caminhadas e preparava um duche, para voltar ao trabalho de pensar.
Depois de temperar a consciência com um café, dirijo-me de novo a casa e aumentam os níveis de lucidez, que ora de si se esquece, como se recorda e dando à manivela repetidas vezes durante o dia, encontrando trilhos diversos, que são eles o meu pão.
Tudo se acossava de nenhures, vivia-se sem margens nem leito, esvaziara-se a verve e tudo que ronda a evolução da espécie. Isto acontecera dado à acumulação, não de ingenuidade, mas de um colossal surto de gigantismo do capital financeiro do ego de carteira e o outro, o do ego autónomo racional e sentimental da alma, andava sem abrigo.
O apelo demagógico, que não são cabelos dourados, antes vozes decepadas, sem chegarem à realidade do mistério de um amor feliz. É por isso que foco o elementar, a necessidade conselheira de afastar a fúria atroz da futilidade e conceber o brilho em mãos que se entrecruzam. Posso lembrar várias almas, que embalei pela alegria como pela seriedade e que agora pouco mais fazem que malhar nas circunstâncias sem prodígio da normalidade. Antes e depois, eu sempre procurei mais, um pouco por todo o lado, quer num local de pessoas, num disco, numa montra esquecida, numa estrada, num comboio, no meu pensamento ou numa guitarra.
Mais conseguidas no coagular das questões, que se chegam em bicos de pés, desde as memoráveis às trágicas. As feições do rosto em exame de consciência, exalam por si só, um sabor espiritual que o paladar do beijo sabe identificar. E daí a saber o que se pode tragar de forma húmida, assim que caímos sem vertigem e pensamos como a adrenalina perpetua a acção mesmo que calgue a contratempo, como um conta-gotas sem medida. Por termos acumulado esguios e esquivos crescimentos do centro que detona a vivência e a torna mascável.
Posta a paz, uma aposta que jaz. Quem a antecedeu? O que pode servir o dia seguinte em despojos do céu, no retalho que se estende após a breve fala de um ouvinte.
A mão emitindo gestos que sinalizam o resguardo mãos próximo deste escutar. Depois e de forma cândida, as línguas conversam amenamente, quando se estabelecem os subliminares do sono, se o quisermos agora. Podemos guardar sono para outra hora e temperar os ritmos que a energia prontifica, logo que haja uma decisão ciente disso e tornando calor onde havia frio. Tepidamente sereno.
Num episódio recente, onde depois de uma explicação complexa, o homem a quem a enunciava, teve um forte ataque de dores de cabeça, começando a correr, fugindo.
Menos actual mas presente, uma rapariga na Feira da Ladra, a que achei bonita, ofereci uma dúzia de castanhas, era a Vox e ela disse que eu era muito simpático, coisa que nunca mais me disseram. Não há mais raparigas bonitas… Amores houveram, mas a peleja estava sempre no meu pensamento e ruminando nisto, tenho de recuperar os dias em que eu era querido. Os contornos pouco cívicos da mentalidade portuguesa, evitando sempre a consciência activa como a responsabilidade de cumprir a liberdade, levaram-me a querer estar longe desta verdade. E voltando à João XXI, saindo do Areeiro e entrando pela direita, logo ali num canto, havia um senhor com pilhas de livros do Walt Disney e de Cowboys. Uma vez esse senhor disse no meio do mutismo da multidão da paragem do autocarro e da sua multidão: ‘ Se tivesse uma mulher que me amasse!’, eu achei extraordinário o desabafo público. Onde anda senhor dos livros? Não é certamente a rapariga que pegou noutra para lhe mostrar os meus dentes perfeitos, quem procuro.
Rebolando o meu apreço por paciente precisão das horas abstractas em que rejo um território definido pela imaterialidade nada dengosa, do vácuo.
E por posse deste cargo, acerco-me mais tarde, depois destas demoras, em surtos concretos, que na realidade me parecem inconsequentes, para dizer que o meu país é o céu…

Ontem como diria a Saudade

De tudo que concebo e percebo com facilidade ao que me rodeia em penumbra maldita, quer seja por revelação após a ira, em que a irritação colérica se apossa de mim e mesmo eu tenho de recriar novos autismos, para que a mutabilidade por todo o lado, desde que beijo onde nada corre limpo e por um sangue novo que não surge e a minha sabedoria, intuição, capacidades humanas, cabem mais uma vez no vácuo com a imensidade de saber rapidamente após estas crises e a responsabilidade de manter o meu trabalho que não se perde, mas de momento na madrugada de Lisboa, onde a esquartejo com os braços outrora adulados e num silêncio demasiado longo de 11 anos e incompreendido pela imensa maioria, pois não existe ou não chega a mim uma minoria que não seja clarividente a propósito dos casos de revolta locais e globais de halo sensível e próximos de aceitarem uma lógica demasiado evidente de que a liberdade é um foco responsável e que prezo por ela e a continuidade desse brilho, o acalmar deste fluxo que agora clama por descanso, sem que dirigisse a minha agressividade a alguém e a noite veste um outro silêncio e vejo e revejo que possa fazer para mudar os limites de quem me rodeia, morais sobretudo e com as críticas ferozes que faço correr, mesmo a amigos e amigas e eles sem resposta genuína, por cobardia, recorro à solidão por me reconhecer no pensamento, a minha tarefa principal, para servir em sentido de missão, o que ocorre socialmente e não havendo um futuro colectivo feliz, há sempre destinos individuais que o sejam e nisso tenho trabalhado há 21 anos e hoje sem um único caso que possa ver no âmbito deste prisma onde deviam imperar a disciplina, seriedade humana, honestidade com a voz interior tão esquecida e ontem (como diria a saudade), falei com 3 camponeses, tão alegres, inteligentes, simples, que me comoveu bastante e é dessa cepa que desejo ver crescer o futuro; claro após o prazer também pode e vem a crítica e senti que esses camponeses iriam tornar-se clones das mesma pessoas que nunca recorreram de si, enquanto seres autênticos e por esta marca no deserto, resta esperar, sabendo que não há milagres e que estando eu extremamente limitado fóbicamente, estou no entanto disponível para ajudar quem precise de direcções que o rejuvenescer, pode ter para si, um ritmo tão plausível como criar espaços radicais em cada partícula lúcida que exista como coragem e que não quero ser localizado pictoricamente como a silhueta que canta e propaga em demasia sua energia e se for o caso, que seja um dia onde alguém possa deixar fluir a vida e o meu trabalho que é ela mesmo…



Uma Alegoria em Campolide e em Dax

És fonte viva, Mafalda Nascimento, sejas crua ou diáfana como minha solidez de teu vagar que me pacifica sem que a minha ingenuidade a remeta para fora de Lisboa, onde melhor teço meus actos de aço e poderia ser em Dax, onde vi uma mulher de saia negra, cabelo negro, estava dentro do TGV e olhei-a prolongadamente e desejei sair e deixar meu lastro pela Europa nos meses de Junho e Julho, lastro mal entendido, mas empoleirado em páginas reais nas ruas da Alemanha e França e amar vinte, em Dax ou na Academia de Amadores de Música, onde no hall de entrada, uma hippie dos anos 80, vende livros onde antes a estudei e desejei e a Mafalda, a Aleta real de um reino onde torneio meus víveres enquanto caminho de olhos opacos pelas ruas de Campolide e fora delas, destemido com a missão de voltar a caminho de um amor feliz e sonhando-o com a esperança que Anne Sophie seja contigo MAfalda, a alegoria de uma relação que dista do meu espaço avulso, ido por ventos contrários a este entardecer de corpo e sabendo do coração ainda disposto a correr, sabendo que o ouro veste como as veredas do Douro e Branca Flor, a lenda que da pele alva, desejo sem que a solidão saiba desta aba ao revestimento florido deste que vos quer docemente, mesmo

A Amplitude de encaixe de uma Kvinee

Da amplitude que me chega e eu a ela em encaixe de redoma, procrio as cores de modo sereno e intuídas como ponte ecológica de fio a pavio e essa extensão que aspira a que fale de um percurso que tem no seu trilho, um senso que é a musculatura moral na preparação às quedas a que tendem quem se oscila por débito de uma ascensão concreta das coisas ariscas. Espiar de forma romântica, quem nos cativa, no estudo esforçado que abre a redoma acompanhado de uma bela ‘kvinee’

Indepedência em Nenhures

Nenhures trabalhado por simpatia no lugar oposto que fantasia por desdém à dança citadina e onde se centram as cítaras que logram fazer dançar mais que uma noite e por aí diante, há independência no mesmo lugar que alberga moda sexual que é como uma zorra em Lichinga noite dentro, ou seja nos carris, percorre-se solitariamente dezenas de quilómetros, fazendo da sobrevivência em terra pouco fértil, que é a vida sexual dos ocidentais, mas nesse relax mordiscado sobeja muito para o verdadeiro conhecimento dos prazeres do corpo e quem me pede ajuda sabe isso, mesmo que pouco possa fazer fisicamente se me quiser deslocar, quero acrescentar e porque na minha melhor defesa como guarda-redes e foram muitas, há um instinto que segue evoluindo pelos contrários, que mesmo não sendo índios, são a fuligem sobreposta às ninharias das relações inter-pessoais tão egocêntricas, que alguém querendo me conhecer, tem de me ouvir e explicando, talvez entendam. No fundo tenho evocar, estar atento, pensar ao mesmo tempo com muita gente, para além de todos os abraços melancólicos, após o veredicto da realidade, aí cabe toda a compleição do pasmo, por isso continuo ligeiro para além do que desejo a mim, entre os outros, no diálogo e no conflito que ando desarmado e sou tanto tacto como tenho resolução aos ciclos estáticos, mas com as cordas afinadas, recrio toda e qualquer dança embarcada na história dos séculos.



A Estupenda Diferença da Vog@l


Da estupenda diferença que diferencia a normalidade de um bravo revolucionário, quando os jogos fascistas são sempre os mesmos e a população verga a sua voz, tornando-a imperceptível para a toda e qualquer vogal libertadora. Enviar à voz, à venda, um flash em mestria cirúrgica, executada na evolução das pessoas que estão em vida para dar sua originalidade no combate, por isso vão na onda os outros que nada tem de espuma ou espumante de confiança e a navegação torna-se agora, o enjoo de alto mar. Quase uma catástrofe humana, o actual e novo fascismo e há que reagir, deixar o conforto teórico e ser prático no desconforto das ideias mais puras e que ainda existe

























































O leme português engendra o vitupério

Fá-lo que o ócio engendra capitanias de manhãs a chaminés sem fumo, fuma que as manhãs tendem a ser esquadrões religiosas armadas de nós, solta o cabelo que és bonita, fala comigo que temos tempo de vida, vive comigo que ainda sou teu, sê para ti o que és em palco, eu que te escrevo, eu que não sei quem és e sabendo porque sonho aqui, peço-te que o nosso passeio seja urgente e que na urgência morramos mais que uma vez, visto que das vidas de resposta, é no poente que brilhas e a vida aumenta dourada quando trino no teu cabelo e cantamos juntos pelas pessoas de coração, onde aprendemos a chorar no estouro de uma emoção que se quer livre de apertos, vem então ou fico aqui sozinho, mas posso ficar, tenho a minha eternidade e um dia no quarto 29 onde calo o minério e calço e lanço pedras a latas e os animais defendem a casa, enquanto o leme sossega e tu continuas, já és estátua. Agora desfilo nu com enfâse no absurdo de Camus, que contribuiu para que o desejo existisse e te possuísse em poses de quem nunca sorri, que a vertigem do teu nome surge no dorso que espera que o toque seja sempre derradeiro, por isso fico aqui, por ti…

Moldando o ócio e esparso na errância

Moldando a lógica e esparso na errância, pisco meu olhar à vertente corpórea do beijo soprado com a celeridade que se presta ao pasto e dele à minha transumância, para a verter nem que seja por compaixão de fígado no requerimento à paciência que provocada pelo ignóbil que tem como expediente no seu bafo e que me chega demasiado sonoro, enquanto deixo as divisões sociais se perderem entre si, quando estou a meio de uma descida e vejo neste vislumbre este meu deslumbre que sem foice nem gadanha, borrifa-se para a cultura portuguesa, sendo o Rio Cabrão, excepção e pouco depois a erma cruz no prado, que no mistério me faz seguir cada pessoa como dúvida e pensando nesta contracção e alma, uno meu quotidiano de Lisboa pela entrada do afecto numa acha de entendimento inter-galáctico, que se pode observar em cada rosto que se espera num dueto cujo ricochete é o vazio psíquico presente na alma portuguesa, como a imensa corrupção do Instituto Camões…

Espero sem esperar, sem lendas nem legendas

Resolução dos ciclos estáticos

Ao destituíres-te de uma insolação, conheces a nesga de sombra no calmo arvoredo que exuberantemente e por opulência sem gordura, ventila o corpo a par da ressonância amorosa, que nos une. Nas ruas, gentes sem ar feliz, nem matronas ou coquettes, apenas figuras que não param e vão em sentido estreito no nariz, para a diversão constipada do ventríloquo que é a geração que nada diz de si, desde a década de 70 e as nuvens superam essa paragem burguesa com o colossal sol científico, que vos assola, por lacuna maldita de o serem líberos sem serem presbíteros, que o diga o guarda-nocturno da Lapa, que roubava carros na segunda metade dos anos 90

A Rapariga nos Tapados

Não me recordo como apareceu a rapariga de saia e que gostava de mim nos Tapados. Lembro que era alegre e solta nos modos, lembro dela se sentar de frente à quintã e de balançar as pernas. Nunca mais a vi.

A origem das armas como decisão de venda do corpo

Por me lembrar do feito que o meu pensamento tinha sobre as decisões do meu corpo e agora sem o ter como arma de prazer, é não tocar meus sentimentos que me devolvam à origem humana.

Ao te dar mão no pensamento lunar, onde sua luz me faz bem, como o pão de centeio nas manhãs de Escurquela e aqui na memória de Lisboa, neste olhar que nasceu português sozinho ante os cabeçudos de Campolide e arredores, ressoa um assobio solitário, como faço quando vou ao Largo da Bolacha, que hoje é o Parque de Estacionamento de Campolide, e na superfície onde as árvores mirram e não dão sol nos dias de calor, por ideia dos aldrabões da junta de freguesia; bom e aí dou um trago e há dias andava comigo e vejo um homem de vermelho na minha direcção e tento perceber se era um skinhead a quem ameaçei e assustei e à medida que se aproximou fixei-o e ele a mim até que lhe disse bom dia e ele respondeu, olhando-me com consdireação. Era um homem com sacos de compras e como não olhou para trás não era homossexual. Agora a valsa é outra quando as ruivas se masturbam para mim e eu que nem para isso tenho tempo, dadas as solicitações terrenas e posso muito bem me lembrar de ir com o Alferes Nelson, lavar o carro na Rua Padre António Vieira ou será Rua Francisco Manuel de Melo? Sei que gostava muito daqueles momentos com o meu pai, quando havia respeito e não conhecia pessoas, era feliz e não tinha vizinhos bimbos que não me deixam dormir e têm um cão que caga e mija nas escadas e hoje vomitei por causa desse cão estúpido, tal o fedor. Além disso muitas vezes o cão é cúmplice na confecção dos almoços do restaurante no 9-B, mas aqui em Campolide, alguém dá o alerta de que andam fiscais e escondem tudo, neste caso o cão mais estúpido de Lisboa, que me fez deitar fora um chocolate. E recordo que estas escadas sempre estiveram limpas ao ponto de me deitar no chão nos dias de calor. E uma vez uma mulher séria, disse ao me ver deitado: Está um homem morto no chão! E continuou sem saber se realmente eu existia. Agora é difícil existir sem privacidade, no meu quarto sempre muito contraído, na sala, perturbado com o barulho da merda dos aviões, merdas das motos, merda das buzinas, a merda dos urradores, merda dos carros, que certa vez tive de receber oxigénio no meio da rua, onde a ambulância estacionou e estar muito sôfrego com um ataque de pânico e os filhos de uma cadela mal parida buzinarem. É esta a puta da nação

Apartado da fragilidade na curva seguinte

Sacudo a névoa e o gelo na curva seguinte, ombreio este ritmo com o sorriso de uma criança que reconhece o calor humano e se regozija, podendo ser eu, quando muito depois nas articulações de adulto, espero a continuação do amor largo, num banco de jardim, onde os traços das nossas mãos, são como eu sendo folha caindo na janela a teu lado e tu vês, seguras-me e apertamo-nos nesta fragilidade para que toda a anterioridade regresse e a brincadeira continue sem horas.

Vem Comigo

Vem comigo, viaja a meu seguir de passo desperto e descrevendo a aproximação da palavra favorita que traduz um problema sem código a ver, agora no embate de veludo a caminho de casa, contavas a tua vida e o coração pendia para mim, quando te disse que te amava e tu escreveste-me 177 cartas, com o teu speed e o canivete de escuteiro que te ofereci às rasuras que ficaram para eu nestas vagas de entendimento em que escolhi ser verdade e o teu poema ficou como benção que patrocinou bênção o nosso amor. Pode ser que deia, dizias e eu estou sempre de volta, como vês, com as minhas amiguinhas e olhar fixo de sempre, no rosto que beijaste, amaste, sentiste, agora uma estância atenta ao pudor celeste e ao humor que se veste nos estalidos dos meus sonhos mais doces, mascando órbitas e sorrindo por estar satisfeito pelo meu trabalho humano. O cansaço que começo a ter vem da ingratidão que é apanágio universal da insensibilidade geral.

Quando não te escrevo, tenho assim dias de muita gente e com elas sigo-lhe o combate um por pouco por cada pala capilar, púbis, cabelo, útero, sobretudo o ressonar da dor que se descobre nestes dias e que há a fazer, quando ninguém isto lê? Bem, estou na lembrança disto e progredindo como urdindo o que tenho ao que ascendo como hoje quando li a vida no rosto de uma bela jovem mulher e podia ter ficado ali horas a olhar para ela. É disto que vivo, recriando o parece ser a minha entrada num entendimento de mim, quando em cada crescendo estou tão dentro da vida como sempre.

Resposta de Flor

É pela tarde que o movimento corpóreo da infinitude se deixa sentir por enleios tecidos como uma nova história do pensamento individual. As formas de querer distam tanto como o uso de máscaras e a saliva no adeus, abrangem muitos dos nomes entoados nos meus dias de respirar e qualquer roupa encaixa nesta compleição, porque a resposta é de flor…



O quebrar da minha inocência

Todo o sentir quebrado no regresso ao conceito gémeo dos nomes que ladeiam o estado original do que foi uma tarde em que sonhara em Escurquela, em escrever e estar só e belo, diante do eixo da terra e aqui realizado, se bem que penda pela minha perturbação de pânico, caso contrário estaria em muitas aventuras pelo muito que há no exterior para sentir. E a penumbra que pode sugerir este estado, em mim, é uma conquista pela dor que metamorfoseio pela criação, evocação, estudo, esperança, como vontade em desvirginar mais uma novidade nestes retratos de papel, em reflorestar o amor com meu carisma e evocar com amor e se na interdição às viagens, tenho como mote de sorte, meu pensar que gosta de jovens de cabelo claro, (louro), de ir além disso, na minha mestria da libido e convocar mais elementos que me permitem passar além da dor e estar comigo horas a fio, contando encontros casuais no ronco de cidade, enquanto afasto as dificuldades de sobrevivência, pois não tenho salário, nem rendimentos, vivendo de ajudas e troca de serviços que constituem um modo muito incerto para este ofício, mas que me tornam acutilantes meus pensamentos, como as impressões e sensações, tornadas reais em medida a jus de um pedido interior da minha inocência.

Linhas benignas da alegorias da deserção

Renegar a língua portuguesa por cobardia dos praticantes de que me demarco lá no talegro de Escurquela
Ó se meu pensar fosse teu peito e pelo leito doce eu e tu como circunstância do rosto da aurora cantássemos pelas ruas de sacho pelos ombros e as canções de rabo macio, fossem penugem sem fuligem e a vertigem que os índios norte-americanos desconheciam por não a terem, não fosse investimento dos livros escolares que para nada servem e a fortaleza do erro, joga dominó em cada socalco pouco entendido em cada junção no teu dorso e a Linha do Corgo tão distinta com o Maíla atrás de si, onde minha mãe lavava no rio e eu via os cabeçudos com os miúdos de Lordelo e esperei muitos dias por um carro branco que tardou em aparecer e a força do meu combate por ser estranho em estanho no que tenho em cada rosto burguês que não sabe tocar guitarra nem na Buraca nem no Bairro Alto e ladeando minha compaixão de fígado de geração em geração a que nada se presta por não prestar como revolta à moda de Aquilino Ribeiro, o romancista português mais corajoso de sempre na história da literatura portuguesa e não me peçam para vos explicar enquanto adultos, pois perderam a doçura da inocência e não vos posso levantar, visto que mesmo como Atlas, prefiro suster quem tem um sorriso de carácter e de temperamento combativo nos conflitos e na coragem que na sua ausência horizontal é o apanágio da postura portuguesa e em breve deixarei de escrever em português, pois o meu alvo escarlate tem um arco direccionado a quem é temerário e por amor, ajudo quem precisa de atenção, carinho, amor e direcções, que eu após a deixa, presto-me aos meus assaltos sem ninguém saber ou souber de que se trata, lembrem-se disso e boa sorte…
Ao nome que concilia as alegorias menos subtis, podemos chamar de deserção.

Ao evocar de um percurso nobre de um humano que combate honestamente, tendo em si, um manancial evolutivo que o presenteia aos demais, quer na bonança, quer na tempestade, mas sem deixar este conforto da sua consciência.

Se o hábil freio com que outro que por recreio, se torna mecanicamente obediente, não tendo capacidade e argúcia para parar diante deste viver, então o que é bom para ele, não é bom para mim. Escolhidas as equipas, o combate quase invisível, aproxima-se e especulando com a sua função predominantemente doentia, na barricada deste outro, o volver insurrecto, que não peregrina, mas arremessa, com o requinte do voo da saudade… que é o amor no estado puro, sem latitudes ou conluios neste sentir, onde quem mais o consegue atingir, não é o mais forte, nem o mais inteligente, mas o que se melhor adapta ao que resta dele por linhas benignas…


Imundície portuguesa

Por segregar em demasia, entornam-se as vozes que me chegam sem que digam nada dos seus olhos vazios, como o dos religiosos tão alienados e nesta amamentação que resvala para recipientes cem vezes sem canto, para que permaneça ao próximo ausente, na calha que se dirige à boca, estimulando a sede. Se tenho que rogar que se mexam para actividades longilíneas, sai um fedor do bocejo a que se prestam, do povo português, tão fraco e cobarde, aldrabões e aldrabonas que a lista enchia muito deste espaço e para não conspurcar a beleza com a imundície mental, da gente que se me atravessa sem perguntar nada, tenho de novo de chamar a atenção que toda a gente que por mim passou e irá passar, tem de ter em conta que não posso servir de pau para toda a obra, quando a minha obra tem de se mexer e ser mexida, para ficar com mais qualidade meditativa e histórica, para que seja firme como a minha determinação em ser mais que um rosto poético. Gostava que me lembrassem como um ser humano ousado e que escreve porque sente demais. Se nunca entenderem quem eu sou, é porque são todos incapazes de mexer as articulações que vos prendem de uma liberdade livre, a de Rimbaud, a minha, a vossa, a desejada. Pelos contrários que se cruzam assinale-se o mérito de saber metade desta facto e razão, que me motiva a pensar, que neste caso se constata como tempo e do tempo se sente quem o ousa superar…



O Realce corrosivo

No realce corrosivo do credo póstumo a uma ascensão íntegra, inclinando o prazer de tocar o dispositivo que gera mais tempo que uma vida em questão…

Temos como alegoria principal a luz sedutora da neblina falante, quando assinamos por comunhão de tanto querer, o olhar máximo no que de pardo tem, aos corações que se motivam pela linguagem do rosto e todos os gestos são entendidos como um assobiar histórico da ideia romântica de nos deixarmos à aventura do conhecimento. Aqui, o convite fixa o sorriso do que é genuíno e sem pendor sombrio, antes lúcido, arremesso o peso à entrada e parqueio este voo com um sorriso festivo, que se pode encontrar no retrato que se fixa no mesmo tempo de vida de uma herança em acto contínuo e sagrado dessa memória. Porque no semblante que se esmera por corrigir a cor portuguesa, o erro somado à fraca execução do amor e também no alfabeto que é erguido de forma primitiva, há então uma vontade em mim de deixar o legado de uma álgebra eficiente, se esta fosse capaz de imaginar comigo em longas incursões de calma contemplação e onde o importante são as pessoas e não os lugares ou seja a estação onde contamos como a imprecisão da atmosfera, dado que mesmo assim somos pequenos vagabundos e da verdade, podemos chegar genialmente longe, se quisermos criar uniões secretas no rastreio pela intimidade e chegar à foz por esta e outra voz…

Rosto Intermitente

Intermitente passeio que chama para sorrir à passagem do tenor onde em brio segura o tom e deste lado do trago, toda a sondagem erógena que por concórdia espera por mim no banco de jardim e o descanso é forte como o aroma das ancas perfumadas com a saia negra e aos cabelos, trocam-se carícias onde corre o pensamento e há estímulos oriundos de lufadas de ar tão fresco que não apetece tabaco, mas sim sentir a calma desta jovem mulher que me assiste com os ângulos dilatados da solidão e distribuindo a sua feminina condição ao amanhecer o que a torna um dado apenas ínfame na honestidade, isto depois da lomba onde palpita o pulmão que depois se reveza na recta ao ter outras linguagens por decifrar no encontro da melancolia com a destreza da ágil semente alva do seu rosto…



Imensurável linguagem

Ontem ainda pairava o melífluo sentimento de ternura em volta de um pensamento pousado na cabeça e que se formava em crescendo e que se nota, no papel de homem que logra sair dele para exposto à alegoria da natureza, quando esta apresenta dados de saúde ancestrais e que devem ser tomados como inspiração criativa a quem cria no querer pelo ser e o baptismo deste nome na frente agnóstica, deve o concluir que sendo a fissura da frestas por onde entra toda a emotividade e em que nem ouso falar dada a hipersensibilidade tão frágil, como o momento actual da natureza e do conhecimento do outro, como caderno de notas, o legado que devemos também deixar nós humanos em cada acto de amor a toda e qualquer pessoa que padece de inquietude muito ansiosa ou sofre tiranicamente por uma distorção maximizada à potência máxima de um desejo de paz.



Saliva Apátrida

Cada parto português é saliva que jorro num ostracismo certeiro por tempo de renúncia mental ao que deveria ser uma postura humana de rumar ao livro pródigo que existe no entendimento e não no ruminar típico da alma lusa. Por falta de leitura interior coabito com animais e provavelmente gostariam de ser o protagonista de ‘O Crocodilo’ de Dostoievski, ainda que fosse difícil descobrir o paradigma do retrocesso português, em efeito dócil.

A Armadilha Religiosa

Num jeito que passa nas vagas dos céus com o serpentear de um drible activo aos cirros e cantarolando as peripécias entre criaturas que se odeiam, quando perdoar, é um termo religioso e por tal, longínquo de sapiência humana, visto que não só há uma vida, como devemos odiar em libertação de jugos vários, até que o medo de ser livre que provoca o orgulho de ser escravo, posso ser extinto e das conduções afectivamente armadilhadas, onde amando mais que vinte e pelo périplo de um plenário consequente ao futuro.

O Português Contrário

Logo pelo redor de quem cisma a um tempo actual na direcção do índio contrário de Bilal, no seu Homem de Papel e em que soube na hipótese amorosa de desejar uma menina simpática a quem possa presentear minhas palavras e solidificar em cada manhã, para além dos vales onde o nevoeiro sobressai e como as letras, ainda tenho espaço para segurar de forma valiosa os passos de coloridos, da sua silhueta, nesta ânsia muito recauchutada por abreviações musicais que pesquisam no sonho diurno, a mão dessa mulher e tomando-a pelos lábios no seu braço macio, possa sorrir para toda a abertura do foco deste léxico cantado classicamente, como em tudo intui quando era criança e sonhava nas aulas da escola, pela janela fora, com o mundo que vim conhecer, eu que vivi de sensações até aos 24 anos de idade, tendo conhecido um grande desolo posterior a esse evento e daí tanto sentir pelo desejo de prosseguir com a deixa, como o castigo aplicado ao Holandês Voador, em que eu ando de alma em alma e nada calma comigo, ela aspira tapetes voadores como antes (para que a realidade não me consuma, sendo ela consumista por defeito) e com a enorme vontade de querer estar perto de uma mansidão temperada por essa mulher que desde 1997 procuro e o patético aqui, é a lógica do cliché que deixou a guitarra no prego, que está no prato de alguém que ousou destituir-me do que eu escrevi nesse ano na parede na Rua Marquês da Fronteira: ‘ Musicamos com palavras o diálogo da vida, vamos indo sem rumo apesar da bússola…’

Hierofante

Do equilíbrio funcional de todas as pessoas que fazem parte do meu universo mais íntimo, há um contínuo afazer de coordenadas, afinadas e mesmo em décadas, e assim permito-me atravessar a rua com a destreza do costume, sabendo que me esqueço de pensar nisto e atiçando meu corpo do ponto de fuga e dos castigos que o lodo urbano percorre, de origem na insegurança e com a respectiva vertigem da normalidade. Nada que um hierofante não possa resolver, com o seu conhecimento e afecto, fala a experiência que resolve estas linhas. Se digo que sou poeta, era tão só a origem e a palavra o mote que seduzia, daí o passeio da escrita até ao cais, que é o parapeito da aventura.

Fuck Everybody Who Voted Tory

Dizia-se na altura da ditadura, que havia um governo em Praga e que nós tínhamos uma praga no governo. Um amigo falecido há menos de 5 anos, viu em 1962 um homem muito perturbado psiquicamente, chamado Salazar, a apanhar flores no Jardim da Estrela e pediu uma fusca aos seus amigos comunistas, para lhe rebentar os miolos, ao que eles temeram e falhou o atentado, que se viria a repetir por Emídio Santana e também fracassado. Bom mas foi assim que Gabriel Morato em 62, abandona os cobardes comunistas e se entrega à causa anarquista, criando ‘Os Cadernos de Acção Directa’ após a revolução portuguesa, por volta de 1976. E durante 30 anos foi notória a sua actividade junto dos jovens, que de geração em geração o abandonavam. E eu recebi a notícia da sua morte no meu telemóvel, que transcrevi para a página do Indymedia Portugal e à qual fui violentamente atacado verbalmente, onde diziam que eu era um mentiroso, passador de droga e que me metia na vida alheia das pessoas e que vinham dar-me uma tareia… É esta a escumalha anarquista lisboeta, que se apresenta como polícia reguladora das coisas simples de perceber, uma morte. Estou a falar de uma associação ‘ambientalista’ chamada Planeta Azul, os paladinos da consciência colectiva lisboeta que agem como os nacionalistas. Eu até queria escrever sobre o Vítor Peter, mas como veio à baila este tema numa chamada telefónica internacional, acabei de o assumir, ao som dos Flux of Pink Indians.
Para não entrar em mais celeuma, vou preparar-me para apresentar um sistema extremamente complexo, com que as pessoas comunicam pelo corpo, mas não hoje. Vou apenas avisar, para não dizerem que o Michael Jackson ganha mais que o Vítor Peter, pois ele fica furioso e espuma pela boca, ele que agora é jeová, pois o bairro está infestado dessa gente. Mas lembro que o seu mega-hit ‘Goodbye Maria Ivone, é realmente bom e que o Elvis disse antes de morrer: ‘ Vítor, quando eu morrer, tu vais ser o Rei do Rock’ E neste momento está no top tem ou top ten da Coreia do Sul e que é o ídolo da juventude de muitos países que praticam nordic walking, pois a música tem pedalada

A Amplitude do encaixe de uma Kvinee

Da amplitude que me chega e eu a ela em encaixe de redoma, procrio as cores de modo sereno e intuídas como ponte ecológica de fio a pavio e essa extensão que aspira a que fale de um percurso que tem no seu trilho, um senso que é a musculatura moral na preparação às quedas a que tendem quem se oscila por débito de uma ascensão concreta das coisas ariscas. Espiar de forma romântica, quem nos cativa, no estudo esforçado que abre a redoma acompanhado de uma bela ‘kvinee’

A canção que barra a borra portuguesa

Prepara-te para o vazar que comporta o volume de tonalidade que pensa em viagem sempre que o ar se reveza em compostura como quem joga volley e a eles é dada as bem-vindas a um lugar revestido de bravura e as fanecas germânicas desodorizam os sovacos e eu fui conduzido por um táxi de transporte de Starslund para mais tarde demorar-me numa estação da DDR e olhar uma alemã tão simples nas vestes que queria amá-la, como a cigana romena que paira e canta enquanto pede aqui na padaria da esquina e senti a mão dela, suave e contente na sua canção que os forretas de Campolide, mandam trabalhar a quem tem a nobreza da liberdade e quis abraçar esta menina já crescida e para que o dia começasse, foi preciso tomar o gosto pela insuficiência portuguesa que barra sua borra na sua fala dos tempos de agora dos de sempre.

Como diria a saudade

De tudo que concebo e percebo com facilidade ao que me rodeia em penumbra maldita, quer seja por revelação após a ira, em que a irritação colérica se apossa de mim e mesmo eu tenho de recriar novos autismos, para que a mutabilidade por todo o lado, desde que beijo onde nada corre limpo e por um sangue novo que não surge e a minha sabedoria, intuição, capacidades humanas, cabem mais uma vez no vácuo com a imensidade de saber rapidamente após estas crises e a responsabilidade de manter o meu trabalho que não se perde, mas de momento na madrugada de Lisboa, onde a esquartejo com os braços outrora adulados e num silêncio demasiado longo de 11 anos e incompreendido pela imensa maioria, pois não existe ou não chega a mim uma minoria que não seja clarividente a propósito dos casos de revolta locais e globais de halo sensível e próximos de aceitarem uma lógica demasiado evidente de que a liberdade é um foco responsável e que prezo por ela e a continuidade desse brilho, o acalmar deste fluxo que agora clama por descanso, sem que dirigisse a minha agressividade a alguém e a noite veste um outro silêncio e vejo e revejo que possa fazer para mudar os limites de quem me rodeia, morais sobretudo e com as críticas ferozes que faço correr, mesmo a amigos e amigas e eles sem resposta genuína, por cobardia, recorro à solidão por me reconhecer no pensamento, a minha tarefa principal, para servir em sentido de missão, o que ocorre socialmente e não havendo um futuro colectivo feliz, há sempre destinos individuais que o sejam e nisso tenho trabalhado há 21 anos e hoje sem um único caso que possa ver no âmbito deste prisma onde deviam imperar a disciplina, seriedade humana, honestidade com a voz interior tão esquecida e ontem (como diria a saudade), falei com 3 camponeses, tão alegres, inteligentes, simples, que me comoveu bastante e é dessa cepa que desejo ver crescer o futuro; claro após o prazer também pode e vem a crítica e senti que esses camponeses iriam tornar-se clones das mesma pessoas que nunca recorreram de si, enquanto seres autênticos e por esta marca no deserto, resta esperar, sabendo que não há milagres e que estando eu extremamente limitado fóbicamente, estou no entanto disponível para ajudar quem precise de direcções que o rejuvenescer, pode ter para si, um ritmo tão plausível como criar espaços radicais em cada partícula lúcida que exista como coragem e que não quero ser localizado pictoricamente como a silhueta que canta e propaga em demasia sua energia e se for o caso, que seja um dia onde alguém possa deixar fluir a vida e o meu trabalho que é ela mesmo…

Vos pensar

Urdindo comunitáriamente e levar comportamentos no dizer que avança para ajudar ao trilho do feno e de voz sensata, perguntar pelo bem estar do céu, tão certo da sua caligrafia que almeja por se espelhar por pedaços que untam a nobreza com o suór do dia e lavados pela ciência, soa que se diga que o tema ‘Divine Hammer’ seja ouvido com os olhos nas árvores do caminho que fazia para o liceu e no ponto exacto, onde Sandra às 08:00 em ponto me levava sob o seu guarda-chuva, do Alto de Campolide, até ao Maria Amália e encostados por gosto e a chuva o nosso isco e assim seduzi o dia de hoje por demasiados erros alheios, que é o meu sacrifício que nada sabem a amoras colhidas junto aos Tapados e portanto pessoas destituidas da minha vida particular, que a nossa mata serve a nesga que apenas meu novelo sabe urdir sim e se por aqui não há rei, há um olhar que pensa e vos pensa.

Impossible Yes But It’s Truth

Lá as raparigas do Chiado e não as havendo por aqui onde serpenteio em cada passada autista aos rostos mesquinhos irmanadas a elas e canto pela noite como na estação de comboios de Düsseldorf, onde muito perto dormitei, acordando para um café turco de copo na mão e uma voz alemã e agora que o meu trabalho segue seu rumo em Campolide, estância de múmias de sotaque enrolado ao meu romantismo que pergunta a cada moça se fala francês ou se quer fazer ‘a little Kommune’ e o brilho que me segue nestes rolamentos que em cuidado, fosse eu uma açucena ondulando e sabendo que me estimulam para caminhar livremente na graça que pulula na crina que em cada noite, sim e em cada segundo romanceado e sublimado pelo meu viver entre nós e laços em cada braçada solitária nas defesas que fazia quando era guarda-redes e segregava o meu advento da saudade, que é esta sucessão dos carris balanceados pela inteligência que tento tão arduamente ser acenado e a minha romaria, tem como escolha meu quarto, onde a ode é o dorso que escala as linhas de baixo e vejo-te todas as noites, quando estouro com a minha energia em linhas de tensão alta e não sendo um ’street figther’ a isso tenho de escorraçar em cabelinho na venta e quem me sucede quando o sucessor sou eu…

O Fim de Campolide e Portugal e os 1648 anos de fidelidade histórica

Circulo afoito diante do coito no nosso Soito, película no voo sem fim de Calígula e agora de passo posicionado e de seu sortilégio, o prisma do dia seguinte e vocês a ele vinde que a venda não é definitiva, mas demasiado visível ao pasmo de orgasmo evidente, quando a saliva se cola à errância capitalista e fascista, tanto caga como ora, tal a famosa Elisa Cagona de Escurquela, que deixava sua póia em cada leira e se vieres para a minha beira, que seja de suave esteira e em alvo que o ponteiro funda este circulo e bestialize o testemunho que em riste é este punho pelas ruas da gente cruel, ignorante, ceguetas, soletas, trapaceiros e arruaceiros e porque o são, por serem mais esquizofrénicos que eu, é a minha compaixão à anti-psiquiatria e à realeza dos rostos feios de Campolide, e digo ao meu delgado umbigo se o balanço bélico dos meus afazeres, regressam a um selim e portanto chegar chego sempre, seja em Kirchdorf/Jeeser ou na Rue Amelot ou na luz do meu quarto onde as gaivotas anunciam a existência do vagar dos vapores que fazem do lapso materialista, a chacota a que me presto de novo por compaixão, nas manobras escarlates da orgonomia no Maine e claro com o renovar da dinamite, onde haja saúde por fidelidade ao caminho que faço sempre que toco na Fender e canto como Penny Rimbaud e murmuro no sono, com o legado plástico dos olhos opacos que gostam de comer de pé, as vísceras da alma putrefacta, neste ocaso ciclico sem alegorias e muitas correrias a lado nenhum, por tal sinto a trip de Joan Of Arc, que também tem um timming de 1648 anos de distância somados às flores e ao pão de fruta da Bavária, agora que a preocupação com www.akkak.de é crítica e acendo esculco este solavanco dos dias de hoje onde nada sobeja senão na minha memória, pelas gentes não de Palermo, mas palermas de Portugal.

CARTA A ANA MARGARIDA PIRES SEIXAS
Ana,

(Porque era a mais real e citando um início de carta tua em papel e que guardo) e como dizias, depois explico-te… mas foste a

>>>>>>> Margarida,
agora é madrugada em Lisboa, ainda não dormi, são 06:05 agora que vejo o relógio do computador, depois de um final de noite passada com duas pessoas, onde uma me roubou tempo precioso e depois de alguns duches frios, comida, café e repouso do corpo, mas pensando que por hoje já chegava ao fazer um upload para a Academia do Sonho do ‘ Spanish Bombs’, dos Clash, agora que querem abrir a campa do Lorca e estava deitado pronto para dormir, quando ao antever um possível encontro para hoje, penso em ti e o meu peito enche. Depois pensei ainda assim, da pessoa que esteve aqui, que ‘tu não queres nenhuma mulher na tua vida, queres ser livre’ e pensei de corpo nu, que tenho uma ex-namorada médica madrilena que está apaixonada por um homem francês casado e com filhos; seguiu-se o seguinte pensamento: estaria eu disposto a lutar como essa espanhola por ti nas condições actuais e foi rápida a resposta: quero que estejas bem, onde e com quem estejas. Eu amo-te e amar-te-ei sempre, os tempos mudaram, as memórias doem (pausa para o abatanado da Pastorinha) e no meu colchão tinha alinhavado quase tudo do que te queria contar, podem por esse prisma de memória escaparem-me coisas como numa situação organizada e fui pela a noite da aurora de coração a tremer, pois já tinha bebido muito café e comido pouco.
Voltemos a 1995, o emprego que a tua mãe arranjou-me de um cliente dela, o que nos deu o carro e todas as possibilidades de nos divertirmos como embaciar os vidros… Pois lá no Cimo do Olival Basto, o homem dos alumínios apesar de estar a fazer-lhe bom dinheiro, despediu-me por a mulher que lhe alugava a garagem, me visto correr pelos campos e assim perdi a confiança dos teus pais, ao mesmo tempo que tu lutavas e tentavas me integrar na vida normal, facto que a dois tempos seria impossível (esquizofrenia paranóide – 1990-1999 e a minha idiossincrasia), mas lutei e fiz coisas que tu não sabes, tamanho era o meu amor por ti, Margarida. Já em 1996 depois do azar de apanhar um gerente cruel das então Lojas Extra, tive de sair após 7 meses, quando por essa altura já tínhamos cerca de 100 contos do dinheiro de ambos, numa conta nossa, com os meus 75 contos e os teus 40 contos de part-time com os teus pais, mais a tua mesada. Não me esqueço que desse teu dinheiro pagaste 15 contos à psiquiatra Margarida Joaquim, ainda em 1995.
Das 177 cartas que me escreveste, sempre guardadas com carinho e devoção, do Inter-Rail, do teu desflorar ao primeiro de Abril de 1995, tinhas 19 anos, os passeios, o Bairro, a FDL, sim as inúmeras horas que passei lá para estar perto de ti, ir-te levar de casa à FDL, para estar uns 10 minutos contigo e tu acordavas sempre de mau humor e eu cheio de pica, a missa ao domingo contigo, pois só tinhas essa hora livre e levava-te a casa após a cerimónia religiosa, o Porto, Tróia (sim destruíram a torre onde tivemos um orgasmo duplo), Lagos, Porto Covo, onde te pedi em casamento, toda a Lisboa e seus jardins onde fizemos amor, o meu colchão, a minha casa, a tua casa na Lagares Del Rei, depois ao lado do Palácio das Galveias, o King, a Praça Afrânio Peixoto onde namorávamos, o teu elevador, o teu Renault 5, o Mufla, o Avante, O Trinordiol o meu anarquismo, a minha poesia, a tua inteligência e bom coração, a nossa intensidade…
Dizias, pode ser que deia… e em Junho de 1997, fui a pé até ao escritório dos teus pais, como fazia várias vezes e disse que não dava, eu não estava em condições, senti uma angústia estupenda, uma tristeza profunda e tu ficaste triste e choraste, mas não adiantaste nada a essa reacção, suponho por não teres mais forças. Na manhã seguinte, na FDL, estavas com os olhos pintados de negro e com o teu vestido negro que eu tanto gostava de ver em ti, sempre que te vestias para mim.
Não sei qual foi a última conversa ao vivo, ligava-te do Café com Livros com regularidade, até decidir descobrir a rapariga mais bonita de Lisboa e encontrei a Lígia Soares e a Patrícia Guerreiro, das quais me apaixonei, após inúmeras noites, tarde e dias nessa tarefa. A Lígia não teve sensibilidade e Patrícia abre o seu coração a mim, disse-lhe dois anos depois por carta que a pedia em namoro, ela responde num caderno vermelho, entregue nos Restauradores, que não tinha disponibilidade e que tinha medo de esquecer tudo o que tinha visto, sentido. Eu e ela a partir dessa tarde tivemos uma amizade intensa, que durou 7 anos.
Em 1999, o psiquiatra acabou por acertar na medicação e logo no primeiro Risperdal 3Mg, senti-me uma pessoa completamente nova, era Janeiro, estava feliz e queria ver tudo. Coisas aconteceram, mas pouco importantes dos outros a mim e em Agosto de 1999, no Festival do Sudoeste, dou umas passas num cigarro de haxixe e tive um ‘brainstorm’ e um ataque de coração, lutei com todas as forças para sobreviver, tendo mesmo de pensar para respirar, foi o maior susto da minha vida.
A minha vida de viandante, de poeta físico, terminara e seguiu-se o isolamento que dura desde essa data. Não pude mais procurar in loco por uma outra companheira, devido à perturbação de pânico com agorafobia e por tal, depois de ti, das inúmeras namoradas, que conheci na minha porta para o mundo, a Web, de nenhuma me apeguei e resolvi contar-te isto, para te explicar que não sei como estou emocionalmente no meu coração puro com uma mulher semelhante para um amor como o nosso e para isso preciso de conhecer mais uma mulher que nunca tenha visto, falado, para saber se consigo amar, mas penso que sim; a experiência alemã de Junho deste ano, deu-me bastante confiança, lá, pois aqui em Portugal, bloqueio por completo, os clichés, o cinismo, o desconforto da mentalidade ultraconservadora, a crueldade e a falta de romantismo em prol dos prazeres imediatos ou como diz a teoria de Klaus, ‘The Social Erection’, que é ‘the immediate fuck’. Por te amar e por teres sido a única pessoa que amei até aos dias de hoje, vou apagar aquilo que escrevi sobre ti, dizia coisas feias, era um ódio emocional, que em grande parte tenho razão por o sentir, mas vou perdoar-te como se fosse eu o cristão.
São 07:06, e acabei por não contar nem um terço do que tinha escrito mentalmente.
Obrigado por teres feito parte da minha vida e SAUDADES…



A linha do mel no tacto ao vento horizontal

Pelo orvalho, uma saraiva de gotitas tentando os membros a descoberto que se mostram ao céu alucinante que é imenso e fascinante e quando este recua para a lua ou em verso como que vice versa de uma língua dispersa nos afazeres da carne e o sono não cai, mas cai a saia diante da lareira de lenha de carvalho e giestas, abraçando a vigília poética de uma infância tão terna como a inocência sua semelhante e agora a visão, é tão real que cedo meu beijo de missão sideral a quem se despir do calor e mergulhar na verdade como consquência vital da função biológica da sexualidade e não como voo picado que é praticado pelos carniceiros que fundem ferro sem que tenham a química essencial para dobrar uma complexidade tão simples de resolver se preso a ferros, lhe seja ferrado um nome comum à perseguição do capitalismo e por isso a longa estadia no leito a que me dedico, é o arquê que soma meu elixir delicado, a dose íntima de uma vida genuina, como abundância de querer e desejar ou aplicar o crer que toma o rumo como a linha do mel e no tacto ao vento horizontal.

Inspiração de Combate

Madrid, estação rodoviária, duas horas antes da meia-noite, talvez três, eu na sala de espera escura e muito depois do comprimido tomado no lavabo de uma bodega cercana, enquanto vi um pouco do Holanda-Itália e o camarero de pescoço gordo pareceu-me endividado comigo no olhar e de volta à espera, vejo-me a braços com 3 horas e olho em redor (procurando diversão, já diria Alexandre - ‘Um Adeus Regular’), analisei as pessoas, o local, os pontos estratégicos, a luz, a minha segurança e o ‘tempo assassino’( Fanzine Da Frente/Outono de 1986, num artigo sobre a dinâmica rolante dos Jesus and Mary Chain com o fabuloso e inesquecível Psychocandy)e começei a mexer nos bolsos, na mochila, noutra mala roja e também rolante e propus-me a isso até vencer pelo cansaço os outros ouvintes em espera do anúncio do seu autocarro (eu ia para Barcelona, à Estación de Francia, apanhar a minha boleia que Klaus organizou pelo http://www.mitfahrgelegenheit.de/ em direcção a Berlim, numa viagem que durou 26 horas, com um excesso do rapaz alemão que mostrou estradas à noite à namorada equatoriana durante 5 horas e depois mais 2 horas para ver o primo em Karlsruhe e quando faltavam 300 km para chegar a Berlim devido ao excesso de clausura passiva, tive o que seria o único ataque de pânico até chegar a Kirchdorf/Jeeser-Greifswald-Pomerânia (desde que saí de Lisboa, onde fiquei fechado em casa e em Campolide durante 6 anos) e para ir ao encontro de Klaus, onde agora o colectivo www.akkak.de é a continuação da defunta Indianner Kommune, onde estive em Abril de 1989 em Nuremberga e ainda RFA e onde encontro pessoas de grau humano alto como Fritz, Olga e Kasi que eram os que eu gostava mais, além de Klaus que era Schnecke e fui este Junho passado, partindo dia 5 num entusiasmo que esmoreceu após 3 semanas de trabalho duro, eu que ao telefone aqui em Lisboa, lhe pedia trabalho intelectual, ao contrário de Wittgenstein que o queria nessas funções a pedido da Universidade de Moscovo e ele tarefas manuais e dadas as circunstâncias de que as pessoas que lá estavam: Ilona (rapariga de 32 anos, obesa e tatuada e de pouco confiança a aceitar como me certifiquei após um gesto de generosidade meu e reconhecido por Klau; Daniel (rapaz de 32 anos, ruivo, magro, piercing na testa, de gestos bruscos e também abusou da minha boa vontade ao fazer crer que a cave teria de ser limpa para ele cimentar, e estive duas horas a limpar e carregar bicicletas e materiais a elas associados, como lixo em geral, enquanto tentava pôr umas râs a salvo e mais tarde quando desapareceu deixando dívidas e roubando livros preciosos, nunca cimentou a cave, que foi tarefa executada pelo Klaus) e Manfred: um bom homem de 60 anos, cuja mãe tinha sido espiã para os ingleses durante uma das Guerras Mundiais e que me tocou como recepção na sua viola, ‘House Of The Rising Sun’ e era o meu único amigo e dizia piadas, para mais tarde dizermos os dois, enquanto lavávamos as mãos no duche ao ar livre ou na mesa da cozinha e Manfred com o seu cachimbo, dizia. ‘Yes Yes, Lissabon the best city in the world’ e contava muitas histórias, ele que foi mecânico ou da Renault ou da Peugeot e até falava mal do pénis de Klaus que mal acordava vinha nu pelas escadas abaixo, cheio de speed e eu já com duas horas de preparação, dizia-me, ‘hey Alex, today all day in the big room, ya?, listen it’s important’ e eu na minha onomatopeia de Kirchdorf, dizia ‘ò não, outra vez o big room, onde dormia num beliche junto ao tecto e descobri um canivete multiusos que vendi ao meu amigo cineasta João Guerra que tem saudades de Campolide e me quis filmar a mim e a um amolador, aqui na rua da melhor cidade do mundo, yes yes! e fumava às escondidas, já que Klaus era alérgico à nicotina e molhava o tabaco de enrolar numa chávena, as pontas e a minha outra parte da mesinha de cabeceira, era um livro em alemão ‘ Portugiesische Literatur ‘ e mais tarde Charlotte Bronte no ‘Jane Eyre’, um mini dicionário e um guia de conversação e uma garrafa de água, enquanto o comboio passava de meia em meia hora e eu pensava na revisora e desesperava sempre que o maquinista apitava e o tempo de reacção ao arranque para voltar ao meu pensamento, que de trabalho intelectual, tinha-o enquanto a Alemanha jogava, no Europeu e contado ao milésimo que Klaus corria ao escritório e dizia ‘come on Alex, we have a lot to do’, ‘yes yes Klaus, how it was the result? An tomorrow Portugal will beat you guys e Ballack pushed Paulo Ferreira and scored illegally now is over e Klaus, ‘now it will come the latin temperament’ e foi um momento atónito para mim que me passava despercebido, até andava com um boné com a bandeira alemã, o jogo visto por dois anarquistas e cada um pela sua equipa, mas entrei no jogo e propaguei por Berlim na Cáritas com uma rapariga demasiado estúpida, o empurrão de Ballack, mas o modelo de funcionamento da comuna era muito dinâmico e é o projecto mais radical de toda a Alemanha. Mais tarde, muito depois de muitos empurrões, já no meu quarto, Klaus, reconhece que errou ao não ter-me dado espaço para criar e participar segundo as minhas características. E voltando a Madrid, quando já tudo estourava da minha dinâmica após 3 horas a mexer e remexer, sabem quem foi a inspiração para comandar a ansiedade? Mr. Bean!
António Ramos Rosa, dizia que se devia forçar a inspiração, no meu caso enquanto poeta físico sim e resultou, mas por escrito já não estou de acordo. E agora os meus planos, são uma terapia num hospital em Madrid ou Greifswald, para voltar e anseio tanto pela minha liberdade enquanto poeta, anarquista, aventureiro incansável, temerário, e esperar em fé…

Uma Reconstrução da Eternidade

Houve que haver por piadas penadas por fora do cesto de vime que lutava contra o tédio de se deixar ser entoado por abalos exógenos de halo de foro lúgubre e por tal, o bafo era tão maioritário como o movimento capitalista e assim por necessidade de recrudescer com o condão da voz activa, esta sim entoando muito fogo fátuo nas noites ásperas onde os arrepios, piam em desalinho com o descontentamento do lamiré que tenta afinar a melhor entrada na entrada livre ao firmamento, entendido como um chapéu pensador com a resistência de um cacto e a mística de Rolando, pois é para sempre, o calor que emano e manuseando e irrigando pelos ouvidos o que há de saúde, em cada dúvida mais saliente e dos pontos salientes da paciência que por desespero de conviver com portugueses, entrego a minha conduta à banana split lady e confiro porque em cada entrega humana a que remeto, quem reage é um nome que activa sua figura amarga e isso vê-se no desenho do corpo, mas mais pela fala, que é por onde há muito Portugal, jaz e devo por ética e vocação, tolerar toda a desintegração inata do português, porque o rumor de musa, ainda existe e eu também existo para além dele e do comissariado alemão, que é chamado aqui, para fazer estalar a timidez em terras turvas, as portuguesas e deixar claro, que peço a demissão da nacionalidade portuguesa e que exijo uma que não existe, de preferência longe destas mil e uma mentiras que correm dentro do retrato alienado do português e por isso calço com sotaque a minha vantagem, porque já recuperei da eternidade….

A incansável solidão do nervo

Entre o tempo esguio e os lençóis onde te mostras de voz activa e acordavas mais que uma vaga sóbria na sua distância no seu vagar e onde o pendor mutante do teu decote, acima devolvido, era um rosto em coração generoso e sendo o teu apelo, um enxerto bem conseguido em mãos destras, nasceu pois este cariz que te chama noite após noite, no remar de pulso aberto e pelas terras de quem sente e nada esconde, tu podes encontrar-me de novo, sem que os saqueadores da minha postura sejam répteis no desejo fascista de um povo que precisa de um líder que pense por ele e por tal, na terapia de massas, há uma alma que se multiplica em saúde sexual e por conseguinte, capaz de chegar a esta peleja que desenho em mim, pelo éter, entre o tempo sim, e com os olhos bem fixos e sugerindo agora toda a natureza, toda a força ao futuro, onde possamos nos abraçar e nunca mais esperar um nome, pois ele mesmo nesta potência orgástica, é a sua elementar verdade, no que seria a extinção da incansável solidão do nervo, eis a minha tarefa, enquanto eterno aprendiz, num culto ao respeito pela vida e a quem a canta com sabedoria.

Em manuseio e na sedução

Por álamos e cerimónias, mais que uma história questionada pela errância do desejo, desencontrado do céu enquanto planície,está uma precisão dotada de carácter que é sempre manuseado, assim que a forma se apresenta ao olhar e este se equilibra diante da luz, para se tornar sua evidência, numa canção que age com a perna traçada do viandante em cruzada pelo tema em missão; o entoar da potência orgástica, que num dorso natural se encarrega de transmitir a melhor descarga das tensões genitais e fora do contexto das minhas terapias individuais, uma necessidade de aproximação a meus pares, para que ao que diz respeito ao planeta e fora dele, sempre que em vida se encontre, a diplomacia ao serviço da inteligência e encontrando nestas acções carregadas de congestões diversas, a apresentar um ter que fazer, entre a faixa onde a rodagem, é concebida pela liberdade livre em ascensão do verdadeiro equilíbrio, fruto do pensamento de postura heterodoxa…
A Bittenschon-Bittenchon girl à minha lógica pessoal de Lisboa
Deduzindo dos píncaros onde convalescia e supondo que a mim voltava, tive comigo um ponto de olhar mais uma vez à minha volta e na Friedrich Strasse em Dusseldorf, no supermercado Aldi, conheci a Bittenschon-Bittenschon girl…
Em Paris, junto à estação de Montparnasse, fumei um cigarro cá fora, onde girava um carrocel e tentava eu, fazer entrar a Paris que agora estava por minha conta e olhava em busca do mito parisiense que se passeou de pernas altas e andar seguro, a meu lado um rapaz buscava calma, eu tragava e pensei em Solveig Donmartin e em Mário de Sá Carneiro, como em Arhur Cravan, o carrocel continuou até eu desaparecer dali e de Paris, enquanto tudo girava em todo o lado…
Em Berlim, resolvi tomar um café e pegar no meu caderno português, oferecido pela Raquel na data do aniversário deste ano, em que fiz 37 anos e procurar um lugar ao ar livre, que foi sob uns degraus largos e tomei controle sobre a cidade, sentindo germinar a minha potência pensante e redentora, enquanto escrevia e fumava…
Depois do forte sentido nada bélico pelo amor, um empenho pela vaga solidez do silêncio, na minha lógica pessoal de aperfeiçoar as palavras que te direi…

Um relato do naufrágio moderno

Na vaga do meu temperamento, há passadas largas em campos e travessas claras em que as questões do meu perpétuo e residente reportório, segundo os ciclos mais enigmáticos que antecedem a minha ansiedade, vislumbro muito do que o silêncio que não tem atrito e que os que me são incapazes por inteligência e sensibilidade, têm a tendência cruel de se julgarem mais que um princípio feliz, sem que jamais tenham abraçado uma serra e seu coração no seu sentido mais profundo, porque viver para além da ficção, a quem espera de seu quotidiano pouco mais que o atrito angustiante de uma vida violenta e que a paz como efeméride é o dinamismo que sensualiza a sinistralidade do prazer e esta faceta tem como calvário, o parquear dos instintos vitais do corpo e por conseguinte, a incorrecta circulação do engenho do ego.

Uma correcta interpretação do meu rasto

Unindo-me orgânicamente ao broar de uma infinita melancolia, tornando-me o odor liberto mais tarde a um amor inocente e que pende mais para uma vida activa de sensações e por onde eu ensino a magia de atravessar as paredes nas noites de sexta-feira, discorrendo meigamente em palavras de passeio nocturno, agora que Agosto nos espera para atentos, sermos mais que uma partícula bloqueada na arrumação da mente e dela à pacífica ressonância do oxigénio que poisa nos nossos poros e ela mesma arruma um nome que nos deixa em estado de sonho, no tempo que corrói, mas que se sucede por exemplo de forma branda se assim o quisermos, por força da vontade, como pode ser o presente bastante activo na sucessão solar, se imbuídos de um fôlego espiritual, que deixa na atmosfera humana, um rasto que é ele mesmo uma deixa ao futuro, eis o propósito a que me arremeti desde 5 de Junho até 11 de Julho de 2008 e em breve, assim o espero, que as interpretações que faço iluminar, tenham uma limpidez segura à sua compreensão e sem que seja mística, é manifestamente humana…

Fátima vomito por ti

Ao partir e ao voltar, neste Portugal da alienação religiosa e política, seguindo o povo sempre distante de novo ao partir e ao voltar, evocando por exemplo coisas abjectas como Salazar e o seu seguidor a quem assustei uma vez, o Fernando Dacosta.
Que pobreza catatónica ou a gaguez universal. E para voltar teria que trazer aqui, muita gente mais expedita dos 4 pilares da filosofia: coragem, autonomia, vigilância e lucidez.
Um pequeno almoço no Tifanny’s nada tem senão a beleza da letra, que não deixa de ser ceptro de um outro povo infame, o americano, sabendo que pelo menos lá, há pessoas com vontade, poucas é claro, vontade da precisão da liberdade humana e animal, enquanto que pela Europa, se pudesse viajar, estaria certamente junto de Klaus e o resto do colectivo e como não posso tenho de cantarolar o que há de comum em mim e o povo português. Talvez a promíscua simpatia de entrudo que tolero por compaixão. Porque o meu vómito vai para Fátima e o Futebol e toda a mentalidade que nem sabe o que é amor livre entre adultos e crianças, portanto na minha trindade estou completamente isolado em terra descontente e ardendo em cada dia no pior dos fascismos, sempre que falo com um português ou portuguesa. Por acaso no Maine, nada sabiam da comunas anarquistas na alemanha inspiradas em Wilhelm Reich, quando falei com a senhora Mary Higgins, creio ser esse o nome. A discussão sobre muitos assuntos aqui em Portugal, resvalariam em hilariedade por um lado (ignorância/cegueira colectiva) imposta pelos dogmas religiosos e fascistas em qualquer parte de Portugal.

O enlevo do dédalo

Onde o gracejar se forma em enlevo, o ser apanhado no remexer dos olhos e daqui para o maravilhoso balanço do globo, é algo que nos encosta à listagem dos blues. Se o céu fosse doce como algodão, malfeitores e saqueadores, tinham um sagrado sacramento para se alinharem na sua ração desenhada pelo vento, que cria um bravo sossego a tudo que leva. As granadas de mão, as metralhadoras, as mouser e bazucas, ali à Rua do Arsenal, onde andam eléctricos amarelos como o girassol alentejano vertical ao sol e fundindo-se aos elementos, quando chegamos a casa e nos aquecemos a exercitar a solidão, mais o duche de água quente de cidade, que se introduz no corpo maciço da civilização. Se ainda pudermos cantar as canções de elegância revolucionária, diante do áspero ruído das entranhas, vemos nítidamente que comer, beber, dormir e ai ai ui ui, é a vida

A minha veterania precoce

Estudei no Externato Paula Vicente, na Praça do Areeiro. Sempre fui o melhor aluno entre colegas, de pais mais abonados que os meus. O que era um complexo, tornou-me respeitado e ainda mais quando se tratava de jogar à bola. Era não só o melhor como jogava a qualquer posição e era o capitão de equipa. Quando jogava a guarda-redes, posição em que mais tarde me destaquei, ficava a treinar sozinho no pátio, mandando a bola para trás e correndo em sua busca, numas luvas de cabedal pretas. A bola era de um gelado. Jogava-se com tudo, com molas de roupa, as meias da Dona Celeste (que nos fazia uma bola com elas), pedras, canetas… Depois nas férias, jogava no Jardim de Roma, onde tinha muitos amigos de bola, em Lordelo jogava com os meus amigos da Coutada, indo jogar no campo da escola primária, no espaço que hoje é o Centro Cultural de Lordelo ou indo a aldeias vizinhas (o que era uma odisseia). Em Escurquela,
jogava sozinho à parede horas a fio e em Lisboa, ia ao Parque Eduardo VII, pedir para jogar à bola, com quem lá aos fins de semana andava. Também havia lá um campo, onde marquei um golo de longe com o pé esquerdo, que hoje é um antro de burgueses.
No liceu não me consegui desinibir e só quando morei na Costa de Caparica, em que fui uma estrela, ali na Quinta de Santo António, como o guarda-redes de serviço da Irmanadora, que fazia defesas impossíveis e me chamavam o Preud’Homme.

Novos Rostos Novo Sangue

Intermitente passeio que chama para sorrir à passagem do tenor onde em brio segura o tom e deste lado do trago, toda a sondagem erógena que por concórdia espera por mim no banco de jardim e o descanso é forte como o aroma das ancas perfumadas com a saia negra e aos cabelos, trocam-se carícias onde corre o pensamento e há estímulos oriundos de lufadas de ar tão fresco que não apetece tabaco, mas sim sentir a calma desta jovem mulher que me assiste com os ângulos dilatados da solidão e distribuindo a sua feminina condição ao amanhecer o que a torna um dado apenas infame na honestidade, isto depois da lomba onde palpita o pulmão que depois se reveza na recta ao ter outras linguagens por decifrar no encontro da melancolia com a destreza da ágil semente alva do seu rosto…

O sonho vence porque sabe perder

Dando muita cor, sobrepondo-a aos cantos onde o brilho de uma caixa recheada de cartas, é como o reencontro de um regime açucarado da noite que apresenta-se com a artilharia em velocidade de cruzeiro, onde o amor em dieta, se procura com a reserva engarrafada dos desejos das vozes da caixa mágica que possuo. E que é o poeta senão uma caixa de recursos? A minha autonomia pensante, ágil e constante, sempre atenta aos ritmos das gentes, como a aproximação de Sigmund Bauman às relações de medo da realidade actual no mundo virtual diante de um pc e tal como o partido português, assim se vê a força do PC, numa realidade de um futuro de uma ilusão, como diria o outro Sigmund, e onde eu na minha perturbação de pânico não podendo conhecer pessoas ao vivo, senão na minha zona de segurança, que é Campolide, aquelas pessoas que podem deslocar-se e ficam horas na conversa nessa abafo doentio, como a Maria Paula Cortes de Menezes, funcionária da Farmácia Central, que me trata como lixo, chegando a trabalhar para essa farmácia durante anos, a ganhar 1€ por dia, quando ia entregar medicamentos a pessoas que não podiam sair de casa e a lares, assim como de assuntos pessoais dessa mulher pestilenta. E como não entendo nem os medrosos nem a mulher fedorenta, tento em paciência perceber outros métiers, como o que advém do tempo em sucessão de pensamento presente. E embora não o possa fazer em público, devido à energia gasta no estado de alerta de prevenção a um ataque de pânico, dou conta das reflexões diárias, embora também às vezes as reprima, pois não quero permanecer em extensões que da sua velocidade podem perturbar o estado de entendimento pragmático, de que não sou o seu melhor apanágio, mas a pouco e pouco, tomo um medida que ruma à prática da comunicação à distância, ajudando, colaborando, trabalhando, numa ligação à vida que se entende como o recurso de uma máquina que me ajuda a estar menos ansioso e poder oferecer a minha generosa vontade aos demais, pois não tendo o recurso material para uma terapia, nem um local sossegado, nem pessoas sãs no meu território físico, vou explorando a força do pc, para ver onde posso estar de braços abertos a todas as primaveras, como a explosão do sorriso de Sílvia (foto mais abaixo) com quem tive uma relação íntima e uma história bonita, onde ainda podia recorrer à minha expansividade física, que agora endossa uma linguagem no verbo que ataca de forma eclética, às descobertas humanas e colocando como ponto, o saber comunicar directamente ao interior de cada um. Pois é tarde, e o caso tem forma de mal entendido, visto a comunidade humana não se une para se entender e as desagregações do instinto gregário muito liquidas, fazem correr lágrimas e muito suór e o sangue dos outros infecta na estadia sexual, que é a proliferação de toda a doença da humanidade em não ter tempo como moeda de troca e no isolamento planear pontos de fuga ao ‘real que se poderia unir ao sonho’, como escreveu Alexandre O’Neill.
Desolado, mas firme nos desperdícios da liquidez, quando mesmo o sémen do onanista é tido como uma perca e a pergunta seguinte seria se o sonho vence porque sabe perder…

O balanço bélico dos olhos

Na pequena paragem de autocarro, disse-lhe, ‘quer-se sentar?’, ela disse que não e agradeceu. A dois bancos de distância, começei a olhar-lhe, pelos reflexos do vidro (qaundo passava algo que ocultasse a rua e a visse nos olhos). Uma côncavidade (nos olhos) que me fazia adivinhar a sua infância. Ela ripostou, eu tentava não estar sério, mas era-me difícil, seguimos viagem olhando-nos nos reflexos.Uma outra moça reparou (talvez) e olhou-me. Eu pensei, bom já não quero pertencer aos de negro, afinal que têm eles nos olhos, depois do balanço bélico português ser tamanho desencanto.
Aos 3 anos fui abandonado numa aldeia.Mas fui feliz na infância, como fui ó se fui.Até aos 18 anos, depois das curvas do Marão, parava no Luso para encher o garrafão, cantava quando via os primeiros prédios, era Lisboa. Agora que a sei, com pessoas, acho-a vergada e sem posse de apêgo à sua magnitude.20 anos de proezas e calculo onde agora estender o mercúrio para andar de braço livre ao halo que não gera nem é dor, é uma cidade de cabrestos e soletas. A janela está aberta, desde sempre e com os olhos pelos reflexos de uma flor que me encheu a tarde triste de ontem.

Now i know how Joan Of Arc felt

O yo-yo oscilava com a intensidade de uma caudal inofensivo, para lá da altura da cintura, onde em menções às costuras do corpo, teria eu que iniciar novas e edificantes estratégias, para que fosse entendido como um semelhante de humano. Como pareço um forasteiro ao primeiro segundo que me percepciona, verifiquei nas frestas, que poderia ser, descobri então e já o tinha escrito, no tempo não há suficiência à actualidade para o desenvolver de génios e continuando com o yo-yo, sei que passando além do esforço de sobreviver, o futuro recente será infame e destituído de fibra moral, também porque no esforço não há tempo de recuperação e lentamente qualquer voltar à nudez da era, é infrutífera. Os postais dos faróis, são um exemplo, como em papel de carta se podem estampar pedestais poéticos e de um outro prisma, constatei a existência de seres humanos com uma secura e outros que abundam de vida, mas em quaisquer dos casos, seria necessário, uma conversa que estimulasse, não o pânico, mas o acarinhar revolucionário dos que semeiam pelas ruas, quando gingam e olham comigo o céu, apenas para o seduzir, até porque as estrelas, talvez na vida e no universo sem ela, acutilantes, podem como a luz, electrizar menos vontade de silêncio, do que o actual…

A wide world for me to tame

Em cada ir como entrega de géneros sem visibilidade e onde a minha marca se demarca do lamento, entrando na noite com uma amplitude que se faz notar cerebralmente aos planos desta caminhada aberta aos cumes que recordo e agora em mente uma cidade plana, outras pessoas (humanas) e o discurso de luta será sempre urgente em querer dar, falar, sentir em cada um que me rodeia. Gostava que fosse assim sempre, me sorrissem, falassem comigo, dançassem, mulheres, homens, crianças e nos actos deste sólido forasteiro, ele contenta-se em embarcar na aprendizagem pelo silêncio, quase uma vida. A intuitiva congénere a este poder querer centra-me na poesia que fala comigo e quanto à herança que me coube, a boca dos meses, vai deixar que eu entre em mais aventuras, talvez porque a minha missão é dar, aprender, e continuar tão frágil como destemido, diante do que me assola nestes dias de imperfeição humana.

O calmo sofisma

Um domar da ânsia gregária era o sofisma que se queria calmo, o dote que Irina tinha junto com Human. O assobio fresco da liberdade ao peso da súplica de cada refrega na mente, o drama vejamos, era para ambos um decote sem receio de um rumor cristalino na sedução de limpeza, pela meditação e partilha de sentimentos, tudo. O calmo odor que vem da peleja musical do violino, tem uma colheita panorâmica, como cálida e nobre ela é no traje que reveste no arquear do movimento até aos nossos sentidos. Se bem que Irina tocasse viola de caixa e não violino, conseguia ser virtuosa na natureza alegre dos acordes entre dedos e a mão, para o lugar onde praticasse e para Human, era uma bênção ser colhido pela música a seu lado, nos dias sem drama e de contagem articulada aos que virão. Deixem pois passar o amor que ambos transportam no peito, adiante e ao caminho que vai dar. Serenos vêm, nada bruscos, apenas alguns momentos (como é natural, para quem respira) esconde o seu património, que está em suas cabeças. Isto envolve-se no encanto da beleza que nos é servida.

O sorriso do teu Outono

Deitado no corpo denso e plano, avisto um aviso subterrâneo que me ensina uma ladainha e depois palavra a palavra, chega a descarga do que outrora nos mantinha tensos e dando andamento à vida, seguimos a via sinuosa, é claro. Porque no discurso das confissões, há um altar de silêncio e no fluxo da lógica, há uma verdade a soletrar. Tendo-te como ogiva, consigo empreender mais horizontes livres que num pedaço de multidão, onde somos o destaque deste segredo, logo após, termos entrado na corrida mais loura do mundo, para saber a sensibilidade deste argumento, que nos alivia dos fardos e conhecendo as delícias dos bons tempos. O som é da frente, isto sempre foi claro, mais turvo e curvo é o resto do teu corpo, por o saber como o azul dos céus, onde há este sentimento romântico de coroar o tempo com a cumplicidade do núcleo deste acervo que é nosso por dever ao sorriso outonal (quando chegaste), com a tua saia bonita e o teu rosto de rara beleza.

O espírito do Verão de 42

Voltar a calcorrear a par do sol e encontrando duas amigas (mãe e filha) que em conjunto comigo, resolvemos um problema de um cão, corria o ano de 2001.
Ia de olhos de chorar ao café, após ver o vídeo do Joe Strummer e ao ver a Marcela, a filha, disse-lhe: Chegaste a ver o Verão de 42? Porque te ris? Mas não tinha visto… Queria olhar mais para ela e perguntar-lhe coisas de adolescentes, eu que aos 12 anos em Escurquela, disse para mim que queria ter sempre aquela idade e recordo o local onde o disse para mim. A Marcela passou para o 9º ano do ensino secundário e quando cheguei a casa, pensei… podia ter-lhe dito que o meu 9º ano foi muito feliz e que afinal sempre consigo espaços de alegria, oriundas do mesmo espírito do verão de 42, cujo filme terá sempre a minha idade, dado ter nascido no ano em que ele foi realizado, em 1971…

1 comentário:

  1. Comecei a ler e fiquei viciada... Ainda não acabei mas adorei o que li! Amanhã acabo.

    ResponderEliminar